
Com a entrada em vigor do novo modelo do IRS Jovem em 2025, muitos jovens passam a ter um alívio mensal no seu orçamento. Esta isenção parcial (ou total, no primeiro ano) do imposto sobre o rendimento representa uma oportunidade única. Isto porque poderás usar o valor “extra” para investir e aumentar as tuas poupanças.
Mas onde é que se pode investir o IRS Jovem? Na verdade, poderás canalizar este montante para qualquer objetivo financeiro que tenhas. Seja por via da poupança ou do investimento, a chave está em não deixar este valor parado. A seguir, explicamos como investir o IRS Jovem de forma simples, com foco numa estratégia diversificada e adaptada à tua realidade.
Como vai funcionar o IRS Jovem em 2026?

Imaginemos para esta análise o caso da Luísa, que tem 26 anos e começou o seu primeiro emprego como trabalhadora dependente em janeiro de 2025, recebendo 1.140 euros por mês (com 14 salários por ano). Como já não é considerada dependente no IRS, pode beneficiar do novo modelo do IRS Jovem.
Este modelo permite-lhe uma isenção total (100%) do IRS no primeiro ano, o que significa que não terá qualquer retenção na fonte. Caso contrário, teria de pagar cerca de 97,51€ por mês em IRS, o que corresponde a 1.365,14€ por ano.
Com o IRS Jovem, o valor fica no bolso da Luísa. A partir de 2026 (segundo ano), a isenção passa a ser de 75%, o que significa que só será tributada sobre 25% do rendimento. A percentagem isenta vai diminuindo gradualmente, mas o benefício prolonga-se por até 10 anos.
Importa reforçar que a contagem dos anos do IRS Jovem começa no primeiro ano em que a Luísa entregar o IRS como titular de rendimentos (e não como dependente) — neste caso, 2025. Por isso, é importante planear desde cedo para aproveitar ao máximo este incentivo.
Será realmente possível uma poupança extra com o IRS Jovem?
Sim, a Luísa pode mesmo ter uma poupança extra com o IRS Jovem, mas só se souber o que fazer com esse dinheiro. Vamos por partes.
Com o novo regime, a Luísa vai ter 1.365,14€ a mais no bolso no final do seu primeiro ano de trabalho, porque não haverá retenção na fonte de IRS. Isto parece excelente, e de facto é um alívio importante no início da vida profissional. Mas se ela simplesmente deixar esse dinheiro parado na conta, o que está a acontecer é o seguinte: a inflação vai estar a comê-lo em silêncio.
Se a inflação for, por exemplo, de 2%, ao fim de um ano, esse valor terá perdido cerca de 27 euros em poder de compra. Ou seja, sem fazer nada, o valor real do dinheiro de Luísa passa para 1.337,70€.
Agora, se decidir investir na bolsa, e se os mercados apresentarem uma média de crescimento, será possível transformar os seus 1.365,14€ em 1.501,66€. Isto já representa uma valorização de 136,52€. Portanto, consegue pagar algumas despesas lá de casa e, se calhar, comprar um bilhete de avião para as suas próximas férias.
Poupança do IRS Jovem: há riscos?
Obviamente há sempre um risco envolvido quando se investe. No entanto, se a Luísa já tiver um fundo de emergência bem estruturado e compreender que este dinheiro deve ser aplicado com uma visão de longo prazo, o IRS Jovem pode tornar-se muito mais do que um simples alívio fiscal, isto é, pode ser o início de uma estratégia de poupança e investimento consistente.
Ao aplicar este valor mensal de forma inteligente, a Luísa não só protege parte do seu rendimento como desenvolve literacia financeira e habitua-se a planear o futuro.
É possível investir num Plano Poupança Reforma?

Sim, é possível. Estando cada vez mais conscientes do futuro, podes investir num Plano Poupança Reforma (PPR), desde que tenhas os teus objetivos bem definidos e saibas o nível de risco que estás disposto a aceitar. Este tipo de investimento é uma forma de pensar no futuro, ganhar disciplina financeira e ainda aproveitar benefícios fiscais.
Ao investir num PPR podes deduzir até 20% do valor aplicado no teu IRS — até um máximo de 400€ por ano, se tiveres até 35 anos e investires até 2.000€. Este valor pode vir a ser devolvido diretamente no teu reembolso de IRS.
Além disso, mesmo os PPR mais conservadores costumam render mais do que deixar o dinheiro parado na conta, e os que têm uma componente mais dinâmica, com ações, podem trazer retornos interessantes a longo prazo.
Atenção, no entanto, às condições de resgate. O PPR só pode ser levantado sem penalizações em certas situações, como reforma por velhice, desemprego de longa duração, incapacidade permanente, doença grave, pagamento de prestações de crédito habitação própria permanente (com regras específicas).
Desde 2024, também pode ser levantado anualmente até 12 vezes o valor do IAS (cerca de 509€/mês em 2025), sem penalização. Fora dessas situações, há penalizações fiscais.
Usar o IRS Jovem para como comprar casa ou fazer um mestrado

Quer seja o valor do IRS Jovem ou o valor do reembolso obtido com a declaração de IRS podem, podes canalizá-los para os teus grandes objetivos de vida, como comprar uma casa, fazer um mestrado ou doutoramento, tirar a carta de condução ou comprar um automóvel.
Por exemplo, se juntares os 97,51€ mensais ao longo dos 12 meses do primeiro ano de isenção, ficas com 1.170,12€ — um valor que pode servir de entrada para um curso, para as despesas iniciais associadas à compra de casa, ou até para reforçar o fundo necessário para pedir um crédito automóvel. O truque está em tratares essa “folga” como um compromisso mensal contigo próprio, colocando-a de lado logo que recebes o salário.
Para que o dinheiro cresça enquanto esperas, podes aplicar esse valor em produtos de baixo risco, como depósitos a prazo ou certificados de aforro. O importante é separares este montante dos teus gastos habituais e da conta principal, criando um “cofre” digital para o teu objetivo.
Assim, estás não só a tirar partido do IRS Jovem, mas a desenvolver uma rotina de poupança estratégica que pode fazer toda a diferença quando chegares ao momento da decisão.
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