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Crise no GES apanha homem mais rico de Portugal e grandes bancos nacionais
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Américo Amorim investiu dinheiro da sua holding pessoal em papel comercial do GES. O homem mais rico de Portugal é assim um dos nomes na lista de investidores e clientes institucionais que investiu em papel comercial do GES. O topo da lista é ocupado pela PT, que tem os sócios brasileiros em ebulição.

Américo Amorim está na lista dos detentores de papel comercial do Grupo Espírito Santo, em sérios riscos de incumprimento devido à situação financeira que o grupo atravessa. O homem mais rico de Portugal investiu em papel comercial através da sua holding pessoal, confirmou o Expresso junto de fonte próxima do empresário. Esta situação faz com que o eventual "buraco" do investimento de Amorim não afete nenhuma das empresas que controla ou onde tem participações relevantes, nomeadamente a Corticeira Amorim, Galp Energia, Banco BIC ou Banco Popular.

E uma eventual insolvência de sociedades ligadas à família Espírito Santo pode contaminar, em graus diferentes, grandes empresas portuguesas, algumas listadas no principal índice da bolsa de Lisboa (PSI 20), escreve por seu lado o jornal Público. Três bancos, a operadora de telecomunicações PT e duas empresas da economia real concederam empréstimos de cerca de 5000 milhões de euros a negócios de risco do Grupo Espírito Santo (GES).

À medida que o tempo passa, vão-se conhecendo os credores diretos e indiretos do GES. Para além do BES (1200 milhões de euros) e da Caixa Geral de Depósitos (CGD), sabe-se que o Banco Comercial Português (este cotado e com um aumento de capital a decorrer) está igualmente exposto ao universo empresarial da família Espírito Santo. Tal como o banco público, o financiamento do BCP é de 300 milhões de euros.

O BCP apoia os setores da saúde, do turismo e da construção. Já a CGD deu crédito, por exemplo, à Herdade da Comporta, mas também às holdings (onde se concentram as insuficiências) Espírito Santo International (ESI), que controla a ESFG, esta com 20% do BES. A CGD recebeu em garantia, por exemplo, ações da ESFG/BES e imobiliário. Há cerca de uma semana, a ESFG pediu a suspensão da negociação na bolsa de Lisboa, à espera do plano de reestruturação do GES, isto pelo facto de a ESI (que é acionista da ESFG e controladora do GES) estar a preparar o pedido de insolvência.

De acordo com os dados reportados ao Banco de Portugal, no quadro das inspeções periódicas às suas carteiras de crédito (exercício transversal de revisão da imparidade da carteira de crédito), os empréstimos diretos do BCP e da CGD às empresas e holdings do GES têm cobertura de 100%. O BPI garantiu que não tem relação comercial com nenhuma das três holdings do grupo com insuficiências: ESI, ESFG e Rioforte.  

No que respeita ao BES, a divida das holdings e das sociedades do GES vendida aos balcões do banco, só no segmento de clientes particulares, aproxima-se dos 1000 milhões de euros. Nos investidores institucionais, este montante chega aos 2000 milhões de euros, isto se se incluir tanto grandes companhias como pequenas e médias empresas. O BdP já veio garantir que o BES tem “almofadas” para enfrentar eventuais situações de incumprimento.

Mais problemáticas são as emissões de dívida da Rioforte que já pediu a proteção de credores. O caso mais polémico, pela sua expressão (897 milhões) e impacto internacional, é o da Portugal Telecom, em fusão com a brasileira Oi. Não só o valor é relevante como a decisão de financiar a Rioforte foi tomada em abril quando já se sabia que o grupo tinha problemas. Além do Grupo Amorim, que comprou também divida da Rioforte, também a Teixeira Duarte o fez. A construtora tem uma forte relação comercial com o BES, nomeadamente, na Venezuela. De acordo com fonte oficial da construtora, “não foi uma decisão estratégica e o montante é irrelevante”.

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