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Câmara do Porto apresenta hoje recurso ao TdC pelo chumbo da reconversão do antigo Matadouro
Maquete do projeto de reconversão do antigo Matadouro do Porto Kengo Kuma and Associates with OODA

A Câmara Municipal do Porto (CMP) entrega esta terça-feira (19 de fevereiro) ao Tribunal de Contas (TdC) o recurso da recusa de visto ao contrato de reabilitação e exploração do antigo Matadouro Industrial. No documento constam pareceres de ilustres professores catedráticos, revela a autarquia.

“O recurso volta a descartar argumentos usados pelos juizes do Tribunal no recente acórdão que, na prática, impede a implementação de um projeto orçado em quase 40 milhões de euros a serem investidos pela empresa Mota Engil, vencedora de um concurso público internacional”, refere a CMP, em comunicado.

A autarquia presidida por Rui Moreira diz que “o modelo proposto ao mercado foi considerado como sendo uma PPP, tendo o TdC aplicado os requisitos deste tipo de parceria aquele contrato”. No recurso que agora apresenta, a CMP “contesta esta visão, invocando que a Lei que estabelece o funcionamento das PPP não pode ser aplicada aos municípios, visão que é partilhada pela Câmara de Lisboa no seu recente recurso sobre identificar chumbo de um projeto de habitação de arrendamento acessível”.

Para sustentar o seu recurso, a CMP “suporta o seu entendimento em pareceres de ilustres juristas, como Rui Moura Ramos (ex-presidente do Tribunal Constitucional), Pedro Costa Gonçalves (professor e especialista em contratação pública vastamente citado no acórdão do Tribunal de Contas) e Vasco Moura Ramos”. Todos “sustentam a legalidade do processo”, conta a autarquia.

“Em traços gerais, a CMP demonstra que o TdC, na sua decisão, não ponderou todos os factos que lhe foram dados a conhecer – as sucessivas tentativas de solução para o matadouro, nomeadamente hastas públicas e os diversos documentos urbanísticos aprovados; que o TdC se quer substituir ao legislador aplicando o regime jurídico das PPP à administração local um regime que apenas está previsto para o Estado; que o TdC quer aplicar a diretiva das concessões, a qual à data do lançamento de concurso publico internacional não estava sequer transposta para o direito interno; e que os juízes do mesmo tribunal põe em causa o modo como o município se organiza para prosseguir a sua missão, cabendo claramente o projeto de reconversão e exploração do Antigo Matadouro no objeto da empresa municipal Go Porto”, lê-se no documento.

A CMP revela que teve apenas 15 dias para apresentar o recurso em causa ao TdC, não havendo qualquer prazo legal para o TdC se pronunciar.

“O projeto é considerado fundamental para o programa sufragado em 2013 e 2017 no Porto e mereceu sempre o apoio político de quase toda a oposição no Porto”, explica o município.

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