Foram atribuidos 915 vistos gold nos primeiros oito meses do ano, segundo dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).
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Vistos gold: investidos 496,7 milhões até agosto – menos 10,1% que há um ano
Lucas Benjamin on Unsplash

O investimento captado através da atribuição de vistos gold ultrapassou os 496,7 milhões de euros nos primeiros oito meses do ano, ou seja, entre janeiro e agosto. Trata-se de um montante 10,1% inferior face ao verificado no mesmo período do ano passado: 553 milhões de euros. Em causa estão dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).

Segundo o Dinheiro Vivo, que se apoia nos referidos dados, foram concedidas até agosto 915 Autorizações de Residência para Investimento (ARI) – também conhecidas como vistos gold –, das quais 849 na sequência da aquisição de imóveis. A compra de casas gerou um investimento de 449,3 milhões de euros neste período, menos 8,1% que no período homólogo (489 milhões de euros).

Por transferência de capitais foram atribuídas 66 vistos gold nos primeiros oito meses deste ano, que correspondem a um investimento de 47,3 milhões de euros, menos 26% (64 milhões) que em igual período de 2019. 

Em termos mensais, importa referir que, em agosto, o investimento captado situou-se nos 57,6 milhões de euros, o que representa uma quebra de 30,1% face aos 82,5 milhões gerados no mesmo mês do ano passado. 

A aquisição de imóveis valeu 97 vistos gold, a que correspondeu um investimento de 50,1 milhões (menos 34% que em agosto de 2019). 

Em agosto foram ainda atribuídos 10 vistos gold por transferência de capitais, que atingiram os 7,5 milhões, um aumento de 16,3% face a agosto de 2019. 

Desde o início deste regime, que arrancou em outubro de 2012, foram concedidos 9.122 vistos gold, que originaram um investimento global de 5,494 mil milhões de euros. Só através da compra de imóveis – têm de custar pelo menos 500.000 euros – foram captados 4,958 mil milhões de investimentos, que se traduziram em 8.584 vistos. 

Já a transferência de capitais foi responsável pela atribuição de 521 vistos, por um investimento de 530,1 milhões. 

Advogada condenada a dez anos de cadeia por burlas

Entretanto, e de acordo com o Público, a advogada Maria Antónia Cameira, que montou um escritório no topo de uma das torres das Amoreiras, em Lisboa, foi condenada a uma pena de dez anos de cadeia. Isto porque burlou pelo menos uma dezena de estrangeiros requerentes de vistos gold, apropriando-se da maior parte do dinheiro que lhe entregavam para a aquisição de imóveis em Portugal.

Segundo a publicação, Maria Antónia Cameira, diagnosticada clinicamente como padecendo de doença bipolar e com uma personalidade narcisista, construiu uma imagem de alto profissionalismo que combinava na perfeição com os hotéis de luxo onde se hospedava quando viajava para fora do país para angariar clientes. Uma situação que inspirava segurança àqueles que, entre 2014 e meados de 2017, altura em que foi detida, lhe entregaram centenas de milhares de euros para lhes pagar as casas que queriam comprar em território nacional – e desta forma obtinham autorização permanente de residência para si e para as respetivas famílias.

A advogada chegou a convencer algumas das suas vítimas de que tinham conseguido os vistos dourados e já eram proprietários do imóvel que haviam escolhido, mas no “final de contas” o visto tinha sido recusado porque a advogada gastara as suas poupanças em vez de as aplicar. 

O resultado foi que muitos cidadãos estrangeiros, sobretudo chineses e sul-africanos, ficassem sem visto gold e sem imóvel. E com as respetivas contas bancárias mais magras, escreve a publicação.

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