A estatal Estamo vendeu os 15 hectares da antiga Seca do Bacalhau, em Gaia, à empresa Dulivira por 28,1 milhões de euros. Isto em 2005. O contrato-promessa de compra e venda previa o direito de cedência da posição da Dulivira a um fundo imobiliário criado pelo Grupo Espírito Santo (GES), o Invesfundo III, que era gerido pela Gesfimo e obteve um financiamento inicial – do BES – de 55 milhões de euros. E para ali foi projetado o megaprojeto imobiliário Douro Atlantic Garden, que nunca saiu do papel e está agora à venda por 38,7 milhões de euros. Um terreno, de resto, que foi palco das últimas duas edições (2018 e 2019) do festival de música Marés Vivas.
A história é contada pelo Jornal de Negócios, que lembra que a primeira fase de execução do projeto imobiliário Douro Atlantic Garden, orçada em 60 milhões de euros, foi anunciada em outubro de 2013. Acontece que o BES foi à falência no ano seguinte, tendo o Novo Banco herdado o empréstimo concedido ao Invesfundo III. O fundo entrou em incumprimento em janeiro de 2017 e tinha por pagar no final do ano passado 51,3 milhões ao seu único financiador.
No final de 2019, o Invesfundo III apresentava capitais próprios negativos de aproximadamente 11 milhões de euros, escreve a publicação, salientando que o fundo acumulou prejuízos de quase 16 milhões de euros, tendo registado um resultado negativo de 5,3 milhões só no ano passado. Apresentou-se à insolvência em julho deste ano, com dívidas de 58,2 milhões de euros, dos quais 57,6 milhões ao Novo Banco.
O maior dos ativos do Invesfundo III que agora estão à venda é precisamente o terreno – ou os terrenos – onde iria nascer o Douro Atlantic Garden: são oito lotes para habitação unifamiliar isolada, 22 para habitação unifamiliar geminada, 16 para habitação multifamiliar (526 fogos e 37 unidades de comércio e serviços), dois de usos mistos (195 unidades de habitação, comércio e serviços) e um para equipamento. Tudo isto está no mercado por 35,85 milhões de euros, sendo que a este valor acrescem 2,86 milhões, relativos a quatro lotes que se encontram num terreno próximo, na Rua da Bélgica.
“A expetativa é que possam surgir interessados na compra destes ativos, que são únicos e numa localização absolutamente soberba”, disse Bruno Costa Pereira, administrador de insolvência do Invesfundo III, citado pela publicação.
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