
Muito mudou nos negócios internacionais desde o início da guerra da Ucrânia, nomeadamente no que toca ao investimento russo. E em Portugal também. O Governo de António Costa, em linha com a Europa da zona euro, decidiu que o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) não iria atribuir mais vistos gold a cidadãos russos, depois de ter suspendido a apreciação de candidaturas. Mas isso não impediu os cidadãos oriundos da Rússia de continuarem a submeter pedidos vistos gold e a fazer investimentos em Portugal. Fontes do setor sentiram, aliás, um aumento da procura por autorizações de residência e por investimentos mais acessíveis no nosso país. O objetivo de muitas destas famílias russas é mesmo passar a viver em Portugal.
Mesmo depois da apreciação de vistos gold submetidos por cidadãos russos ter sido suspensa – uma medida tomada em linha com as sanções económicas e políticas impostas à Rússia pela União Europeia -, o SEF recebeu 10 pedidos de Autorização de Residência para Investimento (ARI) entre maio e agosto.
Há uma justificação para estes números: “Depois do início da guerra, de facto, houve um aumento drástico de procura para os vistos gold em Portugal e principalmente do mercado russo”, começa por explicar Oleg Railean, CEO e co-fundador, Amber Star Imobiliária, sublinhando que muitos investidores fazem-no por “não concordar com a política do Estado”. A verdade é que os investidores “querem não só obter o visto gold pelos investimentos em Portugal, como também querem mudar-se para o país e estabelecer a sua vida em Portugal”, destaca ainda Oleg Railean, citado pela RTP.
O programa vistos gold e o clima político e económico de Portugal são atrativos para quem foge da incerteza na Rússia. Mas estes cidadãos têm-se deparado com um país de porta fechada: todos os pedidos de vistos gold submetidos por russos desde o início do conflito armado foram recusados pelo SEF. “O Serviço de Estrangeiros e Fronteira informa que, em linha com as recomendações da Comissão Europeia, desde o início da guerra não concedeu qualquer autorização de residência para investimento a cidadãos russos”, esclareceram os serviços ao Público em setembro.
Além do SEF estar a travar a atribuição de vistos gold a russos, também os bancos portugueses estão a ter uma política rigorosa em relação a estes cidadãos. “Não concordamos muito com isso, porque não acho que é justo julgar os cidadãos pela nacionalidade. Mas infelizmente é o que acontece e estamos a tentar dar a volta à situação. Porque a procura está a aumentar não de semana em semana, mas de dia para dia”, reforça o CEO e co-fundador da Amber Star Imobiliária, citado pela RTP.
Até porque nem todos os cidadãos russos têm capacidade para investir no programa golden visa, procurando por investimentos mais acessíveis em Portugal, como é o caso de professores.
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