Ser vizinho do primeiro-ministro? Reabilitação dá nova vida ao bairro de São Bento

O idealista/news fez-se às ruas de Lisboa para descobrir alguns dos “tesouros” imobiliários escondidos na capital. O ponto de partida é a rua da residência oficial do primeiro-ministro, em São Bento, onde existem vários edifícios que estão a ser recuperados – a própria residência oficial de António Costa está a ser alvo de obras. Fica a saber como está a (re)nascer esta zona da cidade. 

É um casal francês com dois filhos que nos chama a atenção para a Rua da Imprensa à Estrela. O pai, muito correto, diz aos filhos que as “enormes portadas verdes com o polícia à porta é onde costumam residir os primeiros-ministros de Portugal” e que “só lá vivem até exercerem funções”. O filho mais velho, do alto dos seus 11/12 anos, não deixa de ter piada ao dizer: “Papá, já viste, se morássemos aqui podíamos dizer que o primeiro-ministro é nosso vizinho… isso seria ‘fantastique’!”.

Se estes franceses não moram nesta rua, haverá em breve pessoas quem possa afirmar que são vizinhas do primeiro-ministro. Sim, porque há vários empreendimentos que estão a ser reabilitados nesta zona da capital. 

Edifício número 11 Carla Celestino

Começamos pelo edifício número 11 que está a ser intervencionado pela A2P Consult – Estudos e Projetos. De acordo com a engenheira civil do ramo de estruturas desta empresa, Cristina Martins, “este edifício, à semelhança do edifício ao lado, enfrentou durante vários anos problemas estruturais, nomeadamente ao nível das estruturas e das paredes e, sobretudo, no rés do chão”. A “solução passou pelo reforço das estruturas e da colocação de micro estacas”, diz. 

Jardim próximo na residência oficial do primeiro-ministro Carla Celestino

Paramos no jardim, tal como os franceses, para aproveitar a sombra. E dali avistamos um edifício com a obra quase finalizada. Desta feita na Travessa de São Plácido número 1. 

Edifício na Travessa de São Plácido número 1 Carla Celestino

Novinho em folha e com um engenhoso projeto de arquitetura, este edifício em forma triangular tem uma área bruta de construção de 1262.30 metros quadrados (m2).

Segundo João Pimenta, responsável pela CRG Imobiliária, já foram vendidos alguns apartamentos. Para se ter uma noção dos preços, dois T1 com áreas de 73.10 m2 e 95.90 m2 estão a ser comercializados por 450.000 euros e 645.000 euros, respetivamente. Já os dois T3, com 91.70 m2 e 157.20 m2, estão à venda por 640.000 euros e 985.000 euros, pela mesma ordem.

Continuamos a subir a rua e descobrimos mais edifícios alvo de obras de reabilitação.

Edifício na Travessa de São Plácido no número 17-21 Carla Celestino

O primeiro prédio, na mesma travessa - mas no número 17-21-, é um projeto residencial de autoria da AMB Arquitectos. De acordo com a arquiteta Cláudia Henriques, vai ter cinco pisos acima do solo e um abaixo e será constituído por quatro T1, três T2 e um T0. 

A data de conclusão prevista é 4 de dezembro de 2018, prazo que, segundo a arquiteta, “será cumprido”. Mas, porque o “segredo é a alma do negócio” e o edifício não se encontra em comercialização, ainda não foram divulgados os preços de venda dos apartamentos.

Dois outros edifícios estão a ser recuperados a título privado. No número 29-31, a obra que pertence a Paulo Alexandre Tormenta Pinto corresponde a 373.82 m2 e está a ser levada a cabo pela mão da empresa de construção e reabilitação Detailsmind. Já o número 24 – o promotor é Miguel Olazabal de Almada –, um edifício com 490.96 m2 de área bruta de construção, deverá estar concluído no final de 2018.

A rua da residência oficial do primeiro-ministro “sempre foi pacata, segura e agradável”, dizem os moradores das redondezas, considerando que este cenário “está a começar a mudar”, já que há “cada vez mais estrangeiros"

Chegamos ao Jardim da Estrela e metemos conversa com alguns dos pais, moradores nas redondezas, que estão com os filhos a brincar no parque. Sebastião Bettencourt diz que nunca lhe “passou pela cabeça” que vive a paredes-meias com o primeiro-ministro, mas assegura que vivem na zona “muitas personalidades e figuras ilustres”. “Andamos tão ocupados com o nosso dia a dia que isso é o que menos nos preocupa. Só se houvesse um atentado ou algo alarmante é que pensaríamos nisso”, conta.

Todos no parque são unânimes, a rua da residência oficial do primeiro-ministro “sempre foi pacata, segura e agradável”, sobretudo habitada por gente local, mas algo “está a começar a mudar”, havendo “cada vez mais estrangeiros, sobretudo franceses”.