Mercado do Porto reabre reabilitado com 129 espaços, incluindo 81 bancas interiores, 10 restaurantes e 38 lojas exteriores.
Comentários: 1
Mercado do Bolhão
António Amen, CC BY-SA 3.0, Wikimedia Commons
Lusa
Lusa

A reabertura do Mercado do Bolhão acontecerá no final de junho num total de 129 espaços, incluindo 81 bancas interiores, 10 restaurantes interiores e 38 lojas exteriores, segundo a Câmara do Porto. Os vendedores históricos vão pagar cinco/seis vezes mais de rendas, comparando com o que pagam no Mercado Temporário, mas a maioria está conformada e anseia melhores condições.

Nuno Fernandes, filho da proprietária do restaurante “D. Gina”, conta que atualmente paga cerca de 200 euros pelo espaço de restauração com 38 metros quadrados (m2) no Mercado Temporário do Bolhão. No novo espaço do Mercado do Bolhão irá pagar uma mensalidade a rondar os 1.100 euros, mas vai ter direito a 98 m2 com capacidade para 70 lugares. “As rendas vão ser mais caras, mas que remédio”, exclama Nuno Fernandes, ciente que vai pagar para ter “condições melhores e mais dignas” para trabalhar.

Bolhão reabre em junho com rendas cinco/seis vezes mais caras
Phil, CC BY 2.0, Wikimedia Common

Em maio fará quatro anos que os vendedores históricos estão a trabalhar no Mercado Temporário, localizado no piso -1 do Centro Comercial La Vie, a cerca de 200 metros da entrada Norte do Bolhão. Para uma parte dos históricos do Bolhão, o valor do m2 custa “8,88 euros”, mas para os novos comerciantes a base do m2 vai ser o dobro, ou seja, 16 euros por m2, podendo chegar aos 21 ou até 50 euros, conforme os pisos, respondeu à Lusa fonte da autarquia.

José Pintainho, dono do restaurante “O Pintainho 36”, espaço que existe no Bolhão há 45 anos, também crê num regresso ao mercado no verão. No Bolhão renovado, o “Pintainho 36” vai ter 90 m2 e capacidade para 60 lugares. A renda vai rondar os 1.500 euros/mês.

Vendedores a "contar os dias" para a mudança

A maioria dos vendedores históricos do Mercado do Bolhão contam os dias para deixar o Mercado Temporário “sem luz e sem alma” e, embora admitam que as rendas vão ser mais caras, sabem que esse é o preço a pagar por mais espaço, para dizer adeus às baratas do mercado antes do restauro e olá a “melhores e mais dignas condições de trabalho”.

Os novos empresários que vão chegar ao Mercado do Bolhão renovado vão pagar o que oferecerem, no âmbito de um concurso cuja base da licitação começa em 16 euros, mas pode subir muito mais, conforme a oferta avançada, por carta fechada.

Bolhão reabre em junho com rendas cinco/seis vezes mais caras
GualdimG, CC BY-SA 4.0, Wikimedia

“Os novos vão pagar os preços que se praticam na cidade. É a lei da oferta e da procura”, conclui José Pintainho, referindo que é possível que nas lojas maiores do Bolhão, com mezzanine, se chegue aos “sete mil euros por mês” de renda.

Bolhão reabre no final de junho

“A abertura do Mercado do Bolhão está prevista no final do primeiro semestre de 2022”, disse, em declarações por escrito, à agência Lusa, fonte oficial da Câmara Municipal do Porto. No antigo Bolhão existiam 132 espaços, mas no espaço restaurado e modernizado haverá “um total de 129 espaços, com 81 bancas interiores, 10 restaurantes interiores e 38 lojas exteriores”.

“No novo projeto foi assegurada uma muito maior diversidade de oferta”, explica a autarquia. Questionada sobre o valor das rendas por metro quadrado (m2), a Câmara do Porto respondeu que assegurou, além da continuidade dos comerciantes e inquilinos históricos, “o mesmo valor das taxas de 5,91 euros para as bancas e fixou um valor mínimo de 8,88 euros/m2 para os restaurantes e para as lojas exteriores, caso tivessem um valor de renda inferior (e 3,86 euros/m2 para os pisos superiores)”.

Bolhão reabre em junho com rendas cinco/seis vezes mais caras
Paulo JC Nogueira, CC BY-SA 3.0, Wikimedia

Quanto aos 42 espaços a atribuir por via de concurso, os valores mensais são variáveis, dependendo da arrematação em hasta pública. “Os valores base dos concursos por metro quadrado correspondem a 16 euros nas bancas, 12 euros nos restaurantes e 21,74 euros ou 50 euros nas lojas, consoante o piso”, explicou a Câmara do Porto.

O procedimento para atribuição dos espaços que não dos vendedores históricos é através do lançamento de concursos, e, por isso, não existem listas.

O mercado centenário, aberto em 1914, início da I Guerra Mundial foi alvo de uma obra de restauro consignada a 15 de maio de 2018, data que marca 100 anos após a inauguração do antigo mercado. A obra estava prevista estar terminada dois anos depois (15 de maio de 2020), mas a pandemia da Covid-19, entre outros problemas, atrasaram a reabertura.

Ver comentários (1) / Comentar

1 Comentários:

RENATO FERREIRA
9 Março 2022, 14:17

"cinco/seis vezes mais do que pagavam antes", "as rendas vão ser mais caras, mas que remédio" (sic), as rendas rondam aproximadamente os 10€/m², que é um valor irrisório para a localização (estimo que as rendas deveriam ronda em média os 58€/m². Não há que reclamar, só agradecer.
(nota: poderão os inquilinos fazer trespasses? se puderem, em 5 anos não fica um)

Para poder comentar deves entrar na tua conta