Custo médio por trabalhador aumentou 5,1% no segundo trimestre de 2022. Já o número de horas trabalhadas caiu 1,9%, mostra o INE.
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Custo da construção
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O setor da construção tem-se confrontado com vários constrangimentos. Desde a subida dos preços dos materiais, desde o início da pandemia da Covid-19, aos atrasos do fornecimento das matérias-primas, que se acentuou com o eclodir da guerra da Ucrânia. E há ainda outra questão estrutural: a falta de mão de obra na construção. Dada a falta de trabalhadores, os custos salariais no setor têm vindo a subir, tendo dado o salto homólogo de 7,1% no segundo trimestre de 2022, apontam os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).

Dada a escassez de profissionais na construção, a mão de obra está a ficar mais cara. Os dados divulgados esta sexta-feira, dia 12 de agosto, pelo INE mostram que custos salariais e os outros custos do trabalho aumentaram 7,1% entre abril e junho de 2022 face ao mesmo período do ano passado, mais 0,8 pontos percentuais (p.p) do que no primeiro trimestre do ano. E também o custo médio por trabalhador aumentou 5,1% (4,7% no trimestre anterior). Já o número de horas efetivamente trabalhadas por trabalhador na construção diminuiu 1,9% neste período.

Quanto sobem os custos do trabalho na construção em comparação com outros setores?

Considerando todas as atividades económicas, os custos do trabalho, por hora efetivamente trabalhada, deram o salto no segundo trimestre de 2022. É isso mesmo que mostra o Índice de Custo do Trabalho (ICT) do INE, que subiu 5,7% no segundo trimestre de 2022 em relação ao período homólogo de 2021 (tinha aumentado 1,4% no trimestre anterior), lê-se no boletim. Também os custos salariais subiram 5,6% e os outros custos aumentaram 6,3%.

“O acréscimo do ICT foi explicado pelo efeito conjugado do aumento de 4,0% do custo médio por trabalhador (tinha aumentado 3,5% no trimestre anterior) e pelo decréscimo de 1,5% no número de horas efetivamente trabalhadas (tinha aumentado 2,6% no trimestre anterior)”, explica o gabinete de estatística português na mesma publicação.

Cada um destes indicadores que compõem o custo do trabalho em Portugal evoluíram de formas diferentes em cada uma das atividades económicas no segundo trimestre deste ano. Mostramos como, ponto por ponto:

  • Custos salariais deram um salto em todas as atividades económicas, desde o privado ao setor público. E os “acréscimos mais acentuados” foram registados na indústria (7,4%) e na construção (7,1%). Já “nos serviços e na Administração Pública foram observados acréscimos menores, de 5,1% e 5,0%, respetivamente”, refere o instituto.

  • Custo médio por trabalhador registou um acréscimo maior do que o observado no trimestre anterior em todas atividades económicas. As maiores variações foram registadas na construção e nos serviços (ambas com 5,1%) e a menor na Administração Pública (2,4%). “Os aumentos verificados na Administração Pública têm sido substancialmente inferiores aos das restantes atividades desde o 1.º trimestre de 2021”, conclui o INE.

  • Número de horas efetivamente trabalhadas por trabalhador diminuiu em quase todas as atividades económicas: entre as maiores quedas está a indústria (-2,6%), a Administração pública (-2,5%) e a construção (-1,9%).

Sobre o número de horas trabalhadas, o INE explica que, no segundo trimestre de 2021, “tinha sido registado um aumento expressivo do número de horas efetivamente trabalhadas por trabalhador em todas as atividades, com exceção da construção, sobretudo explicado pela reabertura, total ou parcial, das empresas que estiveram encerradas por determinação legislativa ou devido à redução do período normal de trabalho em função da diminuição na faturação”.

Custo do trabalho em Portugal subiu menos do que na UE

Olhando para o mapa da União Europeia (UE), apesar da subida registad a nível nacional, verifica-se que Portugal está entre os países onde o custo do trabalho por trabalhador – estimado em 0,9% - menos subiu entre o primeiro trimestre de 2022 e o período homólogo.

De acordo com os dados mais recentes do Eurostat (publicados em junho), a variação homóloga do custo do trabalho (ICT) para o conjunto da UE (27 países) foi 4,2% no primeiro trimestre de 2022. Contam-se 17 países que registaram variações superiores à mediada UE, destacando-se a Hungria com um crescimento de 20,1% - o mais alto de todos.

Em sete países, o ICT registou um acréscimo inferior à média da UE, entre os quais está a Eslovénia (0,7%), Portugal (0,9%) e a França (3,7%). De notar ainda que a Grécia e a Dinamarca observaram decréscimos homólogos do custo do trabalho neste período, de 4,7% e 0,6%, respetivamente.

Custo do trabalho na UE
INE
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