Governo argumenta junto de Bruxelas que projetos de investimento não podem ser cumpridos no calendário ou com o orçamento.
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O atual contexto de alta inflação e subida dos custos de materiais, mão de obra e energia, têm feito aumentar os orçamentos e deixado vazios concursos previstos no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Com base nestes argumentos, Portugal vai pedir a Bruxelas mais tempo e mais dinheiro para as grandes obras, sendo que três países europeus já passaram por um processo semelhante: Alemanha, Finlândia e Luxemburgo.

O Governo, tal como conta o Público, já anunciou este mês um reforço de quase 4000 milhões de euros, quando pôs em consulta pública a sua proposta de atualização do PRR. Em causa estão 1600 milhões de euros a fundo perdido para novas medidas ou reforço de orçamento de projectos já previstos, e mais 1585 milhões de empréstimos para reforçar dois programas que não têm orçamento suficiente (Agendas Mobilizadoras e Alojamento Estudantil). Mas estas verbas são insuficientes, mesmo somando os 785 milhões adicionais do programa REPowerEU, que têm de ser dirigidos a medidas na área da energia.

Salientando que as contas ainda não estão fechadas, o secretário de Estado do Planeamento, Eduardo Pinheiro, confirmou ao jornal que serão necessários outros 2.000 milhões de euros.

Governo reúne provas para apresentar em Bruxelas para renegociar calendário do PRR

No entanto, mais do que o dinheiro, Portugal deverá ter dificuldades em renegociar o calendário do PRR inicialmente previsto. Para argumentar junto de Bruxelas, está a ser feito um levantamento "com as várias áreas governativas e com os beneficiários intermediários", que reuna provas da existência de "razões objetivas" que têm impedido o seu cumprimento, aponta.

No caso português, resume Eduardo Pinheiro citado pelo Público, "as alterações são, essencialmente, nos projetos que incluem construção". "Não são todos, até porque são muitos projetos em estados de maturidade diferentes. Mas em termos de custos podemos dar o exemplo da plataforma naval, cujo primeiro concurso ficou deserto e, portanto, é preciso novo concurso, novo preço-base e, em função disso, é claro que há um atraso."

O Governo deverá pedir também a revisão de calendário intermédio para projetos de construção nos domínios do Serviço Nacional de Saúde (SNS), Habitação, Respostas Sociais, Cultura, Infraestruturas, Gestão Hídrica, Mar e Mobilidade Sustentável.

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