Trata-se de uma residência no Algarve avaliada em 10 milhões de euros que o empresário russo tentou vender antes do conflito.
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Imóvel de Abramovich congelado
Multimilionário russo Roman Abramovich GTRES

O nome do multimilionário Roman Abramovich integra a lista de oligarcas russos sancionados pela União Europeia (UE) na sequência da guerra na Ucrânia. E as autoridades portuguesas acabaram mesmo por congelar um imóvel do empresário russo avaliado em 10 milhões de euros. Como? A propriedade foi sinalizada depois de uma empresa detida indiretamente por Abramovich a ter tentado vender 15 dias antes do conflito eclodir.

Descrito como um empresário que tem “estreitos laços com Vladimir Putin”, Abramovich viu, a 15 de março, o seu nome a integrar a lista de oligarcas russos que sofreram medidas restritivas da UE. A partir desse dia, todos os imóveis localizados nos 27 Estados-membros e identificados como sendo do multimilionário russo terão sido congelados. Além disso, o oligarca russo também foi impedido de aceder a fundos de cidadãos e empresas da UE.

E, agora, sabe-se que um destes imóveis situa-se em Portugal, país onde obteve nacionalidade portuguesa há cerca de um ano ao abrigo de um processo para judeus sefarditas que está a ser investigado, o que lhe dá, para já, a liberdade de viajar pelo espaço europeu – ao contrario dos outros oligarcas sem nacionalidade europeia.

Abramovich com imóveis congelados em Portugal
Abramovich e Dasha Zhukova GTRES

Como é que o imóvel de Abramovich foi congelado?

Trata-se, em concreto, de uma moradia avaliada em 10 milhões de euros, que está localizada na Quinta do Lago, no Algarve. Mas como é que foi identificado este imóvel do empresário russo? Através de uma tentativa de transação imobiliária, explica o Público.

Ora, quem tentou vender o imóvel foi a empresa Millhouse Views LLC, a proprietária do ativo sediada nos EUA, que por sua vez é controlada pela Millhouse LLC, uma empresa detida por Roman Abramovich. E quem tentou comprá-lo foi um cidadão britânico, que chegou mesmo a fazer um pedido de crédito habitação no valor de 5 milhões de euros à Caixa Geral de Depósitos. Mas a operação chamou a atenção do banco, que posteriormente verificou que a empresa proprietária da moradia pertencia à rede comercial de Abramovich e, perante estes factos, acabou mesmo por alertar as autoridades portuguesas.

No final, o registo de propriedade ficou mesmo congelado a pedido do ministério dos Negócios Estrangeiros a 25 de março, refere o mesmo jornal.

Imóvel de Abramovich congelado
Quinta do Lago, Algarve Creative commons

Governo diz levar sanções “muito a sério” após congelar moradia de Abramovich

A informação já foi confirmada pelo próprio ministro dos Negócios Estrangeiros no sábado, dia 14 de março, antes de entrar para uma reunião informal dos ministros dos Negócios Estrangeiros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), em Berlim. “As sanções são tomadas muito a sério por Portugal e qualquer indivíduo sancionado que se julgue ter propriedades ou bens em Portugal será sempre investigado e, confirmando-se, os bens serão congelados”, afirmou João Gomes Cravinho.

“Neste caso, temos a convicção forte, que ainda não é a confirmação plena, de que [a moradia] pertence a Roman Abramovich e está congelada, o que significa que não pode ser vendida, hipotecada ou arrendada para qualquer tipo de proveito financeiro”, explicou João Gomes Cravinho, embora realçando “as dificuldades” em descobrir a propriedade de certos imóveis por estarem em nomes de empresas detidas por outras.

Questionado se outros imóveis deste oligarca russo com ligações ao Presidente russo, Vladimir Putin, foram já congelados em Portugal, João Gomes Cravinho adiantou: “Nós não temos conhecimento, neste momento, de outros bens”. O chefe da diplomacia portuguesa indicou ainda que, quando há uma suspeita de tais bens, cabe a “um conjunto de entidades […] agir em conjunto”, como o Banco de Portugal, a Polícia Judiciária, o Instituto dos Registos e do Notariado e os ministérios dos Negócios Estrangeiros e das Finanças.

“Quando temos suspeita, investigamos, e a partir do momento em que temos conhecimento, agiremos de acordo com os nossos compromissos em relação aos parceiros da UE e da NATO”, concluiu João Gomes Cravinho.

*Com Lusa

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