Imobiliário comercial dá cartas em Portugal – hotéis e retalho brilham

O mercado imobiliário vive um momento incerto, marcado por um contexto de inflação e subida de juros que tem gerado preocupações entre os investidores. Mas, ainda assim, o imobiliário comercial em Portugal continua a atrair investimento: foram fechados 40 negócios só nos primeiros seis meses do ano, por cerca de 740 milhões de euros, mais 4% face ao período homólogo. Os hotéis e os ativos de retalho brilharam neste período, atraindo a maior fatia de investimento.

“Apesar do cenário macroeconómico, no qual sentimos maior precaução do lado dos investidores devido ao grau de incerteza, sentimos também que a confiança nos fundamentais do mercado português se manteve sólida”, explica Nuno Nunes, Head of Capital Markets na CBRE Portugal, citado em comunicado. Em resultado, o imobiliário comercial em Portugal captou 740 milhões de euros em investimento, dos quais mais de metade foram aplicados entre abril e junho (495 milhões de euros).

Estes dados são especialmente relevantes num momento em que muitos países europeus sentiram quedas no volume de investimento comercial entre 40% e 60%. E não há boas perspetivas para que o cenário do investimento melhor nestes países até ao final de 2023.

Mas quais foram os segmentos do imobiliário comercial que atraíram mais investimento para o país? No primeiro semestre de 2023, foram mesmo os hotéis e os ativos de retalho que brilharam, representando 40% e 31% do total do investimento, respetivamente. Assim foi porque ocorreram dois negócios de dimensão considerável nestes setores:

• Hotéis: a transação dos hotéis Dom Pedro por 250 milhões;
• Retalho: a transação do portefólio Amália (50 supermercados) por 150 milhões de euros.

O ranking do investimento imobiliário comercial segue com o setor de escritórios, que representou 15% do total, e os ativos alternativos com 9%. No fundo da lista estão os segmentos industrial (3%), saúde (1%) e residencial (1%), indicam no mesmo documento. 

Sobre o futuro, a CBRE diz que “é muito provável que o volume total de investimento em imobiliário comercial em 2023 seja inferior ao do ano anterior, sendo expetável que o investimento total do ano venha a fechar abaixo dos 2.000 milhões de euros”. Ainda assim adianta, que os hotéis e o retalho vão continuar a ser os “grandes protagonistas do mercado de investimento”, até porque há na calha novos negócios de “dimensão significativa” e em fase avançada de conclusão.