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O mercado residencial em Portugal mudou muito nos últimos 10 anos, tendo somado recordes em 2018. Comprar casa no país é atualmente para muitos tarefa impossível, e os números revelados esta quinta-feira (11 de abril de 2019) pelo Eurostat, relativos ao preço das casas nos países da União Europeia (UE), são esclarecedores: no quarto trimestre do ano passado aumentaram 4,2% na UE e na Zona Euro e… 9,3% em Portugal, isto em termos homólogos.  

Quer isto dizer que o aumento dos preços verificado a nível nacional nos últimos três meses de 2018 é muito superior ao registado na média dos outros países europeus. E mais: também na variação em cadeia, face ao trimestre anterior, o preço das casas progrediu acima da média em Portugal (2% contra 0,7% na Zona Euro e 0,6% na UE).

De referir que as maiores subidas homólogas aconteceram na Eslovénia (18,2%), na Letónia (11,8%) e na República Checa (9,9%), por esta ordem. Portugal surge logo a seguir no ranking, a par da Holanda e do Luxemburgo (9,3%).

Em termos trimestrais, os maiores aumentos verificaram-se também na Eslovénia (6,5%) e na Letónia (4,3%). A completar o pódio está Malta (3,8%).

Classe média está a ser sufocada, segundo a OCDE

Entretanto, e de acordo com um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económicos (OCDE) – denominado “Sob pressão: a classe média em declínio” –, a despesa das famílias portuguesas com a casa foi das que mais aumentou entre 1995 e 2015. Durante esse período, 20 anos, os gastos passaram de 18% do orçamento familiar para 21,2%. Uma evolução explicada com o aumento dos preços das casas, que subiram mais que o rendimento das famílias e que a inflação. 

O documento conclui que a classe média tem perdido influência e rendimento, em contraste com o grupo dos mais ricos. Portugal não é exceção e, no grupo dos 36 membros da OCDE, é um dos países em que se registou maior risco de uma descida para a classe baixa, no período entre 2007 e 2015, escreve o Expresso.

Os números permitem concluir que a classe média já não é, de forma tão clara, a força motriz da economia. Em meados dos anos 1980, os rendimentos globais deste setor eram quatro vezes superiores aos da classe baixa e agora apenas triplicam. “Entretanto, os grupos com rendimentos mais altos continuam a concentrar riqueza”, refere Gabriela Ramos, diretora da OCDE, no prefácio do relatório, em que sublinha que os 10% mais ricos acumulam quase metade do rendimento e os 40% mais pobres representam apenas 3%, sendo que o fosse está a aumentar.

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