Duarte Aires, CEO da Vector Mais, fala ao idealista/news sobre o futuro dos escritórios e o negócio da empresa em tempos de pandemia.
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“Escritórios vão deixar de ser espaços estáticos para se tornarem locais mais dinâmicos”
Sede da Auchan, em Paço de Arcos Vector Mais

“A pandemia e o teletrabalho vieram acelerar tendências que já estavam em desenvolvimento”, diz ao idealista/news Duarte Aires, CEO da Vector Mais, empresa portuguesa – fundada em 2000 – que desenvolve projetos de conceção e construção de espaços interiores, apresentando soluções globais para escritórios, hotéis, retalho e espaços de saúde. O responsável considera que, na sequência da crise pandémica, irá assistir-se “a algumas mudanças” na “forma de trabalhar”, com os escritórios a deixarem “de ser espaços estáticos para se tornarem em locais mais dinâmicos que promovem a inovação e o trabalho de equipa”.

Segundo Duarte Aires, a nova forma de viver e trabalhar “vai permitir que as empresas contratem mais pessoas sem terem a necessidade imediata de aumentar a área do escritório, porque as equipas só se vão juntar nos momentos verdadeiramente essenciais”. “O escritório passará a ser um 'clube', um local onde os colaboradores têm orgulho de pertencer e onde desenvolvem as ideias mais brilhantes”, comenta, esperando que 2021 “seja um ano de crescimento de faturação e vendas” no caso da Vector Mais. “Projetámos um objetivo de 35 milhões de euros de faturação e até à data já temos em ‘pipeline’ para produção de cerca de 25 milhões de euros. Como tal, o maior desafio será controlar a influência da pandemia nas nossas operações e recursos humanos”, aponta.
 

“Escritórios vão deixar de ser espaços estáticos para se tornarem locais mais dinâmicos”
Duarte Aires, CEO da Vector Mais Vector Mais

Fale-nos um pouco sobre a atividade da Vector Mais. São já mais de 20 anos a desenvolver projetos de conceção e construção de espaços interiores, apresentando soluções globais para escritórios, hotéis, retalho e espaços de saúde, conforme se lê no site da empresa. Como tem evoluído o negócio da empresa?

A Vector Mais é uma das referências no ‘fit-out’ de interiores em Portugal devido ao árduo trabalho de duas décadas e pela postura de seriedade e profissionalismo que tentamos sempre imprimir em todos os projetos. Os últimos tempos têm sido marcados por uma consolidação da empresa no mercado e pela confiança que continuamos a merecer das grandes empresas nacionais e internacionais. Além do ‘fit-out’ de escritórios, atividade pela qual somos conhecidos desde há muito, outra das áreas que tem marcado o nosso percurso mais recente é a forte aposta na hotelaria. Neste campo já contamos com projetos significativos, como por exemplo a remodelação do Ritz Four Seasons e do InterContinental, em Lisboa, e do Marriott Praia d'El Rey, em Óbidos.

O que distingue a Vector Mais da concorrência? 

Decididamente a qualidade dos nossos recursos humanos e o seu forte empenho em fazer sempre melhor. O foco no cliente é total e isso traduz-se num compromisso inabalável em todas as fases de uma obra, desde a primeira demolição até à entrega do projeto. Seja como empreiteiro geral ou em projetos chave-na-mão, a Vector Mais tem sempre como objetivo a satisfação do cliente e esse esforço é o que nos distingue da concorrência e é um dos fatores reconhecidos pelo mercado. Outra das nossas mais-valias é sermos uma empresa 100% portuguesa, que valoriza os parceiros nacionais e o desenvolvimento da indústria portuguesa.

Entre os vários clientes que recorreram aos serviços da Vector Mais estão, por exemplo, o Novo Banco, a CBRE, o Porto Office Park e a Microsoft. O feedback recebido tem sido positivo, presumo. Que “exigências” costumam fazer estes clientes/empresas? Há alguma história curiosa que possa partilhar?

As exigências estão sempre relacionadas com a expetativa que o cliente tem para o seu projeto ou investimento. Materializar uma ideia ou conceito é o nosso desafio diário e é algo que as nossas equipas estão sempre preparadas para fazer com qualidade. 

Uma história curiosa foi a da construção dos interiores do edifício FPM41, onde estão instaladas as sedes da KPMG e da PLMJ. Houve a dúvida, na altura, se havia algum construtor com a capacidade para fazer estas duas obras simultaneamente com 20.000 metros quadrados (m2) de intervenção. A complexidade logística, os muitos detalhes arquitetónicos e a vasta área de construção eram as principais questões na cabeça dos clientes, mas a Vector Mais conseguiu contratualizar os dois projetos, concluí-los em menos de um ano e entregar dois escritórios de qualidade ímpar em Portugal.

“Escritórios vão deixar de ser espaços estáticos para se tornarem locais mais dinâmicos”
Sede da Nestlé, em Linda-a-Velha Vector Mais

Que impacto teve ou está a ter a pandemia no negócio da Vector Mais?

Apesar de muitas empresas do setor terem encerrado no primeiro confinamento em 2020, a Vector Mais continuou sempre a trabalhar para respeitar os prazos de entrega dos projetos em que estava envolvida. O impacto foi mais sentido nos cuidados que tivemos de redobrar nas obras para evitar contágios e na forma de planear todos os projetos. Devido ao empenho e resiliência da equipa e fornecedores, estamos a conseguir a gerir a empresa com bons resultados operacionais e financeiros neste momento difícil.

"Esperamos que 2021 seja um ano de crescimento de faturação e vendas. Projetámos um objetivo de 35 milhões de euros de faturação e até à data já temos em pipeline para produção de cerca de 25 milhões de euros"

Qual foi o volume de negócios em 2020 face a 2019 e quantos projetos desenvolveu a empresa em 2020? Mais ou menos que em 2019?

O volume de negócios em 2019 e 2020 foram idênticos e o número de obras executadas também, em média executámos cerca de 60 obras anuais, que vão dos 100.000 euros aos 9.000.000 de euros.

Como está a ser o arranque do ano? Que expetativas tem a empresa para 2021, que continua a ser marcado pela pandemia?

Esperamos que 2021 seja um ano de crescimento de faturação e vendas. Projetámos um objetivo de 35 milhões de euros de faturação e até à data já temos em pipeline para produção de cerca de 25 milhões de euros. Como tal, o maior desafio será controlar a influência da pandemia nas nossas operações e recursos humanos.

“Escritórios vão deixar de ser espaços estáticos para se tornarem locais mais dinâmicos”
Escritório da SAP, no Lagoas Park, Oeiras Vector Mais

No caso concreto do segmento de escritórios, acredita que a pandemia vai alterar o modo de funcionamento das empresas, com o facto do teletrabalho estar a ganhar “peso”?

A pandemia e o teletrabalho vieram acelerar tendências que já estavam em desenvolvimento. Como tal, muitas empresas estão a repensar qual a função do escritório num mundo onde o trabalho pode ser desenvolvido de forma remota, mas também como manter a cultura empresarial nesta realidade. Vamos certamente assistir a algumas mudanças ao nível da forma de trabalhar, com maior liberdade, mas também numa valorização do escritório em termos qualitativos, passando de um espaço para executar tarefas e exercer o “presentismo”, para se transformar num fórum para a partilha de ideias e para a criatividade. Isso é notório em alguns projetos atualmente, onde as zonas colaborativas representam cerca de 40% da área de ocupação total do espaço.

"O escritório passará a ser um 'clube', um local onde os colaboradores têm orgulho de pertencer e onde desenvolvem as ideias mais brilhantes"

Significará, então, que as empresas necessitarão de espaços/escritórios mais pequenos? Sente que esse “fenómeno” já está a acontecer?

Como referido anteriormente, acreditamos que os escritórios vão deixar de ser espaços estáticos, para se tornarem em locais mais dinâmicos que promovem a inovação e o trabalho de equipa. Desse modo, acreditamos que os espaços não vão diminuir, mas sim serem diferentes, sem lugares dedicados a cada colaborador e com mais áreas de colaboração. Esta nova configuração vai permitir que as empresas contratem mais pessoas sem terem a necessidade imediata de aumentar a área do escritório, porque as equipas só se vão juntar nos momentos verdadeiramente essenciais. O escritório passará a ser um 'clube', um local onde os colaboradores têm orgulho de pertencer e onde desenvolvem as ideias mais brilhantes.

No caso dos outros segmentos onde a Vector Mais opera, como por exemplo a hotelaria e o retalho, que “danos colaterais” está a deixar a pandemia no negócio da empresa?

No início da pandemia vimos alguns projetos na área da hotelaria serem adiados. Apesar disso, parece agora haver uma normalização, já que alguns hotéis estão a aproveitar este momento sem clientes para renovaram as suas unidades e estarem prontos para quando o turismo voltar num futuro próximo. Um bom exemplo disso são as renovações que estamos a fazer no Ritz Four Seasons e no InterContinental Porto Palácio das Cardosas. 

Na vertente do retalho tem havido grandes dificuldades devido às restrições impostas ao comércio físico, o que retraiu muitos grupos de manterem os seus investimentos nesta área. No entanto, a Vector Mais foi rápida a adaptar-se e aproveitou a renovação das agências do Novo Banco a nível nacional para se manter em atividade neste setor.

“Escritórios vão deixar de ser espaços estáticos para se tornarem locais mais dinâmicos”
Escritório da Spaces Marquês de Pombal, em Lisboa Vector Mais

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