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Terramotos intensificam-se pelo mundo e Portugal está no mapa de risco
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Todos os dias, quase sem exceção, regista-se um terramoto de maior ou menor intensidade no mundo, como por exemplo o que esta manhã fez mortos no Irão. Quase sempre em pontos do globo mais longínquos, o ano de 2016 foi especialmente "massacrante" para a Europa, em particular, Itália - em grande escala - e Espanha, com menor gravidade. E, Portugal, segundo os especialistas ouvidos pelo Idealista/news também está em vias de voltar a sofrer um "sismo de grande intensidade", depois do catastrófico terramoto com tsunami que destruiu Lisboa em 1755.

Este cenário voltou a ser confirmado esta semana, por uma "alta-voz" na matéria. O vice-presidente do Instituto de Engenharia de Estruturas, Território e Construção do Instituto Superior Técnico foi dizer aos deputados da Assembleia Municipal de Lisboa, numa reunião que juntou as Comissões de Urbanismo e Segurança e Proteção Civil, que "se houver uma repetição do sismo de 1755, um terço de Lisboa fica em escombros", especialmente porque a reabilitação urbana na cidade está a ser "um 'peeling' aos edifícios".

Citado pela Lusa, Mário Lopes afirmou ser "fundamental que o Estado dê o exemplo" no que toca à prevenção das consequências de sismos, frisando que "este problema não se resolve a nível técnico, mas sim a nível político", uma vez que "os sismos não se podem evitar", mas as suas consequências sim.

E o engenheiro não tem dúvidas: em Portugal "estamos em cima de um barril de pólvora com o rastilho a arder e não sabemos quando vai rebentar".

Catástrofes internacionais lançam alarme nacional

Em agosto passado, depois da tragédia vivida em Itália - com a morte de centenas de pessoas e de casas e património devastados - a capital portuguesa também tremeu, com um sismo de 4,1, com epicentro na zona de Peniche. E, nessa altura, voltou a grande questão sobre se está Portugal preparado para resistir a um terramoto de grande intensidade

Afirmando que as zonas de mais alto risco são o Algarve, a Costa Alentejana e Lisboa e Vale do Tejo. João Appleton, engenheiro civil e um dos maiores especialistas portugueses em prevenção sísmica do património arquitetónico diz que o país "não está preparado para reagir a uma catástrofe natural desta intensidade". O cientistas defende que, entre outras coisas,  urgente criar um regulamento para a reabilitação urbana para evitar desastres maiores".

A chave também está na reabilitação urbana

Esta mesma visão é partilhada por Helena Roseta. Avisando que a prevenção do risco sísmico é “uma matéria muito urgente”, porque um tremor de terra “pode acontecer não daqui a 100 anos, mas a qualquer dia e a qualquer um de nós”, a presidente da Assembleia Municipal de Lisboa (AML) e deputada do PS diz que tem de se “pensar a longo prazo” e que o importante é “aproveitar o momento da reabilitação urbana para introduzir a exigência do reforço da resistência sísmica”. A solução pode passar pela criação de fichas de inspeção técnica de edifícios, adianta.

Já Aníbal Guimarães da Costa, presidente da Sociedade Portuguesa de Engenharia Sísmica (SPES) não tem dúvidas: “Muitas vezes gasta-se muito mais dinheiro numa banheira de hidromassagem do que a fazer um reforço na estrutura do edifício quando este está a ser alvo de obras de reabilitação". Para corrigir situações como estas, para o especialista é urgente regulamentar a obrigatoriedade de haver uma certificação sísmica dos edifícios, estando a ser preparado um documento nesse sentido. 

Prevenção, prevenção, prevenção

Perante tudo isto, a prevenção do risco sísmico da capital portuguesa entrou já no topo das prioridades da Câmara Municipal de Lisboa (CML). Em entrevista ao idealista/news, o vereador com o pelouro da Proteção Civil revela como é que a autarquia está a preparar a cidade e a população para reagir se voltar a repetir-se um desastre natural como o terramoto e tsunami que devastaram Lisboa em 1755, tal como antecipam os especialistas que vai acontecer. Carlos Manuel Castro deixa um aviso ao setor imobiliário: "Quando se compra um imóvel é preciso ter a noção se é ou não resiliente, porque nada nem ninguém é imune a uma catrástrofe".

Por outro lado, a CML, que é o maior proprietário da capital, está preocupada com os riscos de um potencial sismo. Em parceria com o IST está a desenvolver um projeto que visa fazer o levantamento das condições de todo o edificado de Lisboa, através do cálculo quantitativo da resiliência sísmica de edifícios, frações e quarteirões. A ideia é "tornar obrigatória a realização de vistorias por parte dos proprietários a todos os imóveis e o devido registo no sistema da CML", conta a diretora municipal de habitação, Marta Sotto-Mayor, em entrevista ao idealista news.

Uma coisa é certa, prevenção é a palavra de ordem. Nada como teres cama à prova de sismos.

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