Os presidentes de câmara de Barcelona e Londres estão decididos a lutar contra a especulação imobiliária que está a “expulsar” os moradores dos centros das grandes cidades. Numa carta conjunta, os autarcas lamentam a falta de apoio dos governos centrais e defendem que as “propriedades das cidades devem, primeiro, ser casas para as pessoas“, e não apenas ativos destinados ao investimento. Um problema que, de resto, já começa a afetar Portugal.
“As cidades não são apenas uma coleção de edifícios, ruas e praças. Também são a soma das suas ‘gentes’”, escrevem a catalã Ada Colau, autarca de Barcelona, e o inglês Sadiq Khan, autarca de Londres, num artigo de opinião publicado no jornal britânico The Guardian.
A carta conjunta foi publicada no dia em que os autarcas estiveram reunidos na capital britânica, para uma reunião de trabalho, cujo objetivo foi o de discutir os fatores que estão a pôr em causa o direito à habitação. Entre eles estão a especulação, o significativo aumento dos preços de compra e arrendamento, ou ainda a crescente falta de casas, cenário fortemente agudizado pelo turismo de massas.
Cidades arriscam-se a ficar vazias
Ada Colau e Sadiq Khan alertam para o facto das grandes cidades “correrem o risco de serem esvaziadas”, uma vez que as “comunidades são deslocadas, as lojas locais fecham e o custo da habitação aumenta exorbitantemente”. Os autarcas reivindicam, por isso, mais poderes, para que possam implementar políticas capazes de defender os direitos dos cidadãos, e mostram-se determinados em mudar a forma como o mercado da habitação funciona nas suas cidades.
“Estamos a construir mais casas de renda social e outras com rendas genuinamente acessíveis, a fazer tudo o que podemos para reforçar os direitos dos inquilinos e reprimir as más práticas dos senhorios e investidores”, escrevem.
Deixam críticas aos governos centrais, “que parecem felizes por deixaram as cidades ao abandono e entregues ao seu destino”, pedindo mais ação para resolver o problema. “Seremos bem-sucedidos se pudermos garantir que todas as pessoas nas nossas cidades têm acesso a uma casa decente, segura e acessível”, rematam.
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