Análise do mercado residencial nacional mostra como cada distrito e cidade reagiram à pandemia da Covid-19.
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Alejandro Soto

Quando um proprietário decide colocar um imóvel no mercado deve saber quanto tempo se demora a vender uma casa  até encontrar um interessado em comprar - esta mesma informação é também relevante para os agentes imobiliários e demais profissionais do setor. Sempre e agora, em plena crise pandémica, ainda mais. Em Portugal, o período de venda de casas ronda, atualmente, os cinco meses, tendo aumentado face ao terceiro trimestre de 2019 - quando se vivia em crescimento económico e sem o novo coronavírus. Há apenas um ano, em termos médios, contabilizava-se em pouco mais de quatro meses o tempo de um imóvel à venda no mercado nacional, segundo uma análise do idealista.

Nos extremos da tabela - entre onde é mais demorado e rápido conseguir vender uma casa - estão hoje em dia as cidades alentejanas de Portalegre e Beja, com períodos próximos de nove meses, e a beirã Guarda, com três meses, de acordo com os cálculos do principal marketplace imobiliário, a partir de dados referentes até ao final de outubro.  

Quanto tempo se demora a vender uma casa em Portugal - mapa dos dados por distritos
Photo by Alev Takil on Unsplash

Os proprietários nos distritos de Beja, Viana do Castelo e Vila Real tiveram, em média, de esperar à volta de oito meses para conseguir vender uma casa e, em contraste, o distrito de Setúbal destaca-se como o único onde se conseguiu reduzir o tempo de transacionar um imóvel para menos de quatro meses, seguido de perto por Lisboa, a capital do país, e São Miguel, nos Açores.

Do total dos 20 distritos do país (18 no Continente e 2 nas Ilhas) cinco conseguiram reduzir o período de venda de casas, face ao terceiro trimestre do ano passado. No caso de São Miguel (Açores) passou de 5,8 para 4,1 meses, enquanto a Guarda (região das Beiras) passou de 8,3 para 6,1 meses e Évora (Alentejo), ganhou 24 dias neste processo. Portalegre e Setúbal - ambas no Alentejo, mas a primeira no interior e a segunda na costa litoral -, também apresentam ligeiras descidas.

Distritos 3T2020 (meses)3T2019 (meses)Variação (dias)
Portugal           5,1           4,322
Aveiro           5,0           4,94
Beja           8,1           7,419
Braga           4,9           4,82
Bragança           7,0           6,94
Castelo Branco           7,0           6,225
Coimbra           6,0           5,513
Évora           5,1           5,9-24
Faro           6,4           4,750
Guarda           6,1           8,3-67
Leiria           6,5           5,337
Lisboa           4,1           3,810
Portalegre           7,7           7,9-5
Porto           4,4           3,720
Santarém           6,2           5,814
Setúbal           3,6           3,8-3
Viana do Castelo           8,3           6,261
Vila Real           8,2           5,581
Viseu           6,3           5,329
Madeira (Ilha)           6,7           5,148
São Miguel (ilha)           4,1           5,8-52

Por outro lado, outros proprietários de distritos viram prolongar por mais tempo o período que o imóvel permaneceu no mercado, como Vila Real (Trás-os-Montes), onde este compasso de espera aumentou quase mais de três meses, para atualmente estarem mais de oito meses as casas à venda.

Os distritos mais fortes do mercado imobiliário, como Lisboa (4,1 meses), Porto (4,4 meses), Faro (6,4 meses), ou a ilha da Madeira (6,7 meses) viram o tempo de venda de casas aumentar entre 10 e 50 dias em apenas um ano.

No que diz respeito às capitais de distrito, a cidade de Vila Real destaca-se no aumento do tempo de venda de um ano para o outro, em quase cinco meses, sendo que, atualmente, se demora em média quase oito meses a vender uma casa.

Por sua vez, Bragança viu o período de tempo para venda de uma casa aumentar 118 dias, seguido de Faro com uma subida de 69 dias. Em contraste, a Guarda apresenta um valor que salta à vista de redução de tempo de venda de cerca de oito para três meses, no terceiro trimestre de 2020.

“É muito interessante perceber como o mercado imobiliário de cada distrito e cidade reagiram à pandemia. Por exemplo, as cidades e distritos do interior demonstram bastante mais variações do que o litoral, em termos de tempo de venda", analisa Inês Campaniço, responsável do idealista/data em Portugal.

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