Imobiliária diz que oferta limitada continuará a ser o maior desafio do mercado em 2021, em particular nas soluções para a classe média.
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Faturação da Century 21 Portugal sobe 4,5% para 49 milhões apesar da pandemia
Ricardo Sousa, CEO da Century 21 Portugal idealista/news

Num ano marcado pela pandemia, a rede imobiliária Century 21 Portugal conseguiu aumentar a faturação 4,5% para 49 milhões de euros. O volume de negócios mediado diretamente pela rede e em partilha com outros operadores registou um ligeiro aumento de 1,6 %, para 1.977.845.908, um indicador que “também reflete o contexto geral do mercado”, segundo a imobiliária.

Nos doze meses de 2020, foram realizadas 12.565 transações de venda de imóveis na rede nacional Century 21 Portugal, o que traduz uma quebra de 4,5% em relação às 13.160 efetuadas em 2019. O trimestre que mais contribuiu para a diminuição de operações de venda foi o segundo, que coincide também com os meses mais impactados pela crise pandémica no ano passado.

Já o número de operações de arrendamento registou uma subida de 5%, seguindo a tendência crescente do ano anterior. Em 2020, foram realizadas 2.685 operações de arrendamento, mais 127 do que as 2.558 efectuadas em 2019. “O último semestre de 2020 revelou os níveis mais elevados de transações de arrendamento dos dois últimos anos”, refere a C21 no comunicado enviado às redações.

Apartamentos T2 e T3 na mira e valor médio das transações sobe

De acordo com a C21, as habitações mais procuradas pelos portugueses em 2020 continuaram a ser os apartamentos T2 e T3, mantendo-se, assim, o comportamento dos consumidores em termos zonas preferidas, tipologias e dimensões dos imóveis transacionados. “Registou-se uma subida de 6,9 % no valor médio dos imóveis transacionados na rede, em comparação com o ano anterior, e o valor médio fixou-se nos 170.5 mil euros, a nível nacional”, lê-se no comunicado.

"Esta subida do valor médio dos imóveis transacionados é uma consequência direta da falta de oferta no segmento médio e médio baixo, uma situação que coloca ainda maior pressão na taxa de esforço dos portugueses para aquisição de casa”, explica Ricardo Sousa, CEO da empresa. O responsável salienta, também, uma maior dinâmica do mercado imobiliário nas cidades e zonas suburbanas da Área Metropolitana de Lisboa e da Área Metropolitana do Porto, onde registaram “níveis superiores de procura e do número de transações efetuadas, com as famílias e jovens a serem obrigados a procurarem novas zonas, mais ajustadas ao seu poder de compra”.

“Esta dinâmica provocou nessas cidades um aumento do valor médio dos imóveis transacionados, como podemos verificar, por exemplo, em Setúbal, onde se verificou um crescimento de 22% do valor médio dos imóveis transacionados. Por outro lado, nas cidades e regiões mais alavancadas pelo turismo e pelas transações internacionais verificou-se uma ligeira descida do valor médio dos imóveis transacionados, como é o caso de Faro”, exemplifica.

Preços do arrendamento a cair

Na rede C21, o valor médio de arrendamento, a nível nacional, fixou-se nos 817 euros, o que revela uma descida de 3,5% face à média nacional de 847 euros verificada em 2019. No entanto, registaram-se quebras mais acentuadas dos valores médios de arrendamento em outras zonas do país, como Lisboa (-15,3%) e Porto (-38,5%).

Para Ricardo Sousa, “esta descida é uma consequência do perfil de procura, com menor capacidade económica, bem como de famílias e jovens que procuram uma solução flexível e temporária de habitação, que optam pelo arrendamento como a alternativa possível”.

“O ano anterior foi também marcado pela transferência de muitos imóveis alocados ao Alojamento Local para o arrendamento de longa duração, o que influenciou o aumento da oferta e um maior ajuste do valor médio de renda nos imóveis transacionados em mercados como Lisboa e Porto, com a Cidade Invicta a registar quebras de quase 40% no valor médio de arrendamento, e onde os proprietários tiveram que se adaptar para arrendarem rapidamente os seus imóveis", explica ainda. O responsável salienta ainda que a “taxa de esforço para arrendar habitação nas principais cidades portugueses contínua elevadíssima e pouco competitiva, comparativamente com a opção de compra de casa”.

“Esta transferência de imóveis do AL para o mercado de arrendamento não é a solução para as famílias portuguesas, porque na sua maioria são tipologias e localizações que não estão ajustadas à procura. Neste sentido, é expectável uma maior aposta por parte de promotores e investidores em soluções built to rent pensadas de raiz para a procura atual, as suas necessidade e poder de compra".

Soluções para a classe média: o maior desafio de 2021

Para a C21, e em termos macroeconómicos, 2021 será um ano "claramente marcado" pela incerteza relativamente à evolução da pandemia e ao seu efeito real na economia, em Portugal e a nível global. Relativamente ao setor imobiliário nacional, diz, o mercado residencial é um dos segmentos em que os "indicadores são moderadamente positivos" para este ano. "A procura permanece forte – tanto a nacional como a internacional - porque a maioria das transações imobiliárias é uma consequência de alterações da estrutura familiar. Também a relação das pessoas com a casa mudou, a situação pandémica que vivemos criou novas necessidades de soluções habitacionais, fator que sustenta os elevados indicadores de procura", considera a C21. 

A oferta limitada continuará a ser o maior desafio do mercado imobiliário, em particular nas soluções para a classe média, defende a empresa. "Porém, promotores e investidores estão cada vez mais atentos e a apostar neste segmento. Com o abrandamento da construção no setor turístico e de serviços, é expectável que se verifique um aumento significativo da capacidade produtiva de novas habitações. Para mitigar os impactos da crise pandémica no sector imobiliário é também determinante que os vários stakeholders envolvidos estejam conscientes de que é necessário um processo progressivo para o fim das moratórias, para garantir uma recuperação sustentada da economia do País, das famílias e das PME", conclui ainda. 

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