Os preços das casas, ainda que menos do que em anos anteriores, continuaram a aumentar em 2020, em termos médios, no país - e a tendência de subida deverá manter-se este ano. E o que explica este fenómeno num contexto de crise económica gerada pela Covid-19? A pandemia e os confinamentos trouxeram novas necessidades em termos habitacionais, gerando um aumento da procura por casas com mais espaço, interior e exterior. E o espaço é exatamente o fator que mais impacto está a ter na evolução dos custos dos imóveis residenciais, tal como mostra a análise do idealista.
As penthouses têm sido as "rainhas" deste período em que se identificaram novas prioridades habitacionais, tornando-se 9,3% mais caras num ano. O preço por metro/quadrado (m2) das coberturas passou de 3.121 euros em dezembro de 2019 para 3.411 euros no final de 2020, evidenciando o interesse pelo tipo de comodidades que costumam oferecer estes apartamentos: boa divisão de espaços - permitindo melhor conciliação familiar com teletrabalho; terraços e vistas desafogadas.
Mas não só. Ao analisar os dados fornecidos pelo idealista/data (com base nos anúncios de imóveis residenciais à venda publicados no portal em 2020), pode constatar-se que o preço dos apartamentos em geral com terraço, moradias e quintas também aumentou – mais uma vez, trata-se de tipologias que se distinguem por terem mais espaços ao ar livre e jardins, que funcionam como balões de oxigénio, e que se têm revelado fundamentais durante o confinamento - ontem novamente prolongado em Portugal.
Os apartamentos com terraço tornaram-se 7,3% mais caros num ano, passando de 2.549 euros para 2.734 euros por m2. Nas moradias, o mesmo cenário, registando-se uma variação anual de 7%, com o preço do m2 a passar de 1.457 euros por m2 em dezembro de 2019 para 1.559 euros por m2 em dezembro de 2020. As quintas também ficaram 6,2% mais caras, com o preço do m2 a subir de 1.339 para 1.422 euros por m2. Um comportamento que se mostra alinhado com as novas tendências de mercado, tal como pudemos constatar neste artigo do idealista/news sobre as casas mais procuradas em tempos de pandemia.
“Desde o início da pandemia, percebemos que os preços no mercado residencial de venda não baixaram, pelo contrário, de um modo geral, subiram ligeiramente. A procura por imóveis com mais espaço, seja inteiro ou interior, aumentou consideravelmente, e os preços seguiram essa tendência crescente, especialmente quando analisamos imóveis com características específicas, como terraços e jardim. Analisar a procura é essencial para perceber as variações na oferta", aponta Inês Campaniço, responsável do idealista/data em Portugal.
Tipologias | Dez-19 (preço/m2) | Dez-20 (preço/m2) | Variação 1 ano (%) |
Apartamentos penthouse | 3.121 | 3.411 | 9,3% |
Apartamentos com terraço | 2.549 | 2.734 | 7,3% |
Moradias | 1.457 | 1.559 | 7,0% |
Quintas | 1.339 | 1.422 | 6,2% |
Apartamentos com jardim mas sem piscina | 2.125 | 2.245 | 5,6% |
Apartamentos sem quartos (T0) | 3.680 | 3.860 | 4,9% |
Apartamentos com 3 quartos (T3) | 2.169 | 2.261 | 4,3% |
Apartamentos com elevador | 2.603 | 2.703 | 3,9% |
Apartamentos sem elevador | 2.112 | 2.186 | 3,5% |
Apartamentos com 1 quarto (T1) | 3.135 | 3.232 | 3,1% |
Apartamentos com jardim e piscina | 2.897 | 2.977 | 2,7% |
Apartamentos duplex | 2.646 | 2.714 | 2,6% |
Apartamentos com 2 quartos (T2) | 2.404 | 2.459 | 2,3% |
Apartamentos com 4 ou mais quartos (T4+) | 2.904 | 2.893 | -0,4% |
Os preços subiram na generalidade das tipologias, e há um dado curioso, que importa destacar. O valor por m2 subiu, num ano, cerca de 4,9% nos apartamentos sem quartos (T0), de 3.680 para 3.860 euros por m2. Em muitos dos casos este tipo de casas corresponde a lofts e openspaces, uma tipologia cada vez mais procurada por millennials, nacionais e estrangeiros, bem como por altos quadros de profissionais que vêm trabalhar para Portugal, sem família, por exemplo, e que estão à procura de um espaço deste tipo para ficar durante períodos mais curtos de tempo e que podem explicar esta tendência. Não são necessariamente espaços pequenos, mas produtos “trendy”e bem localizados.
Os apartamentos com 4 ou mais quartos foram os únicos a registar uma quebra de preço. O valor por m2 caiu 0,4%, de 2.904 para 2.893 euros, algo que poderá estar relacionado com o próprio perfil de compradores deste tipo de casas, que dará preferência, neste caso, às moradias – tendo em conta que poderá beneficiar de áreas relativamente iguais, com vários quartos, mas com o benefício de ter um jardim ou espaço ao ar livre.
Os dados fornecidos pelo idealista/data revelam ainda uma outra diferença, particularmente interessante, no que às subidas de preços diz respeito. Os apartamentos com jardim mas sem piscina viram o preço por m2 subir mais que os apartamentos com jardim e piscina: no primeiro caso, os valores subiram 5,6%, (de 2.125 para 2.245 euros por m2) e, no segundo, 2,7% (de 2.897 para 2.977 euros por m2). Uma tendência que estará relacionada com o facto de uma casa com piscina significar mais custos de manutenção, no futuro, que uma casa só com jardim e espaço ao ar livre.
1 Comentários:
Era muito interessante fazer esta análise por concelho!
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