Espaços ao ar livre, áreas de lazer e espaços de trabalho bem definidos são hoje mais procurados.
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Como estão a ser desenhadas as casas do futuro? Multifuncionalidade é palavra de ordem
Praia do Sal, Alcochete Athena Advisers

As casas passaram a ter novas funções em tempos de pandemia da Covid-19. Para muitos, passaram a ser simultaneamente espaços de trabalho, de lazer, para praticar exercício físico e muito mais. A importância de ter espaços mais amplos foi salientada, assim como a existência de espaços ao ar livre. Mas como é que os promotores estão a desenhar as casas do futuro, onde a multifuncionalidade é a palavra de ordem?

Estas novas necessidades estão mesmo a fazer com que os promotores imobiliários repensem os seus projetos residenciais, dando primazia aos espaços exteriores e a áreas privadas no interior com as mais diversas funções, avança a consultora imobiliária internacional Athena Advisers em comunicado.

Os critérios de procura de uma nova casa estão mesmo a mudar e os dados mais recentes do idealista provam isso mesmo. A procura por propriedades à venda em Portugal com jardim e piscina aumentou 41,1% entre dezembro de 2019 e dezembro de 2020. No ‘top’ das pesquisas durante o mesmo período seguem-se os imóveis com jardim (que registou um aumento na procura de 25,5%), quintas (22,6%), moradias (8,3%), tipologias T4+ (4,9%) e ainda as casas com terraço (4,3%).

David Moura-George, diretor da Athena Advisers em Portugal, explica que “embora o espaço ao ar livre tenha sido sempre um fator muito valorizado numa propriedade, tornou-se particularmente cobiçado em 2020, pois é visto como um lugar seguro para estar com amigos e familiares fora de casa”. E é por esse motivo que, segundo David Moura-George, “os jardins estão a tornar-se uma das característica mais comuns no planeamento dos projetos, mesmo no centro das cidades, e os grandes terraços são uma alternativa bem-vinda nos apartamentos localizados nos pisos superiores”.

Como estão a ser desenhadas as casas do futuro? Multifuncionalidade é palavra de ordem
Layout de um projeto Athena Advisers
Espaços para relaxar começaram a ser valorizados

Com os sucessivos confinamentos, o conforto dentro de casa e os espaços dedicados ao lazer passaram a ter outra importância. Segundo Roman Carel, sócio fundador da Athena Advisers, “nesta nova realidade, um local dentro de casa para relaxar e descontrair passou a ser inegociável”.  

Roman Carel não tem dúvidas que “as necessidades de quem procura uma propriedade são hoje muito diferentes”, evidenciando que os “escritórios e espaços espirituais são altamente procurados no design das novas casas”. Nesta nova realidade são várias as questões colocadas por quem procura um novo lar: “Onde posso refugiar-me dos elementos externos? Que tipo de casa pode ser um refúgio neste mundo que estamos a vivenciar? Que tipo de layout pode proporcionar proteção à minha família? Que tipo de ativo pode ser um recurso financeiro em situações de crise económica?”, aponta o sócio fundador da consultora.

Para responder a estes desafios e criar valor no desenvolvimento dos projetos, Athena Advisers está a trabalhar lado a lado com os promotores imobiliários. Nos Alpes Franceses, por exemplo, um promotor do segmento ‘prime’ está a desenvolver espaços de bem-estar individual, como spas, sauna e jacuzzi para cada uma das propriedades.

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HUUM / Unsplash

Separação entre trabalho e lazer deve ser clara

O teletrabalho passou a ser uma nova realidade para muitos em tempos de pandemia. Só em Portugal mais de um milhão de pessoas passou a trabalhar remotamente a partir de casa em 2020, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística. E, agora, são várias as empresas a considerar um modelo de trabalho híbrido para o futuro – a Google e a OutSytems são dois exemplos.

Com o teletrabalho a fazer parte do futuro, já são vários os arquitetos a integrar escritórios domésticos nos seus projetos residenciais, criando espaços tranquilos e próprios para trabalhar, aponta a Athena Advisers.

E há também ‘designers’ de interiores aplicados em ajudar a remodelar e reconfigurar os espaços, de modo a criar “recantos de trabalho” confortáveis, para as casas que não consegue integrar espaços adicionais. O objetivo é existir uma demarcação clara entre o local de trabalho e o de lazer, permitindo, assim, desligar quando chega a hora de sair do trabalho.

Na opinião de Roman Carel, “o trabalho foi digitalmente democratizado e aceite e, em resultado disso, o propósito do escritório também se alterou para se assumir como um templo da cultura empresarial e um retiro corporativo. O conceito ‘work from home and surf from the office’ irá estar em alta ao longo das próximas décadas em Portugal.”

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Mikey Harris /Unsplash

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