Arrendar casa é, para muitas famílias, a única opção. Mas Portugal debate-se atualmente com dois problemas: o da oferta, que não dá resposta a tanta procura; e os preços, que continuam a subir muito acima dos rendimentos disponíveis. E isto num contexto de alta inflação, que está a ter efeitos direitos nos preços, e também nos arrendamentos. O Governo diz que é preciso uma solução de fundo, capaz de alicerçar o projeto de habitação público no país. No entanto, não pondera estipular valores, dizendo que tem “receio que tabelar rendas retire casas do mercado”, segundo declarações da secretária de Estado da Habitação, Marina Gonçalves. A vizinha Espanha decidiu esta semana prolongar o limite máximo de subida de 2% nas rendas.
Em entrevista ao Expresso, a governante assume que o problema do preço das casas (quer para comprar, quer para arrendar) ter crescido mais do que o rendimento das famílias “não é de hoje”, e admite que o que “falhou” no passado foi a não criação de uma estratégia para tratar a habitação como um direito fundamental.
Para Marina Gonçalves é preciso executar, “com décadas de atraso”, uma “política transversal de resposta assente na construção de um parque habitacional público e, no caso da classe média e dos mais jovens, no arrendamento acessível”. O objetivo, garante ao jornal, passa por locar rendas com um valor 45% abaixo da média do mercado de arrendamento e mediante uma taxa de esforço nunca superior a 35%.
“O que entendemos é que as famílias anseiam por estabilidade e um preço justo pela casa. Como é que eu alcanço este objetivo? Através do arrendamento”, frisa a responsável. Ainda assim, explica que não passa pela estratégia do Governo estipular preços: “o que temos em Portugal é um conjunto de incentivos para que o mercado privado se ajuste ao que consideramos um preço acessível. Esta é, para nós, a política com melhores resultados. Temos receio de que tabelar rendas retire casas do mercado”, conclui.
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