Casas vendidas em Portugal ficaram 7,6% mais caras no início de 2023. Mas preços das casas estão a desacelerar, aponta INE.
Comentários: 0
Preço das casas em Portugal
Foto de Alena Darmel no Pexels

Nada parece travar a subida dos preços das casas em Portugal. Apesar da venda de casas ter arrefecido no arranque de 2023, a procura continua a ser bem superior à oferta de habitação existente, pressionando a subida dos preços. É essa realidade que mostram os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgados esta quinta-feira: o preço das casas em Portugal subiu 7,6% num ano, fixando-se em 1.565 euros por metro quadrado (euros/m2) nos primeiros três meses de 2023 (embora tenha voltado a desacelerar). No município de Lisboa, as casas ficaram ainda mais caras (+9,2%), registando pela primeira vez desde 2020, um crescimento de preços superior ao do país.

“No primeiro trimestre de 2023, o preço mediano de alojamentos familiares transacionados em Portugal foi 1.565 euros/m2. Este valor representa um acréscimo de 4,3% face ao quarto trimestre de 2022 e de 7,6% relativamente ao primeiro trimestre de 2022. Registe-se que esta última taxa foi inferior à observada no quarto trimestre de 2022 que se situou em +10,7%”, aponta o INE na nota publicada esta quinta-feira, dia 13 de julho. Isto quer dizer que, embora os preços das casas no país tenham subido no arranque de 2023, a sua evolução voltou a desacelerar face aos trimestres anteriores.

Continuam a ser os compradores estrangeiros a adquirir casas mais caras em Portugal, do que quem reside no país, embora os preços medianos tenham subido em ambos os casos entre o final de 2022 e o início de 2023, revelam os dados:

  • Compradores com domicílio fiscal no estrangeiro: preço mediano das casas vendidas foi de 2.411 euros/m2 no primeiro trimestre de 2023 (valor superior ao registado no trimestre anterior, de 2.239 euros/m2);
  • Compradores com domicílio fiscal em território nacional: este valor foi de 1.524 euros/m2 no início de 2023 (no quarto trimestre de 2022 tinha sido 1.467 euros/m2).

Contas feitas, verifica-se que no início de 2023 os estrangeiros compraram casas 58,2% mais caras do que quem vive em Portugal. 

Em que sub-regiões é que os preços das casas mais subiram no início de 2023?

Apesar do atual contexto atual marcado pela inflação e subida dos juros no crédito habitação, as casas ficaram mais caras em 20 das 25 sub-regiões do país. E os maiores aumentos foram observados na Lezíria do Tejo (+17,5%), Algarve (+16,6%), Leiria (+15,9%), Cávado (+15,6%) e na Área Metropolitana de Lisboa (+15,2%).

O que também é bem visível é que no Algarve, na Grande Lisboa e no Grande Porto, as casas foram adquiridas pelos valores mais elevados do país. E salta à vista que nestas sub-regiões, tanto os preços das casas vendidas, como sua evolução homóloga foram bem superiores aos do país, tendo sido, sobretudo, impulsionados pela compra de habitações por parte de estrangeiros (mais caras):

  • Algarve: preço fixou-se em 2.609 euros/m2 no início de 2023, mais 16,6% do que no período homólogo;
  • Área Metropolitana de Lisboa: casas foram vendidas pelo preço mediano de 2.288 euros/m2 no primeiro trimestre, mais 15,2% do que um ano antes.
  • Área Metropolitana do Porto: preço das habitações foi de 1.728 euros/m2, mais 11,1% do que no período homólogo.

A Região Autónoma da Madeira é o quarto território onde é mais caro comprar casa. Também aqui, o preço das casas vendidas foi superior ao nacional (1.697 euros/m2), embora a taxa de variação homóloga (+7,0%) tenha sido inferior, destaca ainda o instituto.

Também se verificou, contudo, uma decida do preço das casas em várias sub-regiões do país entre o primeiro trimestre de 2023 e o período homólogo, nomeadamente na Beira Baixa (-13,5%), Baixo Alentejo (-13,3%), Viseu Dão Lafões (-6,5%), Terras de Trás-os-Montes (-2,8%) e Alto Tâmega (-2,6%).

“Tal como em anteriores trimestres, o Alto Alentejo apresentou o menor preço mediano de venda de alojamentos familiares (526 euros/m2)”, indicou ainda o INE.

Preços das casas desaceleram em 14 dos 24 municípios com mais de 100 mil habitantes

No primeiro trimestre de 2023, todos os 24 municípios com mais de 100 mil habitantes registaram uma subida dos preços das casas vendidas, com Loures (26,5%), Leiria (19,2%) e Maia (17,9%) a apresentarem os aumentos mais expressivos.

Ainda assim, “em 14 dos 24 municípios com mais de 100 mil habitantes ocorreu uma desaceleração dos preços da habitação, destacando-se com decréscimos superiores a 10 pontos percentuais (p.p.), em Coimbra (-16,5 p.p.), Santa Maria da Feira (-14,0 p.p.), Vila Franca de Xira (-11,0 p.p.) e Funchal (-10,2 p.p.)”, destaca o INE. Também no município do Porto, observou-se uma desaceleração da subida dos preços das casas (-6,5 p.p.)

Lisboa destacou-se no início do ano, apresentando uma subida homóloga dos preços das casas (+9,2%) superior à nacional (+7,6%). Isto porque “Lisboa apresentou, pela primeira vez desde o primeiro trimestre de 2020 (início da corrente série), uma taxa de variação homóloga superior à do país”, destaca o INE.

Já entre os aumentos dos preços das casas vendidas menos expressivos entre os municípios com mais de 100 mil habitantes está Coimbra (+2,6%), Porto (+6,3%), Gondomar (+7,1%) e Matosinhos (+7,3%). Estes também são os únicos concelhos que apresentaram evoluções inferiores à média do país.

As casas mais caras foram vendidas em Lisboa (4.103 euros/m2), em Cascais (3.760 euros/m2), em Oeiras (3.156 euros/m2) e no Porto (2.652 euros/m2) no primeiro trimestre de 2023. Já as habitações mais baratas foram transacionadas em Barcelos, Guimarães, Santa Maria da Feira e em Vila Nova de Famalicão.

Acompanha toda a informação imobiliária e os relatórios de dados mais atuais nas nossas newsletters diária e semanal. Também podes acompanhar o mercado imobiliário de luxo com a nossa newsletter mensal de luxo.

Ver comentários (0) / Comentar

Para poder comentar deves entrar na tua conta