Portugal continua a ser um país atrativo para viver, bem como investir, apesar do contexto económico e político incerto. Mas a falta de casas à venda é um problema estrutural que não tem fim à vista, já que a construção de casas novas não está a acompanhar a procura. É precisamente aqui que reside a crise da habitação em Portugal: mesmo com as vendas das casas a caírem 25% em 2023, os preços aumentaram mais de 10%, refletindo a escassez de imóveis, revela estudo da imobiliária do multimilionário Warren Buffet.
Embora haja boas perspetivas para o desempenho do mercado imobiliário português em 2024, a verdade é que se registou uma queda na venda de casas em Portugal na ordem dos 25%, revela o Real Estate Report 2024 elaborado pela Berkshire Hathaway HomeServices, a imobiliária de Buffet. Esta descida de transações de habitações reflete uma redução da procura de casas no país que não foi suficiente para descer o custo da habitação, mesmo num segmento de mercado mais caro.
Em 2023, “os preços aumentaram mais de 10% em comparação com 2022, impulsionando o preço médio por metro quadrado para 4.800 euros, com picos de até 10.000 euros em algumas áreas”, destaca César Santos, proprietário e CEO da Berkshire Hathaway HomeServices Atlantic Portugal, citado em comunicado. Isto acontece, sobretudo, porque Portugal sofre de uma oferta de casas à venda estruturalmente escassa.
O mercado imobiliário de Lisboa é destacado no relatório sendo “atrativo, mas caracterizado por um enorme desafio: a escassez significativa de imóveis”. Só na capital estão em falta cerca de 300 mil imóveis e o ritmo de construção não está a acompanhar a procura, o que resulta na “subida significativa dos preços”. Todo este cenário, associado à atual instabilidade política e económica vivida no país, “contribuiu para uma diminuição significativa das vendas de imóveis em 2023”, conclui o documento.
Estrangeiros ajudam a olhar para 2024 com otimismo
Apesar das incertezas a nível global, Michael Vincent, CEO e presidente da Berkshire Hathaway HomeServices Portugal Property, olha para o mercado português com confiança: “Portugal continua a ser um destino de referência. Estamos bem posicionados para enfrentar os desafios e capitalizar as oportunidades em 2024. Os estrangeiros querem viver a sua reforma em Portugal”, afirma.
Portanto, o crescente interesse dos estrangeiros, incluindo nómadas digitais, é um dos motivos que faz os especialistas olhar para o mercado imobiliário português com otimismo – apesar do fim dos vistos gold e do regime de residentes não habituais há alguns meses. Segundo o relatório, hoje, há mais de 700 mil estrangeiros a viver em Portugal e que valorizam fatores como o clima, baixa criminalidade e a beleza da costa portuguesa. E preferem, sobretudo, comprar moradias junto a Lisboa e Cascais.
O que salta à vista é que os norte-americanos são os compradores estrangeiros que mais se destacam. “Em 2023, 40% dos compradores estrangeiros vieram dos EUA, particularmente de Nova Iorque e da Califórnia, seguindo-se os compradores de França e do Reino Unido. Muitos desses compradores pretendem arrendar as suas casas e, por isso, procuram propriedades em ótimo estado”, referem no documento.
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