De ator da Globo a agente imobiliário: “As carreiras caminham lado a lado”

Construiu uma carreira de sucesso na televisão brasileira, tornando-se famoso pelos papéis marcantes como ator na rede Globo. Mudou-se para Portugal há seis anos, com a família, à procura de maior segurança e tranquilidade. E foi em terras lusas que decidiu abraçar uma nova profissão, a de consultor imobiliário, no segmento de luxo. Marcello Antony explicou em entrevista ao idealista/news o que é mais o apaixona no país que, segundo o próprio, transformou-se na nova Miami da Europa.

O ator brasileiro participou em várias novelas no Brasil como “Paraíso Tropical”, “Senhora do Destino”, “Mulheres Apaixonadas”, e, recentemente, na série juvenil portuguesa “Morangos com Açúcar”. O artista garante que não trocou de carreira, dizendo antes que ambas “caminham lado a lado”, até porque considera que “continua ator e será ator até morrer”.  

A experiência que adquiriu durante anos como ator ajuda-o, de certa forma, nesta "nova vida". Enquanto artista, e na construção das personagens, “tem de entender o ser humano como um todo”, uma ferramenta vital e necessária no mercado imobiliário, nomeadamente para estabelecer uma conexão e relação com os compradores.

A trabalhar como consultor na The Agency, Marcello Antony está focado no imobiliário de luxo. Revela que este segmento está a crescer “assustadoramente” em Portugal, até por causa da migração de várias nacionalidades, detalhando que a procura “está absurda”, sendo o país uma espécie de Miami da Europa, dada a valorização dos imóveis. A nacionalidade brasileira lidera o ranking de quem mais investe, logo seguida pela norte-americanos, que continuam a ganhar expressão nos negócios em Portugal.

Marcello Antony

Vive em Portugal há quantos anos? O que é que mais gosta no país? Por que é que decidiu mudar-se para cá?

Já vivo em Portugal há seis anos. O que mais gosto no país é a tranquilidade de se viver aqui e obviamente que o meu objetivo, quando decidi mudar-me para cá foi a segurança, principalmente, por causa dos meus filhos.

O que mais gosto no país é a tranquilidade de se viver aqui

Trocou os ecrãs e uma carreira de sucesso na televisão brasileira pelo mercado imobiliário de luxo nacional. O que o levou a tomar esta decisão?

Na verdade, eu não troquei nenhuma carreira pelo mercado imobiliário. Eu continuo ator e serei ator até morrer, não houve, na verdade, nenhuma troca. As duas carreiras caminham lado a lado.

É uma mudança surpreendente. Quais são os grandes desafios do dia a dia, enquanto consultor imobiliário? Já tinha tido algum tipo de experiência nesta área?

As experiências que tive no mercado imobiliário foram, antes de mais, na primeira pessoa. Estou há seis anos em Portugal e estou no meu terceiro imóvel e até descobrir esses imóveis eu tive uma procura intensa pela melhor localização. Eu mesmo, para mudar-me para Portugal, pesquisei muitos imóveis desde o Brasil.

Mas os desafios existem: até se podem angariar muitas casas para venda, mas ao mesmo tempo têm de se encontrar compradores para esses imóveis. E isso é uma constante luta entre os consultores.

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O que é preciso ser/ter para se ser um bom agente imobiliário? A experiência que adquiriu durante anos como ator ajuda-o, de certa forma, nesta "nova vida"?

Sim, a minha experiência como ator ajuda, de certa forma, porque para a construção das minhas personagens eu tenho de entender o ser humano num todo. E o consultor imobiliário tem de entender o comprador. Cada comprador tem a sua personalidade, postura, e é necessário ter discernimento para agir e atuar de acordo com esse cliente. Isso envolve paciência, bom-senso, saber medir as coisas de uma maneira correta. Saber equilibrar as coisas para que o cliente se sinta satisfeito para tomar uma decisão.

Cada comprador tem a sua personalidade, postura, e é necessário ter discernimento para agir e atuar de acordo com esse cliente

No mundo imobiliário, trabalha um mercado de ‘nicho’, que é o luxo. Como está a evoluir este segmento em Portugal? As recentes alterações legislativas (Mais habitação, Simplex, Construir Portugal) têm tido impacto no negócio de luxo?

O segmento de luxo em Portugal está a crescer assustadoramente. É um mercado que não era muito forte há uns anos, mas ganhou muita força, sobretudo, depois da pandemia, até por causa da migração de várias nacionalidades. Portugal ficou muito atraente para se viver. Essas alterações legislativas têm um impacto considerado “normal” no mercado, não vejo uma grande mudança nos diferentes segmentos imobiliários – pelo menos para já.

Que tipos de casas procuram os investidores? Para primeira ou segunda habitação? E em que localizações?

É muito variado, em todos os sentidos. Há pessoas que querem uma casa nova, outras uma segunda habitação. E considero que os investidores estão disponíveis para explorar um pouco todo o país, em termos de localização.

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Qual o perfil de investidores? E as nacionalidades?

Têm elevado poder de compra, obviamente, dado o segmento de luxo. Os brasileiros são a primeira nacionalidade, a que mais compra. Antes, os norte-americanos não apareciam no Top 5 e agora também é das nacionalidades que mais investe, aparecendo em segundo lugar. Depois vêm os ingleses e os franceses. Assim como também há russos e espanhóis.

Os brasileiros são a primeira nacionalidade, a que mais compra.

Será que o facto de ser uma "cara conhecida" do grande público poderá ajudar, de alguma forma, a conseguir fazer mais angariações/negócios imobiliários? Porquê?

Com certeza. Um dos motivos que me fez entrar neste mercado é o facto de eu ser reconhecido, até internacionalmente, por causa das novelas que eu fiz. E eu consigo, consequentemente, ter muitas angariações. Depois do meu anúncio, de ter chegado ao mercado, até no meu instagram, nas redes sociais, recebo muitos contactos.

Qual o preço médio de um imóvel de luxo no país? Os preços vão continuar a subir?

O preço médio de um imóvel de luxo situa-se entre 2 e 4 milhões de euros. Se vão continuar a subir? A tendência é que sim, que continuem a valorizar-se.

Numa entrevista recente, disse que “Portugal virou a Miami da Europa”. Porquê?

Eu disse essa frase no sentido de que a procura por Portugal está absurda. É uma procura de várias nacionalidades que querem morar aqui; a oferta de propriedades a crescer; as construções cada vez mais altas; além da valorização dos imóveis de luxo no país.