
O reembolso das despesas realizadas pela primeira-ministra da Finlândia, Sanna Marin, e da sua família na residência oficial de Kesäranta está a gerar polémica. Em causa está o pagamento de, por exemplo, pequenos-almoços na ordem dos 850 euros mensais. Na tentativa de pôr fim à discussão em tempo de eleições locais, Sanna Marie renunciou “definitivamente” ao reembolso das despesas.
Foi esta terça-feira (dia 1 de junho de 2021), que a chefe do Governo social-democrata indicou não querer receber mais o valor destas despesas feitas na residência oficial. E foi ainda mais longe, comprometendo-se também a devolver os cerca de 14.000 euros em despesas relacionadas com as refeições familiares realizadas desde que chegou à residência oficial de Kesäranta, há um ano e meio.
“Tenho outras atribuições no meu trabalho, além de passar dias a analisar ao pormenor coisas como a comida da minha família”, disse a primeira-ministra finlandesa, de 35 anos, em entrevista à estação de televisão MTV3.
A polémica instalou-se quando o tabloide Iltalehti revelou, no dia 25 de maio, que a primeira-ministra finlandesa estava a ser reembolsada em até 300 euros por mês pelos pequenos-almoços da sua família apesar de viver na residência oficial de Kesaranta. Foi então revelado que o valor rondava, afinal, os 850 euros mensais, incluindo algumas refeições, refere a agência Lusa.
Acontece que o uso de fundos públicos para cobrir esses custos pode infringir a lei finlandesa, porque não estão explicitamente previstos, segundo o mesmo jornal. Posto isto, a polícia finlandesa anunciou ter aberto uma investigação na passada sexta-feira, bem como uma outra fiscal, para averiguar se Marin deve pagar impostos adicionais por este benefício. Em sua defesa, Sanna Marin argumenta que “não pedi para beneficiar dessa vantagem como primeira-ministra, nem estive envolvida na decisão sobre isso”.
Numa altura em que se aproximam as eleições municipais no país – que estão marcadas para 13 de junho -, a oposição tirou proveito da polémica, até porque o tema de igualdade de tratamento está cada vez mais em cima da mesa na Finlândia. E os resultados estão à vista: as últimas sondagens para as municipais sugerem um aumento da oposição, em particular do Partido dos Finlandeses (extrema-direita).
Sanna Marin ocupa a cadeira de primeira-ministra da Finlândia desde dezembro de 2019. E, pelo menos até então, tem vindo a contar com um grande apoio popular devido à forma como geriu a pandemia da Covid-19 na Finlândia, que é, aliás, um dos países menos afetados da Europa. Resta saber se a sua renuncia ao reembolso das despesas será suficiente para pôr fim à polémica que envenenou a sua campanha para as eleições locais.
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