Os bancos centrais de todo o mundo estão empenhados em travar a subida da inflação, aumentando, para o efeito, as taxas de juro de referência. Mas há uma exceção à regra entre as maiores economias mundiais: esta quarta-feira o Banco do Japão (BOJ) optou novamente por manter a política monetária, deixando a taxa de juro nos 0%. Isto apesar de o banco central japonês antecipar a aceleração da inflação no país e de rever em baixa as perspetivas de crescimento da economia nipónica.
São vários as instituições de referência mundiais que estão a subir as taxas de juro para contrariar a inflação que teima em estar em alta, como é o caso da Reserva Federal dos EUA (Fed) e o Banco Central Europeu (BCE). Mas, apesar das pressões exercidas pelo mercado, o Banco do Japão decidiu esta quarta-feira, dia 18 de janeiro, não subir os juros e não fazer qualquer alteração à a sua política monetária.
No final da penúltima reunião de política monetária, que decorreu a 20 de dezembro, o banco central japonês optou por manter a taxa de juro de curto prazo em -0,1% e comprometeu-se a dar continuidade aos programas de compras flexíveis para que os títulos a 10 anos se mantenham à volta de 0%. A política monetária do Japão vai permanecer, assim, inalterada, apesar de nos últimos meses o mercado tenha pressionado o governador Haruhiko Kuroda a mudar o seu rumo de forma a ser mais progressiva e menos expansionista.
O banco central japonês insiste em manter a política monetária atual, uma vez que considera que esta inflação é de natureza importada e transitória - muito embora tenha chegado aos 3,8% em novembro, o valor mais alto dos últimos 41 anos. Ou seja, o BOJ prevê que o recuo da inflação seja relativamente rápido e, por isso, não quer estar a impor uma política monetária mais restritiva que possa ameaçar o desempenho da economia nipónica, nomeadamente, que possa gerar deflação. Além disso, o regulador teme ainda que o valor da sua divisa (o iene) se possa ressentir nos mercados internacionais.
Perspetivas de crescimento económico no Japão revistas em Baixa
Esta quarta-feira, o BOJ reviu em baixa as perspetivas para a economia nipónica, que espera crescer 1,9% no ano fiscal de 2022 (que termina a 31 de março) contra os 2% da estimativa anterior. A visão mais pessimista é justificada pelo impacto dos "preços elevados das mercadorias e do abrandamento das economias estrangeiras".
Embora o BOJ acredite que a economia japonesa irá recuperar a médio prazo, as previsões são menos animadoras, principalmente devido ao esperado abrandamento económico global e à progressiva perda de eficácia das medidas económicas adotadas em resposta a esse abrandamento, afirma-se no relatório.
O banco central japonês também baixou a previsão do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para o ano fiscal de 2023, esperando que a economia nacional cresça 1,7%, em comparação com os 1,9% anteriormente estimados, e desceu a previsão para o ano fiscal de 2024 de 1,5% para 1,1%.
Por outro lado, o banco prevê que a inflação neste ano fiscal aumente para os 3%, um décimo de ponto percentual acima do anteriormente estimado (de 2,9%) e bem acima da meta inicialmente definida de 2%.
*Com Lusa
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