
O acesso à habitação para arrendar está cada vez mais difícil na Europa. Há uma falta de oferta de casas no mercado de arrendamento nas maiores cidades europeias, uma realidade que tem empurrado as rendas para máximos históricos, incluindo em Lisboa e no Porto. Perante este cenário, em Zurique há famílias a criar estratégias para se destacarem entre os potenciais arrendatários, entregando cartas de recomendação e presentes como vinho e chocolates. Em Amesterdão, os estudantes passam meses para tentar garantir um quarto para arrendar. E em Dublin e em Lisboa, há jovens a voltar a viver em casa dos pais.
As casas para arrendar estão a tornar-se num bem escasso nas principais cidades europeias, como Amesterdão, Berlim, Madrid ou Lisboa, que têm uma dimensão relativamente pequena, concentrando, sobretudo, edifícios históricos e com poucos pisos. Em contraste, a procura de casas para arrendar tem vindo a aumentar - e muito –, elevando as rendas para novos máximos, devido a vários fatores, aponta a Bloomberg:
- Subida das taxas de juro nos créditos habitação levou a que a compra de casa fosse adiada por muitas famílias, que passaram a recorrer ao arrendamento;
- Construir casa também ficou mais caro, dada a subida dos custos dos materiais de construção e da mão de obra;
- Estrangeiros, com maior poder de compra, passaram a viver em casas arrendadas nas cidades europeias, uma mobilidade estimulada pelo teletrabalho e políticas governamentais;
- Regresso dos estudantes no pós-Covid elevou a procura de casas partilhadas para arrendar em várias cidades europeias.

Como vivem as cidades europeias a falta de casas para arrendar
A elevada procura de casas para arrendar perante uma oferta escassa tem sido vivida de várias formas nas principais cidades europeias, revela ainda a mesma publicação:
- Amesterdão (Países Baixos): aqui os estudantes universitários passam meses a tentar garantir um quarto antes do início do ano letivo. E quando o conseguem o quarto, podem mesmo pagar 500 euros por mês (contas incluídas). Além disso, a cidade tem vindo a sentir um elevado crescimento populacional que tem absorvido a oferta de casas, muito devido à instalação de grandes empresas (ING, Philips, Tesla e a Netflix, por exemplo), que atraem novos trabalhadores;
- Dublin (Irlanda): também nesta cidade houve um aumento da população, por via dos incentivos governamentais que atraíram empresas farmacêuticas e tecnológicas globais, como a Meta, a Google e a Pfizer. O grande desafio passa agora por encontrar casas para estes profissionais deslocados para promover a retenção e o recrutamento de talento;
- Zurique (Suíça): é um centro bancário e financeiro, que acolhe o maior centro de pesquisa do Google fora dos EUA. Aqui, os apartamentos anunciados chegam a ter 100 potenciais interessados, tornando-se norma entregar cartas de recomendação, extratos bancários e presentes, como vinho e chocolates, quando são convidados a visitar um imóvel;
- Berlim (Alemanha): as famílias podem passar meses à procura de casa, porque o atual limite de 10% ao aumento das rendas desencoraja a rotatividade;
- Lisboa (Portugal): rendas subiram 25% entre o segundo trimestre de 2023 e o período homólogo. E rendas estão tão caras que os jovens vivem até mais tarde em casa dos pais. Quando conseguem casa própria, muitos deslocam-se para as periferias das cidades, onde as rendas são menores.
Para resolver a crise da habitação, muitos governos europeus estão a tentar encontrar soluções, algumas de curto prazo, como é o caso do controlo das rendas (que muitas vezes cria desconfiança nos mercados, inclusive no português). Também estão a criar políticas para incentivar à construção privada, bem como a colocação de casas públicas no mercado. Mas com a inflação e as políticas verdes a aumentar os custos de construção, poucos governos conseguem construir novas habitações com a rapidez suficiente para acompanhar a procura, refere o mesmo meio.
Acompanha toda a informação imobiliária e os relatórios de dados mais atuais nas nossas newsletters diária e semanal. Também podes acompanhar o mercado imobiliário de luxo com a nossa newsletter mensal de luxo.
Para poder comentar deves entrar na tua conta