Quem o diz é o vice-presidente do BCE, alertando que os bancos estão vulneráveis a correções dos preços dos ativos.
Comentários: 0
Bancos expostos ao imobiliário
Luis de Guindos, vice-presidente do BCE Getty images

O vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luis de Guindos, salientou esta quarta-feira, dia 14 de fevereiro, que algumas entidades não bancárias e bancos especializados "ainda estão muito expostos" a setores sensíveis às taxas de juro, como as empresas altamente endividadas e o setor imobiliário.

A este respeito, Luis de Guindos alertou para o facto de uma maior deterioração destes setores poder expor os intermediários a perdas de reavaliação e a saídas de investidores, o que é particularmente relevante para alguns tipos de fundos de investimento imobiliário com grande presença nos mercados imobiliários comerciais de vários países da zona euro.

De facto, apesar de alguns reequilíbrios recentes das carteiras das entidades não bancárias, o setor continua a apresentar elevados riscos de duração, de crédito e de liquidez, alertou Guindos.

"As entidades continuam vulneráveis a correções dos preços dos ativos num contexto de incerteza macroeconómica e volatilidade do mercado", afirmou.

Assim, tendo em conta que partes do setor financeiro não bancário também têm uma alavancagem significativa dentro e fora do balanço, as fragilidades do setor colocam riscos para o sistema financeiro através das suas ligações com o setor bancário.

Neste sentido, os bancos e as instituições financeiras não bancárias podem estar estreitamente interligados através de canais de financiamento comuns, relações de propriedade e exposições a riscos comuns.

Quanto ao sistema bancário da zona euro, que tem sido uma fonte de resistência, Guindos antecipou que terá provavelmente de fazer face aos riscos de abrandamento relacionados com o fraco crescimento do crédito, o aumento dos custos de financiamento e a deterioração da qualidade dos ativos.

"Embora os indicadores de qualidade dos ativos tenham sido bastante fortes, há sinais iniciais de deterioração em algumas carteiras de empréstimos, incluindo empresas e setores mais pequenos como a construção e o imobiliário comercial", afirmou.

Assim, dado o atual ambiente de incerteza macroeconómica, para o vice-presidente do BCE é importante manter-se vigilante e recomendou aos bancos que "estejam preparados para um possível agravamento das condições económicas".

Imobiliário comercial em crise
Foto de Andrea Piacquadio no Pexels

Desinflação na Zona Euro prossegue - mas há riscos em jogo

Para Luis de Guindos, o processo de desinflação na zona euro prossegue e a subida dos preços deverá continuar a moderar-se ao longo do ano. Contudo, o vice-presidente do BCE sublinhou a necessidade de não haver precipitação, uma vez que será necessário algum tempo até estar disponível a informação necessária para confirmar que a inflação está a regressar ao objetivo de 2% de forma sustentável.

Embora a inflação esteja no bom caminho, o BCE deve manter-se atento aos fatores de risco em jogo, alertou Guindos num discurso na Croácia, onde observou que as pressões salariais permanecem elevadas e ainda não existem dados suficientes para confirmar que estão a diminuir, enquanto as margens de lucro podem revelar-se mais resistentes do que o esperado e as tensões geopolíticas podem aumentar os preços da energia e perturbar o comércio global.

De qualquer modo, o antigo ministro das Finanças espanhol manifestou a sua confiança em que o processo de desinflação irá continuar, permitindo que a inflação continue a descer este ano, tal como apontam as expectativas de inflação, que diminuíram acentuadamente em horizontes mais curtos e são consistentes com o objetivo em horizontes mais longos.

No entanto, Guindos sublinhou: "não nos devemos precipitar", uma vez que "levará algum tempo" até que a inflação se torne mais baixa.

A este respeito, reiterou que o banco central continuará a basear-se em dados, tendo em conta que os próximos meses "serão particularmente ricos em novas informações sobre os fatores que impulsionam a inflação subjacente", à medida que forem sendo disponibilizados dados sobre os últimos acordos salariais e ajustamentos de preços pelas empresas, juntamente com as novas projeções macroeconómicas que o BCE publicará em março.

*Com Lusa

Acompanha toda a informação imobiliária e os relatórios de dados mais atuais nas nossas newsletters diária e semanal. Também podes acompanhar o mercado imobiliário de luxo com a nossa newsletter mensal de luxo.

Ver comentários (0) / Comentar

Para poder comentar deves entrar na tua conta