
O bloco conservador liderado por Friedrich Merz venceu as eleições legislativas alemãs com 28,6% dos votos, de acordo com dados oficiais finais, e o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) ficou em segundo lugar, com 20,8%. O novo chanceler alemão, de 69 anos, assumirá as rédeas do país num cenário de grave crise na habitação e crescente insatisfação com o nível de vida no país. Mas antes, há outro desafio: formar governo.
A meta estabelecida pelo anterior executivo de Olaf Scholz, de construir 400 mil habitações acessíveis por ano, ficou muito aquém do esperado, tal como revela uma reportagem da RTP, em Berlim. O aumento dos custos da energia e dos materiais de construção são alguns dos principais problemas.
Em 2022, apenas 295,3 mil novas casas foram construídas, número que deverá cair para 265 mil em 2024, segundo estimativas da ex-ministra da Habitação, Klara Geywitz, citadas pelo jornal Económico. A falta de oferta imobiliária gerou um défice de cerca de 800 mil casas na Alemanha, com organizações da sociedade civil a apontarem para a necessidade de mais de 910 mil habitações sociais, de acordo com a mesma publicação.
O mercado de arrendamento, que poderia ser uma alternativa, também enfrenta desafios devido aos preços elevados. Segundo a plataforma Housing Anywhere, os valores das rendas subiram significativamente em cidades como Estugarda e Frankfurt, enquanto em outras como Berlim, Hamburgo e Munique registaram pequenas quedas.
A crise habitacional agravou a situação dos sem-abrigo, que já ultrapassam os 531 mil no país, mais do que o dobro em comparação com 2022. A maioria destas pessoas depende de abrigos públicos, enquanto uma parte significativa vive com familiares ou amigos, e quase 50 mil estão nas ruas ou em condições precárias.
Formar governo: o próximo passo de Friedrich Merz
O Partido Social-Democrata (SPD), do chanceler cessante Olaf Scholz, obteve cerca de 16,4% nas eleições de domingo, 23 de fevereiro, enquanto os Verdes, parceiro de coligação, tiveram cerca de 11,6% dos votos. A Esquerda (Die Linke) alcançou cerca de 8,8%, acima dos 4,9% de 2012.
Quer isto dizer que Friedrich Merz, líder do partido da União Democrata-Cristã (CDU) precisará de parceiros para formar governo. O candidato dos Verdes a chanceler, Robert Habeck, afirmou que está disposto a continuar a assumir responsabilidades no executivo, caso Merz coloque essa hipótese.
O partido liberal FDP, que Merz esperava ter do seu lado, não conseguiu atingir o limite mínimo de 5% necessário para entrar no Bundestag, o parlamento da Alemanha.
Já Alice Weidel, líder da AfD, que ficou em segundo lugar, insistiu que está disponível para negociações. Mas Merz já veio dizer que rejeita coligações com a extrema-direita.
“Vou formar um governo que represente toda a população e vou esforçar-me por formar um governo que resolva os problemas deste país. Como é que esse governo pode ser formado, não sabemos. Não é segredo que gostaríamos de ter um parceiro e não dois, mas o povo decidiu e temos de o aceitar”, disse o vencedor das eleições na Alemanha.
O líder da CDU congratulou-se com a vitória e disse pretender formar rapidamente uma coligação governamental.
*Com Lusa
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