
Há dois anos, os EUA era o destino preferido dos milionários chineses. Mas perante a guerra de tarifas entre Washington e Pequim, este panorama está a mudar. A procura por casas à venda nos EUA com preços superiores a 5 milhões de euros por parte de milionários chineses está a arrefecer. Agora, estes chineses ricos estão de olho em casas de luxo noutras geografias, como na Tailândia, Austrália, Singapura e Reino Unido.
“O investimento chinês em imóveis residenciais nos EUA caiu mais de 50% desde seu pico em 2017”, disse Kashif Ansari, cofundador e diretor executivo do grupo Juwai IQI, citado pelo South China Morning Post. “Os compradores estão à procura de alternativas mais favoráveis”, sublinhou. Essa tendência sugere ainda que a procura dos EUA por turistas estrangeiros e estudantes internacionais vai diminuir sob a administração do presidente Donald Trump.
As vendas de imóveis existentes nos EUA caíram mais do que o esperado em março (-5,9%), o que pode ser explicado pela procura enfraquecida perante as preocupações crescentes sobre as tarifas aplicadas por Trump ao país asiático. Isto, note-se, antes de os EUA e a China terem suspendido as taxas mútuas de 115% por 90 dias a partir desta quarta-feira, dia 14 de maio.
Os dados mais recentes da National Association of Realtors (NAR) mostraram que os investidores chineses foram os maiores compradores estrangeiros de imóveis residenciais nos EUA pelo 11º ano consecutivo, embora os seus investimentos tenham caído mais de 40% entre 2024 e o ano anterior.

Onde estão a investir os chineses ricos?
Agora, tem-se verificado que há um número crescente de compradores chineses de olhos postos em outros mercados imobiliários, como Austrália, Singapura e Reino Unido, de acordo com vários corretores imobiliários.
“Os meus compradores veem os Estados Unidos como um lugar um pouco mais caótico e incerto neste momento e já se estão a inclinar para a Austrália”, disse Peter Li, diretor administrativo da agência imobiliária australiana Plus Agency, ao mesmo jornal.
Em paralelo, no primeiro trimestre de 2025, os compradores chineses adquiriram 301 casas em Singapura, 42% mais do que no mesmo período do ano anterior.
Um estudo publicado pela Savills revelou que Singapura tornou-se no local preferido para empresas chinesas se mudarem. E também ficou em terceiro lugar em termos de realocação de indivíduos ricos. “Singapura oferece às famílias com alto património uma combinação ideal entre estabilidade política, incentivos fiscais, uma estrutura jurídica sólida, educação e assistência médica de nível internacional”, disse George Tan, diretor administrativo da Livethere Residential na Savills Singapore, ao mesmo jornal.
“Com opções residenciais de luxo e um ecossistema de negócios próspero, tornou-se um destino global de primeira linha para aqueles que procuram preservar o seu património, ter mais conectividade e um estilo de vida luxuoso”, acrescenta George Tan, citado na mesma publicação.
O mesmo interesse dos investidores chineses também está a ser sentido no Reino Unido. Segundo David Johnson, diretor administrativo da consultoria imobiliária Inhous (com escritórios em Londres e Dublin), “ajudámos vários compradores chineses a procurar imóveis, pois sentiam que o mercado imobiliário norte-americano estava a tornar-se muito volátil perante o contexto político. Londres continua a ser atrativa devido às suas excelentes universidades, prestigiado cenário cultural e oportunidades profissionais, além das suas rápidas conexões para a Europa”, acrescenta.
Mesmo assim, o mercado imobiliário dos EUA tem um truque na manga: em fevereiro passado, Trump introduziu um "visto gold" que dará aos imigrantes ricos o direito de permanecer nos Estados Unidos indefinidamente com um investimento de 5 milhões de dólares (cerca de 4,43 milhões de euros.).
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