
O braço de ferro entre Jerome Powell, presidente da Reserva Federal norte-americana (Fed), e Donald Trump, Presidente dos EUA, está para durar. Contra todas as pressões vindas da Casa Branca, Powell decidiu manter as taxas de juro inalteradas esta quarta-feira, dia 30 de julho. E já respondeu às críticas de Trump sobre os elevados gastos extra na renovação da sede da Fed.
Donald Trump tem vindo a exigir que a Fed reduza as taxas de juro, classificando o presidente do banco central, como "perdedor" ou "teimoso". Mas Powell não cedeu às pressões do presidente dos EUA, voltando a deixar as taxas de juro inalteradas, numa altura de incerteza sobre os impactos das tarifas na economia dos EUA.
Perante a decisão da Fed anunciada esta quarta-feira, dia 30 de julho, as taxas de referência do banco central norte-americano permaneceram, assim, no intervalo de 4,25%-4,5%, numa decisão que não foi unânime, tendo havido dois votos contra.
No comunicado, publicado depois da reunião do Comité Federal de Mercado Aberto (FOMC), a Fed disse que “os indicadores recentes sugerem que o crescimento da atividade económica foi moderado no primeiro semestre do ano”. Além disso, “a taxa de desemprego continua baixa e as condições do mercado de trabalho permanecem sólidas”. Por outro lado, Fed indica que a inflação mantém-se “ligeiramente elevada” e a "incerteza sobre as perspetivas económicas continua alta”, sobretudo, por causa das tarifas.
“Ter um banco central independente é um acordo institucional que tem servido o público bem. E enquanto o fizer deve continuar e ser respeitado”, Jerome Powell, presidente da Fed
Esta decisão não é do agrado de Trump que acusou, na semana passada, Powell de agir contra a economia norte-americana, defendendo um corte de três pontos percentuais nas taxas de juro. Em reação à decisão da Fed, o Presidente dos EUA voltou a atacar Powell, afirmando mesmo que "é demasiado estúpido e político para estar à frente da Fed”. E disse ainda que a manutenção dos juros está a custar “triliões de dólares” ao país.
Já Jerome Powell tem vindo a defender a importância da independência dos bancos centrais face aos governos. “Ter um banco central independente é um acordo institucional que tem servido o público bem. E enquanto o fizer deve continuar e ser respeitado”, indicou Powell depois da reunião desta quarta-feira.
Para o presidente da Fed, esta independência permite “tomar estas decisões desafiantes focadas nos dados, nas perspetivas e no balanço dos riscos, e não em fatores políticos”. Os “governos em todo o mundo desenvolvido quiseram colocar uma distância entre o controlo político direto dessas decisões e os decisores”, referiu. Caso isso não acontecesse “haveria uma enorme tentação, claro, de usar, por exemplo, taxas de juro para influenciar eleições. Isso é algo que não queremos fazer”, rematou.
O mandato de Powell à frente da Fed termina em maio de 2026 e este tem vindo a demonstrar vontade de o cumprir integralmente, mesmo após as ameaças de despedimento por parte de Trump.
A polémica renovação da sede da Fed que terá gastos extra de milhões

Outro tema que tem dado que falar do outro lado do Atlântico é a renovação da sede da Fed em Washington, uma vez que o custo terá passado de cerca de 1.900 milhões de dólares para mais de 2.500 milhões de dólares (ou seja, de cerca de 1.600 para 2.100 milhões de euros, ao câmbio atual). Trata-se de gastos adicionais nas obras de cerca de 700 milhões de dólares (ou de cerca de 602 milhões de euros).
Nas últimas semanas, Jerome Powell tem enfrentado acusações por parte de legisladores e responsáveis norte-americanos, que o acusam de possivelmente ter prestado declarações enganosas ao Congresso relativamente às polémicas obras de renovação do edifício da Fed.
A própria Casa Branca está a exigir explicações à Fed sobre os custos extra das obras. "Queremos saber a razão para este [sobrecusto] e queremos obter uma resposta, algum esclarecimento sobre as características deste excesso e as suas implicações para a situação orçamental do país", disse Russel Vought, diretor do Gabinete de Administração e Orçamento, Russell Vought, citado pela EFE.
Aliás, esta quinta-feira (dia 31 de julho), Trump voltou a atacar Powell por causa das obras da sede da Fed, considerando ser "uma das renovações de edifícios mais incompetentes e corruptas da história da construção”.
Em resposta às críticas dos últimos dias, Jerome Powell já veio a público garantir que a Fed "leva a sério a responsabilidade do bom uso dos recursos públicos no cumprimento dos nossos deveres atribuídos pelo Congresso em nome do povo americano".
Como o presidente dos EUA só pode demitir o líder da Fed se ficar provado que houve comportamento negligente, acredita-se que o Governo de Trump possa aproveitar esta situação para afastar Powell, que tem sido criticado pelo republicano por não reduzir as taxas de juro.
Questionado sobre a possibilidade de demissão de Powell, cujo mandato termina em maio de 2026, Trump afirmou que o via como pouco provável, "a menos que tenha de sair por fraude".
*Com Lusa
*Notícia atualizada dia 31 de julho, às 14h25, com declarações de Donald Trump, Presidente dos EUA
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