Número de casas por vender aumenta no Sun Belt, com mais proprietários a desistirem de esperar pela queda dos juros.
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Denver
Denver, Colorado /Flickr, CC BY 2.0 Wikimedia commons

O número de casas por vender nos EUA, que permanecem semanas no mercado, está a aumentar em zonas residenciais do Sun Belt — um vasto mercado imobiliário que se estende da Califórnia à Florida, passando pelo Texas e Novo México.

Os agentes imobiliários relatam que cada vez mais pessoas estão a colocar as suas casas à venda, desistindo da esperança de que as taxas de juro dos créditos habitação venham a descer em breve. Na Florida, muitos proprietários estão a sair devido ao aumento dos prémios de seguros, enquanto no Colorado, há investidores estão a desfazer-se de imóveis destinados ao arrendamento.

Este cenário está a levar a um aumento da oferta de habitação no mercado — uma realidade à qual muitos mediadores, que recebiam até há pouco tempo multiplas propostas por casa, não estão habituados. Na Florida, por exemplo, uma casa demora agora, em média, 73 dias a ser vendida, quando há dois anos demorava apenas 55 dias. Em estados como Nova Jérsia ou Virgínia, esse prazo é ainda mais curto.

Um aumento da oferta habitacional — seja de casas usadas ou novas — é geralmente visto como algo positivo nos EUA, especialmente depois da escassez que se seguiu à crise financeira de 2008 e que tornou muitas zonas inacessíveis para grande parte da população.

No pós-pandemia, a venda de moradias nos subúrbios do sul dos EUA impulsionou o mercado no Sun Belt. Com poucos proprietários dispostos a vender, a oferta diminuiu e o mercado tornou-se altamente competitivo, com várias propostas por cada imóvel. Agora, apesar da oferta total ainda estar abaixo dos níveis de 2019, nove estados no Sul e Oeste do país já ultrapassaram essa fasquia, segundo dados da Bloomberg Intelligence.

Os promotores imobiliários, que aceleraram a construção durante o boom da pandemia, estão agora a enfrentar dificuldades para escoar os seus imóveis. Muitos são obrigados a baixar preços e oferecer incentivos adicionais para concretizar vendas.

Segundo economistas, está a verificar-se uma “normalização” do mercado, com mais imóveis disponíveis em zonas que antes estavam em alta procura. Os preços das casas nos EUA continuam, em média, acima dos valores de há um ano, de acordo com os dados da S&P CoreLogic Case-Shiller, embora estejam a cair em cidades como Dallas e Tampa. Os agentes imobiliários referem que há agora mais proprietários com boas condições de crédito a decidirem vender, algo que evitavam até há pouco tempo.

A nível nacional, estima-se que mais de 70% dos proprietários tenham créditos habitação com taxas abaixo dos 5% (dados da Redfin para o primeiro trimestre). Isto faz com que muitos hesitem em vender e comprar noutra localização, onde as taxas atualmente rondam os 7%. Ainda assim, cresce o número de pessoas que, por motivos de trabalho ou familiares, se veem obrigadas a mudar de casa, mesmo sem poder esperar por uma descida nos custos dos empréstimos.

Mercado imobiliário do Colorado: oferta sobe 110%

Denver
Denver, Colorado /F Carol M. Highsmith, Public domain Creative commons

O número de casas — novas e usadas — disponíveis no mercado imobiliário do Colorado aumentou 51% em maio, em comparação com o mesmo mês do ano passado, e subiu 110% nos últimos dois anos. Este é um dos crescimentos mais acentuados a nível nacional, segundo os dados do portal Realtor.

Uma das razões apontadas para esta subida é a aprovação recente de várias leis que protegem os inquilinos, o que terá levado muitos proprietários a desistir de manter os seus imóveis a arrendar. Windy Bailey, presidente da Associação de Mediadores Imobiliários de Pikes Peak, em Colorado Springs, confirma essa tendência, referindo que os investidores estão a vender as suas casas arrendadas, o que tem aumentado a oferta no mercado.

Esta realidade não se limita ao Colorado. Em cidades como Atlanta, Dallas e Phoenix, vários agentes imobiliários relatam que os investidores estão a contribuir para este crescimento da oferta. Lawrence Yun, economista-chefe da Associação Nacional de Corretores de Imóveis, acrescenta que até investidores institucionais podem estar a vender os seus ativos imobiliários, embora ainda não existam dados suficientes para se perceber a dimensão exata deste fenómeno.

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