Apesar da volatilidade trimestral, o segmento super-prime apresenta uma resiliência estrutural com níveis históricos.
Comentários: 0
Dubai
Freepik
Cátia Colaço
Cátia Colaço (Colaborador do idealista news)

O terceiro trimestre de 2025 ficou marcado por um abrandamento do volume de vendas de imobiliário de luxo. Contudo, a procura internacional por mercados estáveis e de qualidade manteve-se robusta, algo em que Portugal tem sido também beneficiado, uma vez que o país continua a atrair, cada vez mais, investidores estrangeiros.

Estas conclusões fazem parte do Global Super-Prime Intelligence, relatório global da Knight Frank (da qual a empresa portuguesa Quintela + Penalva é associada) que analisa o mercado super-prime, ou seja, transações de imóveis que cujo valor é superior a 10 milhões de dólares (aproximadamente 8,64 milhões de euros), nos seguintes mercados: Dubai, Los Angeles, Nova Iorque, Hong Kong, Londres, Singapura, Orange County, Palm Beach, Miami, Genebra, Paris e Sidney.

Nos meses de julho, agosto e setembro deste ano contabilizaram-se 474 transações deste tipo de imóveis nos 12 mercados analisados, o que corresponde a uma queda de 21% face ao segundo trimestre. Estas vendas geraram um volume de 8,5 mil milhões de dólares (aproximadamente 7,3 mil milhões de euros).

Portugal continua atrativo em ativos imobiliários de alto valor

Fatores como o contexto político, a pressão fiscal e a escassez de oferta podem ajudar a explicar esta desaceleração temporária, depois de um forte crescimento no trimestre anterior. Ainda assim, nos últimos 12 meses foram registadas 2.185 vendas, o valor mais alto dos últimos quatro anos. 

Relativamente a Portugal, embora o país não seja referido no relatório por ainda não ter um número de transações destes valores que justifique a entrada no ranking, Francisco Quintela, sócio fundador da Quintela + Penalva, revela que “cidades como Lisboa e Porto, a região do Algarve, mas também zonas como o Estoril, Cascais e o eixo Troia, Comporta e Melides continuam a ser mercados muito atrativos para investimentos estrangeiros de alto valor”. Para o responsável, este interesse dos investidores “resulta da nossa estabilidade económica e do potencial de valorização, que têm dado sinais positivos para os mercados exteriores e que tem cativado vários investidores, não só nacionais, mas também internacionais”. 

Dubai segue firme na liderança 

Com 103 transações realizadas no trimestre passado, o Dubai continua a liderar o mercado super-prime global apesar da correção trimestral de 28%. Durante os meses de julho, agosto e setembro, este tipo de vendas na cidade mais procurada dos Emirados Árabes Unidos superou os dois mil milhões de dólares (cerca de 1,72 mil milhões de euros), ainda que a oferta continue limitada face à procura bastante acima da média.

Eleições abrandam Nova Iorque; Costa Oeste estabiliza

Antes das eleições municipais de Nova Iorque registou-se uma menor atividade na venda de imóveis super-prime, com a cidade a conseguir apenas 74 vendas, o que corresponde a uma quebra de 38% face ao segundo trimestre do ano.

Enquanto isso, Los Angeles manteve-se bastante ativo, registando 64 transações num valor de 1,25 mil milhões de dólares (cerca de 1,08 mil milhões de euros), ainda que os preços médios tenham ficado abaixo do anterior trimestre. Já nos submercados de luxo norte-americanos, o Orange County ficou marcado pela estabilidade, enquanto Miami voltou a perder tração e, por sua vez, Palm Beach teve o maior ajuste, registando unicamente 6 transações, o que corresponde a um abrandamento de 81%.

Singapura e Hong Kong contrariam o mercado e crescem

Na Ásia, o mercado imobiliário de superluxo revelou um bom crescimento no passado trimestre, contrariando a tendência do resto do mundo. Singapura destacou-se, conseguindo 36 transações (+44%) e um aumento de quase 50% no valor total. Hong Kong também continua a recuperar, tendo registado 56 vendas (+6%), conseguindo atingir os 1,04 mil milhões de dólares (cerca de 894 milhões de euros).

Londres retrai; Genebra e Paris mantém níveis reduzidos

Dada a especulação por via de potenciais mudanças fiscais no Reino Unido durante o verão, o mercado em Londres sofreu uma queda de 31% nas transações em comparação com o segundo trimestre do ano, tendo registado apenas 36 transações. 

À semelhança de anos anteriores, os mercados de Genebra e Paris mantiveram níveis reduzidos de transações.

Robustez estrutural mantém-se

De acordo com a Knight Frank, o mercado imobiliário de superluxo mantém a resiliência estrutural a nível global, apesar da volatilidade entre os últimos trimestres. “A volatilidade trimestral é uma característica inerente ao segmento super-prime. O abrandamento de Q3 segue-se a um período excecional em Q2 e reflete o impacto conjugado de política, fiscalidade e limitações de oferta. Apesar disso, os totais anuais mantêm-se sólidos, superados apenas pelo pico pós-pandemia de 2021, demonstrando a resiliência de longo prazo do mercado”, indica, em comunicado, Liam Bailey, Global Head of Research da Knight Frank.

Global Super-Prime Intelligence
Knight Frank

Acompanha toda a informação imobiliária e os relatórios de dados mais atuais nas nossas newsletters diária e semanal. Também podes acompanhar o mercado imobiliário de luxo com a nossa newsletter mensal de luxo.

Segue o idealista/news no canal de Whatsapp

Whatsapp idealista/news Portugal
Ver comentários (0) / Comentar

Para poder comentar deves entrar na tua conta