
O setor imobiliário de luxo a nível mundial está a arrefecer. Os dados mais recentes da imobiliária Knight Frank indicam, por exemplo, que no terceiro trimestre de 2024 o volume e número de unidades vendidas caíram em 12 mercados internacionais. Em causa está o relatório Global Super-Prime Intelligence, que se refere ao mercado ‘super-prime’ (superluxo), ou seja, à transação de imóveis de valor superior a 10 milhões de dólares.
Segundo o mesmo, verifica-se um abrandamento do mercado de nicho em questão, com quedas registadas de 18% em volume e de 17% em valor, em comparação com o trimestre anterior.
Um abrandamento “notoriamente influenciado pelas incertezas políticas e económicas, particularmente nos EUA”, refere em comunicado a Knight Frank. “O desempenho do mercado refletiu o desejo de uma maior certeza política após as eleições. Miami teve uma queda de quase 60% nas vendas em relação ao ano anterior enquanto Palm Beach registou os números mais baixos desde o final de 2022, enfatizando o impacto de fatores sazonais e políticos”, lê-se na nota.
Destaque ainda para o mercado do ‘super-prime’ no Dubai, onde se verificou um declínio anual de 40% nas vendas durante o terceiro trimestre. Ainda assim, as vendas permanecem elevadas em comparação com os níveis anteriores a 2021, destacando uma mudança para um crescimento mais sustentável após um aumento impulsionado pela pandemia, conclui a consultora imobiliária, da qual a portuguesa Quintela e Penalva é parceira desde 2021.
Londres foi, de resto, a única cidade, das 12 analisadas, a registar um aumento trimestral das vendas. Estas continuam, contudo, significativamente abaixo dos picos obtidos após a pandemia.
Citado no documento, Liam Bailey, diretor mundial de research da Knight Frank, considera que o “abrandamento do crescimento global dos preços reflete o contexto político e geoestratégico internacional”. Diz estar convicto, no entanto, “de que a vaga de cortes nos juros prevista para 2025” possa apoiar “um maior crescimento dos preços da habitação a médio prazo”.
Centrando-se no mercado nacional – não é mencionado no relatório –, Francisco Quintela, sócio fundador da Quintela e Penalva, parceira em Portugal da Knight Frank, adianta que “cidades como Lisboa e Porto, a região do Algarve e também zonas como o Estoril, Cascais e a Comporta continuam a ser mercados muito atrativos para investimentos estrangeiros”. Tal deve-se à “estabilidade económica e política” do país, “que tem dado sinais positivos para os mercados exteriores”, atraindo investidores nacionais e internacionais”, justifica.
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