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BCE: o que significam as decisões de Draghi para a economia e para o teu orçamento?
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Artigo escrito por João Morais Barbosa (joao.morais.barbosa@reorganiza.pt), partner da Reorganiza, para o idealista News Portugal, no âmbito da rubrica "Trocado por Miúdos".

O Banco Central Europeu (BCE) decidiu dar um novo estímulo à economia e tomou medidas que são consideradas drásticas por muitos analistas de mercado.

Como temos vindo a falar, a Europa está a atravessar um momento económico bastante desafiante. Sendo o objetivo principal do BCE o controlo da inflação em níveis perto de 2% e estando a economia muito longe desse valor, existe uma grande pressão para que o Banco Central atue e corrija esta situação.

Quais foram as medidas anunciadas?

As medidas hoje anunciadas são duas, cada uma com o seu objetivo específico.
•    Em primeiro lugar, o BCE baixou a taxa de financiamento aos bancos (conhecida como refi rate ou taxa de referência) para 0.05%. Adicionalmente, os bancos irão pagar mais para deixar o dinheiro “parado” nos cofres do Banco Central, numa tentativa de fomentar que os bancos emprestem dinheiro à economia.
•    Em segundo lugar, irá iniciar o programa de compra de obrigações emitidas por empresas, o que deverá levar à queda das taxas de financiamento das empresas e, por inerência, dos Governos.

Qual o impacto que estas medidas terão no teu orçamento?

No curto prazo, o impacto destas medidas no orçamento das famílias é bastante reduzido. No entanto, com o tempo, deveremos assistir à queda das taxas de financiamento do Governo o que trará menos impactos ao nível do orçamento de Estado. Em última análise, se os custos do Estado baixam poderemos vir a ter menos pressão para que pagues impostos.

Um segundo impacto económico consiste na desvalorização do Euro face às restantes moedas internacionais. Na prática, esta desvalorização vai implicar numa maior competitividade das exportações portuguesas (e dos restantes países da Zona Euro) e vai tornar as importações mais caras. Ou seja, um euro vai valer menos dólares pelo que precisamos de mais dólares para comprar os produtos vendidos por empresas dos EUA (como o Iphone). Mais uma vez, estando o Estado Português apostado no aumento das exportações, poderemos ter aqui mais um estímulo à nossa economia com os impactos no emprego e nos impostos.

Iremos ter de aguardar mais alguns meses para perceber se estas medidas são ou não suficientes. Fica a salvaguardo do BCE que poderão existir mais medidas caso estas não tenham os impactos esperados. Esperemos, no entanto, que todas as medidas de estímulo comecem a ser passadas para a economia real, pois o que temos assistido é a criação de uma bolha ou sobrevalorização nos mercados financeiros… e se a bolha rebenta?

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