O negócio da venda de mais de 270 imóveis, com mais 2.000 frações, avaliados em mais de 300 milhões de euros, por parte da Fidelidade ao fundo norte-americano Apollo já tem luz verde da Autoridade da Concorrência, mas vai sofrer uma alteração. A seguradora decidiu retirar três torres, localizadas em Santo António dos Cavaleiros, em Loures, da carteira, depois de ser conhecido o veto do Presidente da República à lei do direito de preferência que dá mais poder aos inquilinos na venda de imóveis.
O objetivo da Fidelidade (detida em 85% pelos chineses da Fosun e em 15% pela CGD) é agora colocar aqueles três imóveis sob o programa de renda acessível, que está em discussão no âmbito do programa de arrendamento urbano – que volta ao Parlamento em outubro, segundo avança o Jornal de Negócios, dando nota de que a companhia admite retirar outros imóveis do portefólio a alienar à Apollo, no âmbito do contrato de promessa de compra e venda assinado e que ascende a 425 milhões de euros.
A aprovação da lei que visava reforçar o exercício do direito de preferência dos inquilinos nos termos que foi aprovada no Parlamento poderia pôr em causa a operação entre a Fidelidade e a Apollo. O veto de Marcelo vai agora dar tempo para que esse negócio se concretize, aponta o diário.
Despejos de moradores chegou ao Parlamento
Mais de uma centena de famílias que residem em prédios pertencentes à companhia de seguros Fidelidade no concelho de Loures estavam, segundo a Lusa, a ser informados pela seguradora de que os seus contratos não iriam ser renovados.
A apreensão destes moradores foi manifestada durante uma concentração em março, junto a um dos quatro prédios que era alvo desta decisão da seguradora, proprietária dos imóveis.
O caso assumiu contornos políticos, com a deputada socialista Helena Roseta vir a público dizer que “o processo de despejo em curso pela companhia Fidelidade pode afetar quase 1.500 frações, a maior parte delas de habitação”, no concelho de Lisboa.
“É possível [a situação no concelho de Lisboa] ter uma dimensão que ultrapassa em muito aquela dimensão já grave no concelho de Loures de 150 famílias e não sabemos qual a dimensão no resto do país”, afirmou na Comissão de Ambiente, Ordenamento do Território, Descentralização, Poder Local e Habitação.
Diploma para dar poder aos inquilinos surge deste caso
O caso chegou ao Parlamento e o presidente da Fidelidade, Jorge Magalhães Correia foi chamado à Assembleia da República para explicar os chamados despejos em Loures.
A história de que a Fidelidade estava a informar os inquilinos de que podiam exercer o direito de preferência, mas não sobre a fracção que arrendam, e sim sobre a totalidade do portfólio imobiliário à venda, foi contada pelo Público e esteve na base do diploma apresentado pelo BE ao Parlamento.
Para poder comentar deves entrar na tua conta