Fundada em 1971, a Century21 tem mais de 10 mil agências em 88 países, com mais de 130 mil agentes imobiliários. Em Portugal existem 180 agências e 3500 consultores. A Century21 Contacto Directo, criada em 2001, é a agência principal na região de Setúbal. Contrariando o cenário de crise, atingiu em 2020, no ano da pandemia, o seu melhor marco de sempre, tornando-se numa das 10 melhores agências do grupo a nível nacional. Para este resultado contribuiu a relação de proximidade, mais compradores do que vendedores, o que fortaleceu a manutenção dos preços ou mesmo a sua subida. Mas também “a procura por espaços exteriores, que continua reforçada, sejam moradias ou apartamentos com varandas ou terraços”, como explicou ao idealista/news a consultora Paula Trovão.
Em 2021 surgiram novos desafios. Paula Trovão descreve a realidade de uma agente imobiliária da Century21 antes deste segundo confinamento em resultado da pandemia: “A atividade de mediação promovia a interação e contatos pessoais diários com visitas, apresentações de serviços, negociações, contratos de promessa de compra e venda e escrituras”. No entanto, desde março de 2020 “em todos estes momentos o comum era o contacto pessoal, mesmo que protegidos com máscaras e uso de álcool-gel”.
Tempos de adaptação difíceis, mas com resultados
Agora, as coisas mudaram, tendo a Century21 passado a fazer “os contactos com clientes por telefone, email, Whatsapp e videochamadas”. Para já, os serviços públicos como notários, câmaras municipais, conservatórias e solicitadores onde eram realizados os atos formais e obtenção de documentos continuam ativos por marcação.
“A maior diferença está no plano de cuidados reforçados a ter”, refere a consultora imobiliária da Century21.
O grande objetivo neste contexto é evitar o contacto presencial, mas manter a qualificação dos clientes. “De uma forma geral, adequamos o uso da ferramenta ao cliente, pois não queremos acrescentar complexidade técnica às conversas sob pena do objetivo final (angariar ou vender uma casa) sair prejudicado devido à frustração de se adaptarem a uma nova forma de comunicar”. São tempos de adaptação, nem sempre fácil, num setor muito marcado pela relação com o cliente.
Ainda assim, a consultora imobiliária da Century21, afirma que “os clientes compreendem as medidas adotadas, como a visita virtual ou no caso de ser presencial – em casas devolutas, estarem protegidos por protetores de sapatos, luvas, máscara e outros equipamentos de proteção individuais que fornecemos”.
“Os resultados são positivos, apesar de exigir um esforço maior na preparação, por parte do consultor imobiliário”, reforça Paula Trovão. Esse esforço acaba por ser compensado nos negócios que continuam a ser fechados, ainda que de “forma mais morosa”.
Mix de fatores equilibram a balança dos negócios
Os desafios passam também por encontrar um valor justo para cada angariação. “Um mercado em constante crescimento leva à criação de uma expetativa na mente do proprietário de que o seu imóvel poderá sempre ser vendido acima do preço real”, explica Paula Trovão ao idealista/news. "Essa tem sido a tendência ao longo dos últimos anos, em que por mais elevado que fosse o preço, o mercado acabaria por acompanhá-lo se esperássemos tempo suficiente. A realidade mudou e cabe ao consultor imobiliário sensibilizar os proprietários sobre isso, porque afinal de contas são eles que determinam o valor de venda ou do arrendamento”.
Apesar de todos os obstáculos, as oportunidades de negócios imobiliários continuam a existir, na perspetiva da consultora da Century21. “Cabe-nos criar as oportunidades de negócio com as condições atuais.”
A visão do futuro é realista. É preciso “ajustar e não tentar prever”.
Existe muita racionalidade nas palavras de Paula Trovão em tempos de imprevisibilidade. “Há um misto de eventos que poderão causar alterações no imobiliário, uns reforçarão a oferta, como o final das moratórias, encerramento de negócios e desemprego crescente, outros reforçarão a procura, como as taxas de juro baixas, a competição da banca para ceder crédito e os crescentes preços do arrendamento.”
É essa a principal conclusão: "seja um mercado crescente, estável ou em queda, existe uma estratégia de trabalho, e adaptação é o que é necessário”.
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