
O contexto atual de alta inflação e de subida das taxas de juro – o Banco Central Europeu (BCE) deverá continuar a aumentar a taxa de juro diretora – ameaça colocar as famílias portuguesas em situação de fragilidade. O alerta é dado pela Caixa Geral de Depósitos (CGD), que abre a porta a incumprimentos no pagamento das prestações bancárias, nomeadamente no crédito habitação. Também os preços das casas tenderão a cair de forma “abrupta”, refere o banco público, salientando que esta situação “poderá constituir uma ameaça para a estabilidade financeira”.
No relatório de gestão e contas do primeiro semestre, a CGD avisa que “nos últimos anos, e possivelmente decorrente da pandemia, o stock de endividamento das empresas e dos particulares em Portugal tem vindo a aumentar”. Paralelamente, refere a entidade, “a taxa de poupança dos particulares tem sido sistematicamente inferior à média europeia”.
Segundo o banco estatal, “acrescem dificuldades oriundas do atual agravamento das pressões inflacionistas, nomeadamente devido ao conflito na Ucrânia”. “Em particular, a compressão do rendimento real disponível e o impacto do aumento das taxas de juro sobre as prestações dos créditos constituirão os desafios mais prementes nos próximos meses para as famílias e para os bancos, na medida em que estas últimas têm um risco acrescido de incumprimento com as suas obrigações financeiras”, lê-se no documento.
A CGD considera, ainda, que “esta possível fragilidade na situação financeira dos particulares representará, consequentemente, um risco acrescido para os preços no mercado imobiliário residencial, uma vez que a habitação concerne uma parte relevante do seu património global”. “Uma eventual queda abrupta dos preços da habitação poderá constituir uma ameaça para a estabilidade financeira”, escreve a instituição liderada por Paulo Macedo no relatório de gestão e contas do primeiro semestre.
2 Comentários:
Para evitar uma queda abrupta dos preços da habitação, um país envelhecido com população ativa emigrante e uma população só de estrangeiros é crucial as empresas e o estado intervir radicalmente no aumento dos salários, na educação e mão de obra especializada.
Evitar? Para quê? O mercado imobiliário internacional (sendo Portugal um dos mais especulados da Europa) é uma fraude e pura ficção, tem e deve cair e muito. A fábula do crescimento perpétuo com dinheiro injectado através de expansão monetária dos Bancos Centrais é isso mesmo, uma fábula.
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