
Um workaholic é alguém que coloca a carreira no centro de tudo – acima até da vida pessoal, do tempo de descanso ou férias. Trata-se de uma pessoa viciada em trabalho, que não consegue desligar-se das tarefas mesmo nas horas vagas, e que investe mais tempo e energia no trabalho do que é exigido. Mas é preciso perceber as razões que estão por detrás desta atitude. Na realidade, este comportamento pode ser uma armadilha perigosa, e uma ameaça à saúde mental que pode dar origem a estados de burnout.
Trabalhar mais horas que o esperado não é sinónimo de ser um workaholic, até porque é muito fácil ultrapassar esse limite no mercado de trabalho atual. É mais complexo que isso. Segundo um artigo do El País, que ouviu vários especialistas sobre o tema, as definições contemporâneas de workaholic são bem diferentes, e falam de um padrão obsessivo de alto investimento no trabalho, com longas jornadas além de qualquer expectativa.
Michael P. Leiter , psicólogo especialista em relações laborais e professor da Acadia University na Nova Escócia, Canadá, explica ao jornal que “não há número de horas que marque um limite de risco”, mas que tudo depende do contexto.

“Um jovem com poucas responsabilidades familiares pode passar muitas horas a aprender uma nova profissão e a consolidar a carreira. Alguém que inicia um novo negócio, por exemplo, um restaurante, tem que trabalhar muitas horas para se estabelecer. Mas se alguém com futuro profissional garantido e jornada de trabalho bem estabelecida continua a trabalhar longas horas, então é preciso perguntar qual é a real motivação”, explica.
Do vício no trabalho ao síndrome de burnout
Nestor Braidot, especialista em neurociência aplicada à gestão organizacional, explica o que acontece no cérebro de um workaholic. "Quando o sistema de recompensa do cérebro é ativado, por exemplo, no caso de profissionais e empresários que colecionam um sucesso após o outro, ele age de maneira semelhante (embora não idênticos) aos medicamentos comuns. Se for uma pessoa que “vive na empresa” para agradar aos seus superiores, a longo prazo ela pode sofrer do síndrome de burnout, que está associada a um cérebro praticamente sem energia, esgotado”, refere.
Para o especialista, este comportamento pode ter diversas origens. Há quem use como fuga para evitar emoções, em outros há perfecionismo patológico. Também pode haver fatores psicológicos. “Um dos meus clientes, filho do dono de uma empresa de doces, virou workaholic para ganhar o respeito de um pai autoritário”, exemplifica.
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