Casal mudou-se de Lisboa para Leiria com a família e está a reabilitar uma casa antiga. O idealista/news conta a história.
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Mudaram-se da cidade para o campo à procura de uma vida melhor. E foi numa aldeia, em Leiria, que Maiara Vicente e José Luiz Kiefer Damasceno encontraram aquele que viria a ser o seu maior projeto de vida: a remodelação de uma casa com 80 anos e apenas 34 metros quadrados (m2), a precisar de muitas (muitas) obras.

Para poupar, este casal está a fazer toda a remodelação com as próprias mãos. Vivem e trabalham na obra há vários meses, mas não têm dúvidas de que encontraram o lugar perfeito para criar as duas filhas com tranquilidade, segurança e menos custos.

Quando Maiara e José Luiz perceberam que era financeiramente impossível comprar casa no concelho de Cascais, onde residiram inicialmente, decidiram olhar para o mapa de Portugal, sem restrições. Ambos brasileiros, e a viver em Portugal há já alguns meses com as duas filhas, empenharam-se em procurar uma solução para mudar de vida. Estávamos em dezembro de 2020, e Leiria foi a região que lhes mereceu mais atenção.

“Dia 4 de janeiro de 2021 visitámos 10 casas, todas com muita necessidade de obras, em Leiria, e logo na primeira casa sabia que tinha encontrado o meu lugar no mundo”, conta Maiara. Foi nessa altura que o casal começou a partilhar mais detalhes na conta de instagram "A Casa da Mai".

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Continuar a pagar uma renda em Cascais não era solução

Conseguir crédito foi o primeiro grande desafio desta família, e motivo para algumas lágrimas de Maiara. “A casa não tinha cozinha instalada e o crédito habitação não foi possível, por falta de conhecimento... não sabia que era possível pedir dinheiro para obras”, explica. “Optámos por um crédito pessoal, com uma prestação mais cara, mas que ficará paga daqui a sete anos”, acrescenta. Para Maiara, qualquer solução fazia mais sentido do que a renda que pagavam todos os meses por uma casa em Cascais.

Apesar de todas as dificuldades iniciais, que arrastaram o processo por mais de 10 meses, Maiara acredita que a casa estava destinada a ser da sua família. “Por duas vezes quase perdi a oportunidade, mas a renovação do contrato CPCV, garantiu esse sonho, porque logo em seguida aos dias que renovei apareceu um comprador para comprar a pronto pagamento”, adianta.

Maiara confessa que depois do terceiro “não” do banco perdeu totalmente a esperança. “Cheguei a acreditar que era mesmo impossível e eu estava a fantasiar uma hipótese. Doía-me tanto imaginar perder a casa, eu já tinha imaginado criar minhas filhas ali, os únicos quatro vizinhos na rua receberam-nos com tanta simpatia quando fomos conhecer a casa e simplesmente ver tudo escapar das minhas mãos era de partir o meu coração.”

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Transformar 34 m2 em quase 100 m2 e viver nas obras para poupar

A casa custou 25 mil euros e tem um anexo e um pequeno terreno. Maiara preferia um pátio grande, mas esta casa permite a realização de outros sonhos.

“Depois de passar a pandemia num apartamento, ter o mínimo de terreno tornou-se importante conseguimos fazer um sótão com utilização para os quartos das nossas miúdas (acho que é o sonho de toda criança), e vamos transformar o antigo lagar em suíte”, explica. Desta forma os iniciais 34 metros quadrados (m2), divididos entre o piso térreo, primeiro andar e sótão, passaram a 92 m2.

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Para tornar tudo isto realidade, Maiara tem contado com a ajuda do pai, pedreiro, já a morar em Portugal.  “Estamos a fazer muitas coisas sozinhos. O meu marido faz muitas pesquisas na internet e muito estudo para validar a informação adquirida e assim seguimos para a aventura (às vezes exaustiva) de remodelar determinado sítio”, explica.

Os desafios não ficaram pela obtenção do crédito. “Escolhemos morar nas obras para poupar o valor da renda e investir na casa, é um limpa hoje para sujar no fim de semana e paciência com isso”, conta Maiara. E acrescenta alguns episódios especialmente difíceis: “passar dois dias sem casa de banho, trocar o telhado em maio com os aguaceiros a todo momento, e o mais recente foi o isolamento do sótão. O meu marido fez um corte profundo na mão, e a expectativa de ter tudo pronto até o Natal, não se tornou real, inclusive no dia 31 de dezembro estávamos a pintar o sótão”.

O sonho de ter a casa pronta em 2025

Aos “sacrifícios de 2022” juntou-se o desafio do orçamento. “Em 2021 o orçamento era de 14 mil euros em materiais, a mão de obra é nossa e isso ajuda-nos a poupar imenso dinheiro, mas desde lá os preços dos materiais não param de subir (isso é assustador) e creio que, no final, o investimento será num total de 20 mil euros”, acrescenta.

O grande objetivo é ter a casa completamente concluída em 2025. Depois de alguns dias a viver em casa de amigos, concluíram os quartos no sótão, e já têm a cozinha, a casa de banho e uma sala. Tudo isto tem sido feito com obras de remodelação, sem alteração da estrutura da casa, tendo sempre fazer o melhor com aquilo que a casa oferecia, uma espécie de “casinha das avós”.

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“Eu costumo dizer que embora minha idade cronológica seja 31 anos, a minha alma é de uma senhorinha de 89 anos, amo aquele aconchego de casa de avózinha, valorizo levar a vida de uma forma simples e feliz, voltar ao campo”, brinca Maiara.

Sobre esta aventura de comprar casa para remodelar, Maiara reconhece as vantagens financeiras, desde que exista flexibilidade, mas deixa alguns avisos para quem deseja aventurar-se em algo idêntico.

“Os primeiros passos são pedir uma avaliação de crédito, eu fiz ao contrário e senti que inverti a ordem, mas se queres viver com emoção já sabem o caminho a fazer, vejam casas!”.  “Hoje eu entendo a dificuldade em conseguir comprar uma casa, sendo jovem, que muitos colegas portugueses me alertaram, mas nunca duvidem da vossa capacidade de lutar para conquistar aquilo que arde dentro do seu coração e quando se sentir cansado, chore o quanto achar preciso… aprendi que lágrimas lavam a alma e regam o coração”, acrescenta.

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