O idealista/news analisou a evolução e comportamento da procura e oferta deste segmento no país.
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bairros LGBTI+
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O mercado imobiliário LGBTI continua a ganhar espaço em Portugal, refletindo o potencial de crescimento deste segmento, impulsionado pela atratividade do país para a comunidade. Apesar dos desafios, Portugal consolidou-se como destino preferido de investimento, face à segurança e qualidade de vida que oferece. Vários bairros em Lisboa e no Porto, assim como a região do Algarve, têm sido especialmente procurados ao longo dos anos, não apenas pela atmosfera inclusiva, mas também pelas suas características sociais e culturais, de entretenimento e lazer. Mas há cada vez mais zonas emergentes, à medida que mais membros da comunidade olham para Portugal como um bom sítio para viver. O idealista/news volta a analisar em 2024 as tendências e evolução de preços, para saber quanto custa comprar ou arrendar casa nas zonas LGBTI+ friendly.

Em anos anteriores, o Top 3 das zonas LGBTI na Grande Lisboa era ocupado pelo Príncipe Real, Arroios, e Almada e Caparica. Já em 2023, Marvila destacou-se como zona em ascensão. João Passos, consultor e responsável pelo projeto LisboaPride, confirma que estas zonas continuam a ser as mais procuradas em Lisboa e nos arredores. Apesar disso, garante, assiste-se “cada vez mais a uma tendência de descentralização, com a margem sul (Azeitão, por exemplo) e a Costa de Prata a ganharem protagonismo, devido à afluência de clientes estrangeiros”.

bairros arco-íris
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Já no Grande Porto, João Santos, consultor na João das Casas Imobiliária, revela que as zonas de Bonfim, Cedofeita e Foz “tiveram um crescimento enorme nos últimos anos de atração da comunidade LGBTI”, tendo o Bonfim uma expectativa de se tornar um dos bairros inclusivos por excelência. De acordo com o responsável, estes bairros continuam a atrair novos residentes LGBTI, tanto locais quanto estrangeiros, a par com a abertura de novos serviços e comércios com foco na comunidade.

Segundo Nuno Nunes, consultor imobiliário na Keller Williams, “a região do Algarve tem sido cada vez mais popular entre os turistas da comunidade”, nomeadamente pela sua “enorme qualidade de vida”. O responsável frisa as características bioclimáticas especiais, “um clima temperado mediterrânico, caracterizado por invernos curtos e amenos e verões longos”. “A procura pelo Algarve vai muito além das praias, o património histórico e a nossa deliciosa e saudável gastronomia são atributos que atraem milhares de turistas nacionais e internacionais todos os anos e que fazem do Algarve uma das províncias mais procuradas e ricas do país”, explica. Apesar de não identificar bairros em concreto, aponta Tavira e Lagos, mas também Olhão, Faro, Vilamoura, Albufeira e Portimão como zonas atrativas.

Bairros arco-íris 2024 em Portugal

Entre as zonas mais LGBTI friendly identificadas na Grande Lisboa e no Porto pelos especialistas ouvidos pelo idealista/news, salta à vista que a oferta de apartamentos, quer para comprar, quer para arrendar, subiu na sua maioria. Mas a procura de casas tende a descer entre maio de 2024 e o mesmo mês do ano anterior. Já a variação de preços das casas não é linear em ambos os mercados: há zonas onde subiram e outras onde caíram. No mercado de compra e venda, o custo mediano da habitação disparou 20% na Misericórdia, em Lisboa, para 599.500 euros. Mas caiu 12% na Foz do Douro, no Porto, para cerca de 750 mil euros. Já no arrendamento, os preços subiram 10% em Marvila (Lisboa) para 1.650 euros mensais e caíram 4% na Cedofeita (Porto) para 1.200 euros por mês.

Entre estes destinos mais procurados por famílias LGBTI é na freguesia de Santo António onde há casas à venda mais caras, com o custo mediano a ser de 792 mil euros em maio deste ano. E as casas para comprar mais acessíveis encontram-se na Caparica e Trafaria (188 mil euros). No arrendamento, as rendas mais elevadas encontram-se também em Santo António (2.400 euros por mês, em termos medianos) e as mais baratas em Almada (975 euros por mês).

Grande Lisboa

Central e dinâmico: Príncipe Real tem tudo

Com uma atmosfera vibrante e acolhedora, o bairro do Príncipe Real é conhecido pela sua diversidade cultural e vida noturna animada. Além de cafés, lojas e restaurantes, é uma zona que, desde há muitos anos, oferece um ambiente seguro e amigável para a comunidade LGBTI. A localização central é outra das características que tornam o bairro ideal para viver.

Dados do idealista/data até maio de 2024, face ao período homólogo, mostram que esta freguesia registou uma quebra na procura de casas para comprar (-25%) e no volume de oferta (-13%). Já no mercado de arrendamento, observa-se uma subida da oferta (120%) e uma quebra na procura (-29%). Comprar ou arrendar no Príncipe Real está mais caro que há um ano: os preços subiram em ambos os mercados. O valor do m2 na compra e venda está nos 6.769 euros. E no arrendamento nos 26,4 euros.

A freguesia de Santo António continua a ser uma das mais caras para se viver e que vale a pena analisar pela proximidade à freguesia da Misericórdia. Nesta zona, verifica-se uma ligeira quebra na oferta de casas para venda (-1%) e uma subida para arrendamento (100%). A procura de casa para comprar, por sua vez, aumentou, observando-se uma variação de 31%. Já no que diz respeito ao arrendamento, os dados mostram uma descida (-37%). Comprar uma casa em Santo António tem agora um custo mediano de 792.000 euros; já para arrendar será preciso desembolsar em torno de 2.400 euros por mês.

LGBTI
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Viver em Arroios: um pólo multicultural

O bairro de Arroios é uma das áreas mais dinâmicas e multiculturais da capital portuguesa. É conhecido pela sua diversidade cultural, abrigando uma mistura de residentes de diferentes nacionalidades, o que se reflete na variedade de restaurantes, lojas e mercados que oferece.

Podemos constatar que na freguesia de Arroios houve uma quebra na procura, quer no mercado de compra e venda (-2%), quer no de arrendamento (-38%). Mas há mais casas disponíveis no mercado: o stock disponível aumento 24% no mercado de compra e venda e 76% no de arrendamento. Comprar uma casa nesta freguesia tem um custo mediano de 480.000 euros, já as rendas rondam os 1.780 euros mensais.

Almada e Caparica: margem sul a crescer

A combinação de proximidade à capital, ambiente natural e destinos de praia mais populares da região faz de Almada e da Caparica lugares ideais para quem procura um equilíbrio entre a vida urbana e a vida à beira-mar.

Verifica-se uma quebra na procura de casas para comprar e arrendar em Almada (-8% e -43%, respetivamente). Por outro lado, o volume de oferta aumentou nos dois segmentos: o stock de casas para venda aumentou 52% e para arrendar 59%. Comprar uma casa nesta freguesia tem um custo mediano de 250.000 euros. Arrendar casa também está mais caro que há um ano, e será preciso pagar em torno de 975 euros mensais para viver nesta zona.  

Quem estiver à procura de casa para comprar na Caparica e Trafaria terá de gastar em torno de 188.000 euros – o preço registou uma variação de -8% face ao período homólogo. Já para arrendar uma habitação nesta zona será preciso pagar agora cerca de 980 euros mensais. Ainda nesta freguesia, destaca-se o aumento do stock disponível, que aumentou nos dois segmentos.

O bairro trendy de Marvila

Marvila, um bairro histórico na zona oriental de Lisboa, está a emergir como o novo ‘hotspot trendy’ da cidade. Conhecido pelas suas antigas instalações industriais transformadas em espaços culturais, galerias de arte e cervejarias artesanais, atrai uma população jovem e criativa em busca de inovação e autenticidade. A mistura única de tradição e modernidade, refletida nas suas ruas grafitadas e nos edifícios reabilitados, faz deste bairro um polo de efervescência cultural e social.

Face há um ano, em Marvila há mais stock disponível de casas quer para comprar (+50%) quer para arrendar (+118%). Segundo os dados, comprar casa em Marvila tem um custo mediano de 385.000 euros; já para arrendar, o valor ronda os 1.650 euros mensais.

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Grande Porto

Bonfim: um bairro autêntico

O bairro do Bonfim, localizado na cidade do Porto, é uma zona rica em história e cultura. Caracteriza-se por um ambiente residencial tranquilo, embora tenha se tornado cada vez mais popular entre os jovens e turistas, devido ao seu charme autêntico e à proximidade com o centro da Invicta. As ruas estão repletas de pequenos cafés, restaurantes e lojas tradicionais, além dos vários espaços culturais e artísticos.

No Bonfim, a procura aumentou 24% no mercado de compra e venda, mas desceu no arrendamento (-46%). No stock de casas disponíveis verifica-se o inverso: a oferta caiu no mercado de compra e venda (-11%), mas subiu no arrendamento (113%). De acordo com os dados, comprar casa no Bonfim tem um custo mediano de 279.500 euros.

Cedofeita: o bairro 'cool' da Invicta

Com uma combinação de charme histórico, vitalidade cultural e uma localização central, Cedofeita é um dos bairros mais atraentes para se viver no Porto. É um dos mais antigos e charmosos da cidade, com uma atmosfera boémia e artística, marcada pela mistura do tradicional e contemporâneo.

Comprar uma casa na Cedofeita tem um custo mediano de 365.000 euros. Já para arrendar casa serão precisos 1.200 euros mensais. Destaque para o stock de casas disponíveis para arrendamento, que aumentou 151% num ano.

Foz: a joia do Douro

Combinando uma localização privilegiada, um ambiente sereno e uma oferta diversificada de serviços e lazer, o bairro da Foz é um dos lugares mais prestigiados para se viver no Porto. É um bairro que oferece um estilo de vida sofisticado e tranquilo.

Apesar do bairro da Foz continuar a ser um dos mais caros para se viver no Porto, o custo mediano para comprar casa caiu 12%, rondando agora os 749.000. Já o gasto mensal com a renda de uma casa ronda os 1.900 euros. Face há um ano, o stock de casas disponíveis aumentou em ambos os segmentos: 13% no mercado de compra e venda e 52% no arrendamento.

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Algarve: uma região de negócios e investimento LGBTI

De acordo com Nuno Nunes, o mercado imobiliário evoluiu de forma positiva. A comunidade reconhece e elege a região para residir, férias ou investir no imobiliário. “O objetivo é mostrar a região como um local ideal para explorar oportunidades de negócio e investimento, e nos últimos anos têm sido feitos investimentos em unidades de alojamento, tais como, hotéis, alojamento local, destinados à comunidade LGBTI, proporcionando uma melhor e maior oferta e o acolhimento da mesma na região”, indica.

Apesar disso, admite que o mercado na região “teve um pequeno abrandamento, não só devido às alterações políticas em Portugal, mas também devido à conjuntura dos mercados financeiros a nível mundial”. Situação que, diz, “tem vindo a recuperar com a descida das taxas de juro e tomada de posse do novo Governo, com políticas de incentivo à aquisição de habitação”.

Segundo o consultor, “os preços têm evoluído de forma positiva, devido à grande procura e alguma escassez tanto no mercado de arrendamento como no mercado de compra”. Apesar disso, e face à estabilização dos mercados financeiros, sente-se uma retoma na construção de novos empreendimentos, “o que trará no futuro próximo uma maior oferta e uma estabilização tanto nos preços de arrendamento como nos preços dos imóveis para comprar”, remata

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