
Apaixonadas pela arquitetura e pelo design de interiores, duas amigas e profissionais de longa data decidiram transformar um sonho partilhado em realidade. Foi assim que, em 2005, nasceu a Spacemakers, um atelier que vai além da simples criação de espaços bonitos, focando-se em ambientes que refletem histórias, emoções e a essência de quem os habita. A ideia era simples, mas ambiciosa – desenhar lugares que fizessem as pessoas sentir-se verdadeiramente "em casa", seja num projeto residencial, comercial ou de hotelaria. O compromisso de Ana Proença e Célia Mestre, dupla fundadora, continua a ser o mesmo: cada projeto deve ser único, feito à medida, e capaz de tocar vidas.
O percurso das fundadoras começou no mesmo gabinete de arquitetura, logo após a conclusão do curso, mas as suas carreiras seguiram caminhos distintos antes de voltarem a cruzar-se. Essa diversidade de experiências acabou por enriquecer a abordagem criativa do atelier, que hoje assina todo o tipo de projetos, com soluções chave na mão que garantem o acompanhamento integral, do conceito à execução.
Com um portefólio que inclui grandes desafios internacionais, como o projeto do Centro de Estágio da Seleção Portuguesa de Futebol para o Mundial de 2018, na Rússia, a Spacemakers procura equilibrar funcionalidade e estética, acompanhando de perto as tendências que marcam o design de interiores e a arquitetura.

Em 2025, a sustentabilidade continuará a ser um pilar central, com a integração de materiais ecológicos como madeiras certificadas, bambu e tecidos reciclados. As linhas curvas e formas orgânicas no mobiliário mantêm-se em destaque, acompanhadas por uma paleta de tons terrosos – terracota, areia e argila – que evocam uma conexão com a natureza.
O 'upcycling' e a reutilização de móveis antigos, combinados com peças contemporâneas, prometem trazer autenticidade e personalidade aos espaços. Paralelamente, o maximalismo ganha terreno, com a mistura ousada de estilos, padrões e cores vibrantes, refletindo uma busca crescente pela individualidade no design.
Da integração de tecnologia aos projetos de reabilitação, passando pela importância de criar espaços com alma, as fundadoras da Spacemakers partilham nesta entrevista a filosofia que está por detrás de cada projeto.
O que inspirou a criação da Spacemakers?
Unidas pela paixão pela arquitetura e pelo design de interiores, criámos a Spacemakers com o objetivo de transformar sonhos em realidade, de dar vida a espaços que fossem muito mais do que paredes, criando ambientes com alma.
Conhecemo-nos no início das nossas carreiras, no primeiro gabinete de arquitetura onde trabalhámos, logo após terminarmos o curso. A vida foi acontecendo, cada uma com o seu percurso profissional, a acumular experiências enriquecedoras e explorar diferentes áreas, mas o desejo de voltarmos a cruzar os nossos caminhos nunca desapareceu.
Queríamos construir um atelier onde cada projeto fosse único, feito à medida de quem nos procura, e onde a criatividade se aliava ao rigor técnico.
Quando fundámos a Spacemakers, em 2005, o nosso objetivo era simples: desenhar lugares que contassem histórias e fizessem as pessoas sentir-se "em casa", seja num espaço residencial ou comercial. Queríamos construir um atelier onde cada projeto fosse único, feito à medida de quem nos procura, e onde a criatividade se aliava ao rigor técnico.
O que realmente nos permitiu arriscar foi esta vontade de fazer a diferença, onde mais do que criar espaços bonitos, queríamos tocar vidas. E é isso que nos move até aos dias de hoje.
“A nossa filosofia é simples. Sai do coração e conta a nossa história.” Podem explicar?
Cada projeto desenvolvido na Spacemakers é único, resultado de um trabalho feito lado a lado com os clientes, onde mergulhamos nos seus universos e procuramos conhecer as suas rotinas e paixões, atentas a todos os pormenores e traços de personalidade que os distinguem. Queremos que os espaços não sejam apenas funcionais ou estéticos, mas que sejam um reflexo de emoções, memórias e história.

No fundo, é isso que significa "sair do coração": é colocar toda a nossa paixão, dedicação e visão em cada projeto, enquanto ajudamos os nossos clientes a contarem a sua própria história e a criarem memórias nos espaços onde vivem e/ou trabalham. É algo que fazemos com amor à camisola.
A que tipo de projetos se dedicam? Há algum segmento da vossa “preferência”?
Dedicamo-nos a projetos de todas as dimensões e estilos. Abraçamos uma grande variedade de projetos, desde residenciais privados, aos projetos corporate e, também, no ramo da hotelaria. São maioritariamente projetos de arquitetura de interiores e design de interiores e decoração, com soluções chave na mão, garantindo assim um acompanhamento completo, do conceito até à execução.
Abraçamos uma grande variedade de projetos, desde residenciais privados, aos projetos corporate e, também, no ramo da hotelaria
A personalização é central no vosso trabalho. Como equilibram funcionalidade e estética nos projetos?
Acreditamos que a funcionalidade e a estética caminham lado a lado. Cada projeto é pensado para responder às necessidades práticas dos nossos clientes, mas sempre com atenção ao detalhe e à harmonia visual.
Conseguem identificar o projeto mais desafiante que desenvolveram até hoje? E porquê...
Sem sombra de dúvidas foi o projeto de design de interiores na Rússia para o Centro de Estágio da Seleção Portuguesa de Futebol, no Campeonato Mundial em 2018. Para além da distância e do curto prazo para finalizar o projeto, também a barreira linguística e as diferenças culturais tornaram este um desafio ainda mais complexo.
Adaptar as opções estéticas do projeto ao mercado russo, garantindo simultaneamente o cumprimento de normas de certificação local para materiais e mobiliário – que são distintas das europeias – exigiu que a nossa equipa planeasse com a antecedência possível todos os procedimentos, através de visitas regulares ao país para acompanhamento de todas as fases do projeto para colmatar quaisquer adversidades.

Os projetos de reabilitação de interiores são uma das vossas apostas. Quais são os principais desafios deste segmento?
Num projeto de reabilitação de interiores um dos maiores desafios é encontrar um equilíbrio entre a viabilidade técnica daquele espaço com o que o cliente sonhou e idealizou para o mesmo. Temos muitas vezes que trabalhar com estruturas e infraestruturas antigas que podem dificultar determinadas alterações e, por isso, é muito importante contarmos com uma equipa multidisciplinar que, em conjunto, pensa na melhor solução, garantindo a funcionalidade e autenticidade do projeto sem comprometer o design.
Que conselhos dariam a clientes que querem remodelar uma casa com um orçamento limitado?
Com um orçamento limitado o truque é, precisamente, fazer as melhores escolhas e isso, na maioria das vezes, pode ser assegurado por uma equipa profissional, cuja experiência permite-nos utilizar da melhor forma o investimento que o cliente dispõe, valorizar da melhor forma o espaço, o conforto e a sua vivência.
No caso de um espaço totalmente vazio. Como começar do zero?
Pode até parecer assustador, mas o vazio é um universo de possibilidades. É fundamental o cliente transmitir os objetivos, expectativas e ambição para o seu projeto. Depois de 20 anos de experiência a ler pessoas desenvolvemos uma sensibilidade apurada o que nos permite ter muita plasticidade a interpretar emoções e transformá-las em design, criando ambientes que refletem verdadeiramente quem os habita.
Pode até parecer assustador, mas o vazio é um universo de possibilidades

Qual é o papel dos materiais eco-friendly/sustentabilidade nos vossos projetos?
Os clientes estão cada vez mais conscientes da importância de escolhas ecológicas, e o design sustentável está a ganhar terreno e aumenta até o valor dos imóveis. Para além de reduzirem a pegada ecológica do projeto, os materiais ecológicos têm por vezes mais durabilidade, reduzindo a necessidade de substituição, e, ainda, alguns possuem bons comportamentos térmico e acústico, como madeiras, cortiça, entre outros.
A utilização de materiais eco-friendly não compromete o design e, dependendo da forma como são abordados no projeto, podem até acrescentar valor e autenticidade.
Para além da sustentabilidade, que valores consideram essenciais no design de interiores moderno?
- Personalização e Identidade: trabalhamos sempre com a meta que o projeto deve refletir a personalidade e o estilo de vida do cliente, não há pessoas idênticas, portanto não há dois projetos iguais;
- Durabilidade e Qualidade: que passa pela nossa aposta na escolha de mobiliário, matéria-prima e materiais, sempre que possível portugueses, tecidos e texturas de qualidade, pois influenciam a perceção de conforto.
Quais são as tendências de design e arquitetura para 2025?
Em 2025, o design de interiores reflete a crescente preocupação com a pegada ambiental e sustentabilidade, através da integração de elementos naturais, como madeiras certificadas, bambu, a utilização de materiais ecológicos (como tecidos orgânicos e reciclados). Também as linhas curvas e formas orgânicas em mobiliário e elementos arquitetónicos continuam a ser tendência. Já as cores tendência são os tons terrosos, como terracota, areia e argila.
Também as linhas curvas e formas orgânicas em mobiliário e elementos arquitetónicos continuam a ser tendência.

Há uma aposta crescente em materiais reciclados e naturais, como o upcycling, que é o processo em que móveis e objetos são feitos a partir de materiais reutilizados. Outra tendência sustentável é o uso de móveis antigos, de herança ou encontrados em feiras e antiquários, que são peças únicas que trazem personalidade ao projeto, mas há que combinar esses elementos com outros contemporâneos para conseguirmos uma composição harmoniosa.
Em contraponto assiste-se à tendência do maximalismo, isto é a mistura de estilos, padrões, a utilização de cores marcantes como expressão de sofisticação e de individualidade.
No entanto, as tendências não são regras, a nossa filosofia é interpretar o briefing do cliente de forma única, transmitindo a nossa identidade criativa de uma forma intemporal e personalizada para o cliente.

A integração tecnológica em espaços residenciais e comerciais é uma tendência crescente. Como abordam este tema nos vossos projetos?
Soluções de automatização e a incorporação de dispositivos inteligentes tornam-se cada vez mais comuns, uma vez que melhoram a funcionalidade e a eficiência energética das casas. Já os sistemas de iluminação, climatização e segurança conectados são exemplos desta tendência que procura simplificar a vida quotidiana, proporcionando maior conforto, mas sob um olhar atento para a sustentabilidade.
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