Esta quinta-feira viajamos até ao Canadá para conhecer uma casa de sonho, com uma arquitetura única que, além do design estético, foi pensada a nível funcional para dar resposta aos desafios da sua localização. O ruído dos automóveis pode ser bastante incómodo no interior de uma habitação se não existir um bom isolamento de janelas e paredes. Até o próprio design da casa pode influenciar para que o tráfego diário se oiça em maior ou menor número de decibéis.
Mas esta situação não é exclusiva dos espaços urbanos com grandes avenidas; pode ocorrer também em áreas rurais, como numa montanha ou junto a um lago. Não é uma situação tão recorrente como na cidade, mas pode acontecer, sobretudo quando a estrada passa próxima do meio natural.
Como nasceu o projeto?
Foi precisamente uma dessas situações que levou o estúdio de arquitetura Naturehumaine a encontrar soluções para reduzir o ruído no interior da casa proveniente de uma estrada que passa junto a um lago, através da construção de um muro de tijolo.
Duas fachadas diferenciadas anti-ruído
Situada entre um lago e uma estrada no Quebeque (Canadá), a habitação, batizada como Palissade, está adaptada ao terreno em que se insere, inclinado e estreito, no meio de vistas idílicas para o lago e de uma estrada.
Por essa razão, a parte traseira da casa apresenta-se aberta, com grandes janelas, enquanto a parte frontal se mostra fechada, com um muro e pequenas aberturas que limitam os olhares e o ruído do tráfego rodoviário.
Para reduzir estes inconvenientes, o estúdio Naturehumaine recorreu ao uso do tijolo tanto na fachada frontal como nas laterais, criando uma espécie de “empalizada de tijolo”, perfurada unicamente por uma faixa de janelas horizontais. Segundo explica o estúdio: “trabalhando com um terreno extremamente estreito e próximo da estrada de acesso, a intenção era tratar a fachada virada para a rua como uma empalizada para proteger os ocupantes de possíveis vistas e ruídos”.
Em contraste, encontra-se a fachada traseira, a que dá para o lago, que apresenta grandes aberturas que permitem ligar o interior da habitação ao seu ambiente envolvente. Assim o define o próprio estúdio: “Pelo contrário, a fachada virada para o lago foi desenhada em transparência, com generosas portas de correr e superfícies envidraçadas para maximizar as vistas sobre a água”.
Luz e madeira no interior para um ambiente aconchegante
A habitação Palissade está distribuída em dupla altura, o que corresponde a uma superfície de 294 m². A sua estrutura caracteriza-se por estar desenhada em bloco, com um cave de betão e um nível superior em tijolo.
Todo o conjunto é coroado por um telhado piramidal metálico, rematado por uma claraboia central que proporciona a entrada de luz natural para o interior da casa. Adjacente a este edifício principal existe uma garagem independente, também construída em tijolo, seguindo a mesma linha estética.
O acesso à habitação faz-se a partir da estrada. Entre os dois edifícios, por detrás da fachada frontal, encontra-se um discreto corredor que conduz à entrada da casa. Esta entrada dá para um closet intermédio entre o exterior e a cozinha, a sala de jantar e a sala de estar.
Estes espaços, concebidos em planta aberta, são iluminados por uma claraboia retangular e encontram-se ladeados por um alpendre com vistas para o lago.
Um dos principais conceitos valorizados pelo estúdio foi a necessidade de trazer luz ao coração da casa. Por isso, optou-se pela incorporação de uma ampla claraboia na parte central da cobertura. “A ideia concretiza-se trabalhando com uma forma retangular básica, rematada com um telhado de quatro águas, do qual extraímos uma forma piramidal no núcleo interior da casa, deixando assim entrar uma luz no interior da habitação”, explicam a partir do estúdio.
No interior destaca o uso da madeira para criar um ambiente acolhedor e quente. Os tetos estão revestidos com pranchas de cedro e os armários e as portas são elaborados em madeira de cerejeira. Também a escada que conduz à cave está totalmente revestida em madeira.
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