
Está-se a assistir em Portugal a um salto do número de créditos hipotecários que não servem para comprar casa, mas têm um imóvel como garantia. Trata-se de uma forma de obter empréstimos mais baratos que podem ser utilizados para vários fins, como a compra de automóveis ou outros bens associados à habitação. As transferências de contratos com reforço do montante ajudam a explicar este aumento, revela o Banco de Portugal (BdP).
Foi registado no nosso país um aumento na contratação de outros créditos hipotecários, isto é, contratos de que não têm finalidade habitação, mas que são garantidos por hipoteca sobre um imóvel. “Foram celebrados 35.520 novos contratos de outros créditos hipotecários em 2024 (mais 44,2% do que em 2023) e concedido um montante inicial global de cerca de 2,1 mil milhões de euros (mais 58,4%)”, revela o supervisor português liderado por Mário Centeno.
Também o montante médio por contratos de outros créditos hipotecários aumentou 9,8% neste período passando para 60.061 euros em 2024, lê-se no Relatório de Acompanhamento dos Mercados de Crédito divulgado na semana passada.
Mas o que justifica este aumento destas hipotecas no país? “De acordo com a informação qualitativa obtida junto das entidades supervisionadas, as transferências de outros créditos hipotecários entre instituições, com reforço dos montantes de crédito nos processos de transferência, foram o principal fator de estímulo deste crescimento”, explica o BdP. Ou seja, as famílias aproveitaram a diferença entre o valor em dívida e do imóvel para pedir créditos por montantes superiores.
E para que servem estes créditos hipotecários que não têm a finalidade de comprar casa? “Este tipo de crédito pode ter finalidades específicas, como a consolidação de créditos anteriormente detidos pelo cliente bancário, a aquisição de veículos automóveis ou bens associados à habitação”, revela ainda. Mas também pode ser concedido “sem identificação da finalidade do empréstimo, o que corresponde à generalidade dos contratos deste tipo reportados ao Banco de Portugal” (99,5% do número de contratos).
A grande vantagem está nos custos associados a este tipo de crédito hipotecário face a outros tipos de empréstimos ao consumidor. Nos outros créditos hipotecários celebrados em 2024, a TAEG [Taxa Anual de Encargos Efetiva Global] média foi de 7,1%, estando mais próxima da TAEG média nos novos créditos habitação (5,9%), do que o custo médio dos créditos aos consumidores (12,8%).
“As taxas de juro nos outros créditos hipotecários, pela sua natureza, tendem a ser superiores às do crédito à habitação, razão pela qual as TAEG médias são naturalmente mais altas quando comparadas com as do crédito à habitação”, conclui o regulador português.
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