
Tal como já havia sido antecipado pelo mercado, estamos a assistir ao início da inversão do ciclo de descida dos juros no crédito habitação. Em junho, só as taxas Euribor nos prazos mais curtos voltaram a cair, enquanto a taxa a 12 meses estabilizou. Tudo indica, assim, que os juros só terão espaço para cair nos próximos meses, mas não no longo prazo. Explicamos, com recurso a simulações, como ficam as prestações da casa nos novos empréstimos habitação contratados em julho.
No último mês, as taxas diárias da Euribor muito oscilaram. Por um lado, tiveram um incentivo para descer com o novo corte de 25 pontos base dos juros decidido pelo Banco Central Europeu (BCE) na reunião de 5 de junho. Mas, por outro, a subida de tom do conflito do Médio Oriente em meados do mês gerou uma subida da Euribor durante várias sessões, pelos receios do aumento da inflação e quedas nas bolsas. Só depois de as tensões entre o Irão e Israel terem abrandado, no final do mês, é que as taxas voltaram a cair, mas sem compensar as subidas anteriores.
Perante este turbilhão de acontecimentos, a Euribor manteve-se estável a 12 meses e desceu apenas nos prazos mais curtos, passando a assumir os valores mais baixos de todos. Esta alteração indica que este indexante tem apenas espaço para descer no curto prazo, tal como explicamos aqui. Estas são as médias mensais da Euribor para todos os prazos em junho:
- Euribor a 12 meses: fixou-se em 2,081% em junho, exatamente o mesmo valor que maio;
- Euribor a 6 meses: média mensal voltou a cair para 2,050%, menos 0,066 pontos percentuais (p.p.) face ao mês anterior;
- Euribor a 3 meses: desceu para 1,984% em junho, uma redução mensal de 0,103 p.p.;
A par de tudo isto, a evolução da Euribor também reflete as perspetivas do mercado sobre o rumo da política monetária do BCE. E não deverá estar a descontar um novo corte nos juros diretores, uma vez que tudo indica que o regulador liderado por Christine Lagarde vai manter as taxas inalteradas na próxima reunião agendada para 24 de julho.
Como ficam as prestações da casa em julho?
Perante este comportamento da Euribor, as prestações da casa nos novos empréstimos habitação só vão ficar mais baratas para quem contratar os prazos mais curtos, isto comparando com as condições do mês anterior. É isso que mostram as simulações do idealista/créditohabitação, que têm em conta um empréstimo da casa a taxa variável contratado em julho (que usa a média mensal da Euribor de junho) no valor no valor de 150.000 euros, com spread 1% e prazo de 30 anos:
- Euribor a 12 meses: aqui a prestação da casa será de 638 euros nos doze meses começados em julho, o mesmo valor registado no mês anterior;
- Euribor a 6 meses: a prestação da casa a pagar em julho e nos cinco meses seguintes será de 636 euros, menos 6 euros face à prestação calculada para um crédito assinado em junho;
- Euribor a 3 meses: a prestação da casa será de 630 euros nos primeiros três meses do contrato, menos 9 euros face ao mês anterior.
Ainda assim, as famílias que contrataram créditos habitação a taxa variável (ou mista em período variável) vão sentir alívios na prestação para todos os prazos. Embora a Euribor a 12 meses se tenha mantido estável face ao mês anterior, está bem mais baixa face há um ano (quando registou 3,65%). Também a média mensal da Euribor a 6 meses em junho está mais reduzida do que no início do semestre (2,614%) e a Euribor a 3 meses caiu 0,265 p.p. num trimestre. De notar que a dimensão da descida da prestação da casa depende também do montante em dívida, além do ano do contrato e condições do empréstimo.
Como vai evoluir a Euribor nos próximos meses?
Ao que tudo indica, a Euribor tem apenas margem para descer no curto prazo, sobretudo as taxas a 3 e a 6 meses. E a sua evolução não só dependerá das decisões do BCE, nomeadamente na próxima reunião de política monetária agendada para 24 de julho, mas também do desenvolvimento do conflito do Médio Oriente e das tensões comerciais vindas dos EUA.
Uma das opiniões mais aceites no mercado é que o BCE vai optar por manter os juros inalterados em julho, perante as a incerteza global e ameaças à inflação (através das subidas do preço do petróleo e tarifas de Trump, por exemplo). Os analistas da Ebury Portugal acreditam que “o BCE levará todo ou quase todo o verão a avaliar a situação tarifária antes de tomar uma decisão sobre as taxas”, prevendo-se apenas que haverá apenas mais um corte dos juros diretores antes do final do ano.
“Assim, na ausência de grandes surpresas, poderemos ver a Euribor a 12 meses a estabilizar durante o verão, até que o BCE esteja pronto para flexibilizar a sua política monetária pela última vez neste ciclo”, antecipam os mesmos especialistas.
As perspetivas são bem mais animadoras para as taxas Euribor nos prazos mais curtos. As curvas 'forward' – que indicam a expectativa do mercado em relação à fixação das taxas futuras - mostram que a Euribor a 3 e a 6 meses deverão continuar a descer até ao final do ano, ainda que ligeiramente, fixando-se em 1,83% e em 1,89% em dezembro, respetivamente. Atualmente, estima-se que estas taxas possam atingir o mínimo em meados de abril de 2026, mês a partir do qual vão iniciar um novo ciclo de subidas.
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