Mas impacto real nas prestações da casa é muito pequeno. Procura por crédito para comprar casa vai manter-se forte.
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Euribor e prestações da casa
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As taxas Euribor subiram ligeiramente nos últimos meses, estando acima dos 2%. E os bancos estão a reagir a esta evolução, aumentando também um pouco o custo dos financiamentos. É este o cenário atual do crédito habitação em Portugal, que acaba, ainda assim, por ter pouco impacto no aumento das prestações da casa. E não se vislumbram grandes mudanças para 2026.

Apesar de o Banco Central Europeu (BCE) manter os juros diretores inalterados há quatro reuniões consecutivas – a última manutenção decidida esta quinta-feira, dia 18 de dezembro –, a Euribor tem assumido uma evolução ascendente, embora muito contida. Em novembro, as médias mensais da Euribor subiram para todos os prazos, deixando a taxa a 12 meses em 2,217% e a taxa a 6 meses em 2,131%. E tudo indica que em dezembro haverá um novo aumento das taxas Euribor, uma vez que as médias mensais provisórias encontram-se ligeiramente acima destes valores.

E a banca parece estar a reagir a esta evolução ascendente da Euribor. O inquérito bancário do BCE indicou que a perspetiva das instituições financeiras para o fim deste ano passava por um “ligeiro aperto dos critérios de crédito para empréstimos imobiliários”. E embora o Banco de Portugal não tenha previsto alterações neste sentido, parece que estão a ocorrer.

É o que sente Miguel Cabrita, responsável pelo idealista/créditohabitação em Portugal, que observou “uma ligeira subida da curva das taxas, tanto na Euribor como no custo do financiamento a 10-15 anos, e as instituições financeiras estão a reagir com ligeiros ajustes de preços para cima”. Mas, sublinha, que “o impacto real será muito pequeno, uma vez que o aumento das prestações mensais pode ser assumido”.

“Neste cenário, prevemos que a atividade de crédito habitação se mantenha forte nos próximos meses no que diz respeito a novos empréstimos”, sublinha Miguel Cabrita, acrescentando os bancos também deverão “continuar com apetite elevado para conceder crédito habitação”. Agora, os especialistas admitem que a concorrência dos bancos vai passar por selecionar clientes com melhor crédito, ao invés de se focar na guerra de spreads.

Já a transferência de créditos habitação por via da troca de bancos “vai manter-se em níveis mínimos”, reconhece o especialista, até porque agora as condições são menos atraentes do que antes. O que se vai observar é “um movimento entre aqueles que contrataram créditos a taxas mistas a 3-5 anos e que agora os estão a atingir o fim do período fixo, procurando uma alternativa às taxas variáveis ​​que lhes proporcionem segurança para os próximos anos”, acrescenta o responsável pelo idealista/créditohabitação em Portugal.

Crédito habitação em Portugal
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Euribor termina 2025 acima de 2% - poderá haver descida em 2026?

Neste momento, as taxas Euribor não têm incentivos para voltar a descer. Isto porque o BCE voltou a manter os juros inalterados esta quinta-feira, dia 16 de dezembro. E os especialistas de mercado antecipam que não deverá haver grandes mudanças na política monetária em 2026 – se houver será uma ligeira subida ou um pequeno corte. 

É neste cenário de manutenção dos juros do BCE por quatro reuniões consecutivas, que os analistas da Ebury Portugal estimam que a Euribor a 12 meses deverá terminar este ano perto do nível atual de 2,2%. Por outro lado, os analistas do Bankinter acreditam que a Euribor a 12 meses irá oscilar entre 2,25% e 2,35% nos próximos dois anos, em linha com a média até agora em dezembro (2,272%) e acima das previsões anteriores (2,1%). 

Para 2026 há perspetivas vindas de Portugal que apontam para ligeiras descidas da Euribor. O Governo português antecipa que a Euribor a 3 meses cairá para 2,0% em 2026, depois de se fixar em 2,1% este ano, lê-se no relatório que acompanha a proposta de Orçamento do Estado para 2026 (OE2026). Também o Conselho de Finanças Públicas projeta que a Euribor a 3 meses deverá cair para 1,9% em 2026. Note-se que a taxa no prazo mais curto é atualmente a mais baixa entre as três, situando-se em 2,042% em novembro.

Caso se observem ligeiras descidas da Euribor ao longo de 2026, assim ficam as prestações da casa para novos empréstimos habitação a taxa variável com Euribor a 6 meses de 150.000 euros (com spread de 0,7% e prazo de 30 anos), tal como revelam as simulações preparadas pelo idealista/créditohabitação:

  • se a Euribor a 6 meses cair dos atuais 2,131% (média mensal de novembro) para 2,00% significa que as prestações mensais vão descer de 618 euros para 608 euros (menos dez euros);
  • se a Euribor a 6 meses descer para 1,95%, as prestações da casa serão de 604 euros, uma redução de 14 euros face a quem contratou o crédito em dezembro de 2025 (que usa a taxa média mensal de novembro).

Importa recordar que quem optar pela Euribor a 3 ou a 6 meses vai ver as prestações da casa ajustadas mais rapidamente às variações do mercado, embora tudo indique que estas mexidas sejam pequenas. Já a Euribor a 12 meses garante prestações estáveis durante um ano inteiro. 

Para ter ainda maior previsibilidade no orçamento, a maioria das famílias em Portugal tem optado por taxas mistas, que fixam os juros no período inicial do contrato seguido de um período variável. Além disso, as taxas mistas encontram-se mais baixas que as próprias taxas variáveis.

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