Em entrevista ao idealista/news, mentores do evento desvendam alguns dos "segredos" que têm preparados para mais um evento dedicado ao presente e futuro do imobiliário.
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Em tempos de incerteza e de (muitas) dúvidas, “O Desafio” regressa num formato diferente e inovador para debater o presente e o futuro do imobiliário. Ao longo de uma série de 6 episódios online, os seus mentores, Massimo Forte e Gonçalo Nascimento Rodrigues, vão esmiúçar os princípios básicos e as tendências de investimento, métodos e novas formas de trabalhar e ainda os cenários e impactos pós-Covid-19 no país e no mundo. Em entrevista ao idealista/news, levantam mais um pouco da “ponta do véu” sobre aquilo que têm vindo a preparar. Uma coisa é certa: adaptação e digitalização são novas palavra de ordem. O evento conta, mais uma vez, com o apoio exclusivo do idealista. 

“O Desafio”, que ao longo dos anos tem atraído milhares de profissionais do mercado imobiliário também teve de saber reinventar-se e adaptar-se à nova realidade. O “pontapé de saída” acontece amanhã, dia 5 de maio de 2020, das 15h às 16h30, na plataforma zoom - o programa completo está disponível aqui. Cada um dos episódios, guiados por cada um dos mentores, ou pelos dois, terá uma hora de apresentação e uma hora de debate com o público. Demarcando-se da “futurologia”, porque não há respostas concretas e fechadas sobre o que aí vem, os especialistas vão abordar um vasto número de temas, ligados às dinâmicas do mercado imobiliário, à sua história e evolução.

Gonçalo Nascimento Rodrigues conta que começaram desde há umas cinco/seis semanas a pensar numa alternativa perante uma eventual impossibilidade de fazer o evento de forma presencial e que, portanto, a “alternativa claramente era uma alternativa virtual mas tinha que ser diferente”. “Não podia ser um evento de meio dia. Dificilmente nós conseguimos colocar pessoas durante três ou quatro horas em frente a um computador a absorver conteúdos e claramente o produto tinha que ser adaptado”, explica.  Adianta ainda que, apesar de darem voz a esta série de episódios exclusivos, “no final do dia os principais atores e protagonistas de mercado são aqueles que decidirem participar neste evento”.

“O desafio não pode parar”, acrescenta Massimo Forte, que está seguro de que “vão conseguir com certeza fazer um evento de enorme qualidade”. “É o que nós queremos, é que ele seja mesmo um evento de enorme qualidade, com conteúdo relevante e importante, que as pessoas considerem e possam aplicar no dia seguinte”, sublinha. O especialista acredita que os agentes vão defrontar-se agora, e mais que nunca, com uma nova realidade. E ainda que as características de mercado sejam as mesmas, diz, “as coisas mudaram abruptamente”, algo que “requer dos players, principalmente da mediação imobiliária, um grande nível de adaptação".

Mas os desafios não são apenas de mercado. Os desafios são, também eles, pessoais, lembra Gonçalo Nascimento Rodrigues. “Os desafios são muito pessoais, desde como lidar com esta quarentena, com este distanciamento social, fechados em casa. Dia após dia, semana após semana, com a família, com crianças pequenas que necessitam de apoio, ao mesmo tempo que temos de ser capazes de dar resposta à componente mais profissional, estar próximos das pessoas, dos clientes, de termos as nossas reuniões, de marcarmos as nossas formações ou no nosso caso de conseguimos dar aulas”, refere.

Para desvendar mais um pouco da “ponta do véu” sobre o que aí vem, ao longo dos 6 webinares, o idealista/news lançou o desafio aos mentores: responderem a este fast-check de perguntas e respostas. Eis o que defendem Massimo Forte (MF) e Gonçalo Nascimento Rodrigues (GR).

A pandemia veio mudar tudo. No imobiliário, em particular, que mudanças já conseguem identificar?

MF: Mudar tudo, acho que não, eu diria que vai mudar a forma de trabalhar, mas não o mercado em si e principalmente as suas características. Nitidamente veio acelerar a digitalização da forma como operacionalizamos é um momento único para a profissionalização e evolução da mediação imobiliária.   

GR: As mudanças mais evidentes prendem-se com formas de trabalho. A transição para o trabalho de casa com a ajuda de ferramentas tecnológicas tornou-se fundamental. Na prática, a pandemia veio acelerar um processo que já estava naturalmente em marcha. O recurso a vídeochamadas, reuniões virtuais, visitas virtuais tornou-se um hábito já junto de alguns players. A realização de webinars, também, como é exemplo "O Desafio". No fundo, o mercado está a fazer um esforço notável de adaptação em tão curto período de tempo.

O setor estava mais bem preparado para lidar com uma situação inédita como esta?

MF: Na generalidade não, tal como muitas outras atividades. O mais interessante é que o nosso setor tinha liquidez e já tinha as ferramentas para o fazer, um exemplo destas ferramentas são as visitas virtuais. O que está a ser posto à prova é maioritariamente a capacidade de adaptação aos vários touch points do negócio.

GR: O mercado imobiliário está bastante mais profissional e estruturado tendo atingido um importante ponto de maturidade. É óbvio que há ainda muito por fazer, principalmente em componentes mais processuais. A digitalização de todo o processo de aquisição de um imóvel, por exemplo. A informatização e digitalização de processos camarários e de projetos. Há ainda muito por fazer, mas o mercado reagiu bem porque está bastante mais bem preparado.

Muitas pessoas devem fazer-vos chegar inúmeras questões. Quais são as principais preocupações e dúvidas?

MF: Quanto tempo que vai demorar o voltar à normalidade e se os valores vão baixar e quanto.

GR: Quanto é que os preços vão cair! Esta é a principal pergunta. Os preços vão cair? Quanto? Quando? Será boa altura para investir? Tudo perguntas sem respostas. É muito prematuro tirar conclusões em tão curto espaço de tempo e relativamente a um ativo que é rígido e tende a responder lentamente a estímulos externos.

Qual a vossa perceção do mercado? Como está a comportar-se no segmento de compra e venda? E o arrendamento?

MF: O mercado é lento, estamos ainda a analisar os números do último trimestre, nitidamente a baixa das transações é abrupta. Existem várias teorias, tudo vai depender do tempo e de qual será a real dimensão da crise a nível económico. Repito, o mercado imobiliário é lento e poderá recuperar ao nível de número e transações porque a necessidade continua a existir, no entanto, a mudança de ciclo é inevitável e na minha opinião já estava a acontecer tal como eu e o Gonçalo Nascimento Rodrigues referimos no nosso último dedicado ao setor “O Desafio 2019”.     

GR: O mercado parou. As transacções nas últimas semanas, desde o princípio do confinamento e distanciamento social são residuais. Mas nas transações ocorridas, não se regista para já quebras de preços. Já no arrendamento, a situação é diferente derivado do fenómeno do Alojamento Local. Com o congelamento do mercado turístico, a oferta de AL ficou vazia e sem procura. E essa procura tenderá a demorar algum tempo a voltar. Entende-se assim a colocação de algum stock no mercado de arrendamento como forma de procurar gerar algum cash-flow. Resta saber se este movimento não será meramente conjuntural. Além disso, grande parte da oferta é de reduzida dimensão – T0 e T1 – que não será totalmente absorvida pelo mercado que procurará também outras tipologias.

Sem querer fazer futurologia, quais são as vossas expectativas para o curto e longo prazo?

MF: Em termos de mediação imobiliária, no curto espero uma adaptação rápida à nova realidade e procedimentos por parte dos profissionais da mediação imobiliária, no longo prazo poderemos ter uma nova mediação imobiliária baseada na relevância e qualidade de serviço que terá de trazer consequentemente a profissionalização certificada do setor. 

GR: É isso mesmo. Não faço futurologia! Esta crise é tão especial e tão única que é difícil perceber o que irá acontecer. Mas há pistas que podemos seguir. E há indicadores que nos podem permitir navegar melhor. Nada com assistir a "O Desafio" e perceber quais são!

Os anos anteriores foram de sucesso para “O Desafio”. Esperam uma grande “audiência” também este ano? Receberam muitas inscrições até ao momento?

MF: As inscrições estão surpreendentemente a bom ritmo, a estratégia do evento e a qualidade dos conteúdos tem vindo a ser reconhecida ao longo dos anos e este ano, num formato totalmente diferente que adaptamos rapidamente, não será diferente no objetivo, apenas será diferente na forma. Com toda a sinceridade, temos muita pena de não podermos fazer o evento ao vivo, somos pessoas que gostam de estar com pessoas, mas estamos expectantes para perceber se a envolvência se vai manter e para isso contamos com a participação dos profissionais e curiosos inscritos!

GR: Nada substitui o contacto pessoal. Para mais neste setor de actividade que é relacional e não transacional. Nós também sentimos falta disso e os players de mercado não pensarão diferente. A adesão a esta 1ª temporada online está a correr dentro das nossas expectativas mas sabemos que o impacto seria diferente se o evento tivesse seguido o seu curso normal. Os tempos não nos permitem fazê-lo pelo que temos de adequar a oferta à realidade atual do mercado. Foi o que fizemos e a resposta do público não nos surpreendeu.

O que vão tentar fazer de diferente para se destacarem?

MF: Não há segredos, vamos partilhar o nosso know how desenvolvido com a partilha entre muitos profissionais de Portugal e de outros países...o segredo é ajudar e trazer informação relevante para os profissionais do imobiliário para enriquecer o nosso setor para que o setor possa depois ajudar cada vez mais pessoas.

GR: Já estamos a fazer! Quer o Massimo, quer eu, procuramos fazer um grande esforço de disponibilizar conteúdos e informação ao mercado nas redes sociais. Fizemos inquéritos, divulgamos resultados, fizemos lives e procuramos tirar as dúvidas que as pessoas tinham. Além disso, transformarmos "O Desafio", um evento anual de meio dia, numa série. Lançamos agora a 1ª Temporada com 6 episódios que irão permitir a quem estiver presente adquirir bases fundamentais de compreensão dos ativos imobiliários, ficando assim apto a navegar melhor o que o futuro nos pode reservar.

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