Inquérito realizado pelo portal Out of the Box – Real Estate&Finance mostra como se estão a comportar compradores e vendedores em período de confinamento.
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Assim está a reagir o mercado da mediação imobiliária ao Covid-19 em Portugal
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Os especialistas em imobiliário, Gonçalo Nascimento Rodrigues e Massimo Forte, e (também) mentores do “Desafio”, incitaram os agentes de mediação em Portugal a responderem a algumas questões sobre como o mercado está a reagir, quer do lado dos clientes compradores, quer do lado dos vendedores, face ao contexto atual provocado pela pandemia do coronavírus. Estas são as principais conclusões do inquérito “Como está a reagir o mercado da mediação imobiliária?”, realizado pelo portal Out of the Box – Real Estate&Finance.

Os resultados do inquérito, realizado entre os dias 22 e 24 de março de 2020, com 792 respostas válidas, num total de 1.639 acessos, foram apresentados esta quinta-feira, 26 de março, num “live” na rede social Facebook, e contou com uma vasta plateia virtual. As questões colocadas aos profissionais, e respetivas respostas, referem-se às últimas duas semanas de atividade, que já engloba a declaração do estado de emergência em Portugal, que aconteceu na passada semana, 18 de março.

De acordo com o estudo, mais de 90% dos profissionais inquiridos sentiram uma quebra no número de potenciais compradores nas últimas duas semanas. Lembra Gonçalo Nascimento Rodrigues que este período ainda engloba um período “em que as pessoas ainda estavam a trabalhar com relativa tranquilidade”. Do lado dos clientes vendedores o “sentimento” é muito semelhante:  quase 80% dos agentes referem que tiveram uma quebra no número de clientes potenciais interessados em vender as suas casas.

Para Gonçalo Nascimento Rodrigues estes números revelam uma “travagem a fundo do mercado de mediação imobiliária quer do lado do cliente comprador quer do lado do cliente vendedor”.

O inquérito mostra ainda que a maioria dos clientes (69%) já angariados pelos mediadores não desistiram de vender a sua casa - apenas 21% desistiram da venda, segundo os dados apresentados. Algo que é visto como “natural” por ambos os especialistas. Já do lado do cliente comprador, o cenário é bem diferente: quase metade dos clientes desistiram da compra (47%).

À pergunta “Teve algum cliente com contratos promessa assinados que tenha desistido do negócio”, os agentes responderam, em larga maioria, “Não” (79%). Apenas 21% referem que tiveram clientes que desistiram.

Gonçalo Nascimento Rodrigues aponta vários aspetos que irão pesar na tomada de decisão dos investidores, como a sua capacidade financeira, as expectativas de futuro, nomeadamente do ponto de vista da desvalorização de um imóvel, entre outros. Massimo Forte acrescenta ainda o “ingrediente” emoção, como o medo ou o pânico, e que pode condicionar as decisões, devido ao momento que estamos a viver. Para Nascimento Rodrigues seria importante, por isso, que o Governo legislasse sobre a introdução de moratórias nas escrituras, isto é, de não haver a obrigação de fechar um negócio perante um cenário que ainda é incerto. 

O estudo revela ainda que a maioria dos agentes já não faz visitas e/ou angariações. À pergunta “Continua a fazer visitas/angariações”, 64,52% dos agentes responderam “Não”, algo que é perfeitamente natural, de acordo com os especialistas. Trata-se, para já, de algo “inevitável”.

E onde é que, afinal, os mediadores planeiam investir o seu tempo durante o estado de emergência? De acordo com os resultados do inquérito, os agentes pretendem investir, sobretudo, na formação online, webinars, conferências virtuais e contacto com os clientes. Algo que os especialistas classificam como “extremamente importante”, uma vez que é fundamental que os profissionais se mantenham ativos, e que se estimule a regularidade de contacto com o mercado.

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