
Depois de nos últimos anos terem fechado a torneira ao crédito à habitação, os bancos voltaram a estar mais disponíveis para emprestar dinheiro para a compra de casa. Desde janeiro, só três bancos, entre os 13 maiores a atuar em Portugal, não mexeram nos spreads. Manuel Salgado, Vereador da Reabilitação Urbana da Câmara de Lisboa, critica a atuação da banca. “Neste momento, em que o mercado começa a arrebitar, voltar ao paradigma do financiamento de compra de casa é um erro tremendo”, diz, em entrevista ao idealista News Portugal.
Para Manuel Salgado não há dúvidas, “todo o esforço devia ser feito no sentido de investir na habitação para arrendar e não na habitação para casa própria”. Ou seja, estamos perante uma “guerra de paradigmas”, referiu o arquiteto, com os bancos a baixarem os spreads e a facilitarem nas condições de financiamento do crédito à habitação. Uma situação que colide com o desejo da autarquia, que é promover o arrendamento e trazer mais jovens para a cidade.
“Temos de ter uma oferta de habitação, mas tem de ser a preços acessíveis. Antes do primeiro choque petrolífero, em 1972, 70% das pessoas vivia em casa arrendada. A partir daí desvalorizou-se o arrendamento e os senhorios começaram a não arrendar casas, ou então pediam rendas muito altas. No 25 de abril, a população de Lisboa deu um salto, atingiu os 800 mil habitantes, hoje temos 550 mil e a pressão sobre a habitação levou a medidas que ainda deram mais cabo do mercado de arrendamento. Vivemos 40 anos com um mercado de arrendamento que foi completamente destruído. Neste momento, é um erro crasso se entrarmos pelo financiamento de casa própria”, diz o vereador responsável pelo pelouro da reabilitação urbana.
“É preciso criar condições para que haja habitação para os jovens”
Estudos e dados recentes indicam que Lisboa é a cidade da moda na Europa. A autarquia mostra-se contente com o facto de a capital ter sido eleita “uma das melhores cidades do mundo para se viver”, mas teme que a onda de emigração se mantenha elevada, sobretudo entre os mais jovens. “O maior óbice que se coloca é o facto de os jovens estarem a emigrar”, alerta Manuel Salgado, salientando que as “estimativas apontam para uma queda da população em Lisboa na ordem dos 30 mil habitantes”.
Nesse sentido, o responsável apela a que sejam criadas “condições para que haja habitação” para os jovens, de forma a não serem “expelidos da cidade”. “Há muitas pessoas que começam a olhar para Lisboa para virem para cá viver, acho ótimo, mas temos de garantir que os nossos jovens também cá ficam”, frisa.
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