Dívida pública

O Banco Central Europeu (BCE) está em estado de alerta total no combate à deflação na Zona Euro. Esta quinta-feira, Mario Draghi veio anunciar um aumento da força da "bazuca" de estímulos à economia, com seis novas medidas. Mas os investidores desconfiam da eficácia do novo plano e os mercados reagiram negativamente.

O Governo promete que, este ano de 2016, vai cortar nas despesas de funcionamento do Estado. Ao mesmo tempo, vai aumentar os impostos sobre combustíveis (num momento em que o preço do crude está em baixa). O objetivo é simples: reduzir o valor do défice público. Ainda assim, as metas orçamentais ficam aquém das regras europeias.

É um dado objetivo que as decisões políticas têm consequências nos mercados e é comum ouvir falar nas perdas consecutivas da bolsa de Lisboa e que a “dívida portuguesa é a pior do mundo desde as eleições”. Mas sabes o quanto estas notícias afetam a tua vida?

A ministra de Estado e das Finanças, Maria Luís Albuquerque, disse ontem que o país tem os “cofres cheios” para honrar os seus compromissos na eventualidade de surgirem perturbações no funcionamento do mercado.

Em janeiro, os portugueses subscreveram 1.941 milhões de euros em certificados de aforro e do tesouro. Trata-se de um valor histórico que é explicado pelo anúncio de corte das taxas de remuneração, já em vigor no corrente mês.

O corte das taxas de juro nas renumerações, já em vigor este mês, levou a um recorde histórico nas subscrições de certificados de aforro e do tesouro em janeiro. No total, os portugueses aplicaram 1941 milhões de euros em instrumentos de dívida no mês passado. Em valores absolutos, os portugueses nunca tiveram tantas poupanças aplicadas em títulos de dívida pública.

A maior parte da dívida global desde 2007 foi produzida nas economías mais desenvolvidas. A dívida privada das famílias também subiu, sobretudo nos EUA e Irlanda. Em Portugal, a dívida – pública e privada – aumentou 100% nos últimos sete anos. A liderar a lista estão Irlanda (172%) e Grécia (103%).

A dívida pública é um dos “cavalos de batalha” da atual situação económica internacional. Este é um problema que sucede sobretudo na Europa, onde o endividamento de alguns países, como Portugal, Grécia, Itália e Irlanda, é muito superior ao respetivo PIB anual – no caso de Portugal, a dívida pública representa 128% do PIB. Outro grupo de países, que integra potencias como Espanha, França, Reino Unido e Alemanha, tem uma dívida pública acima de 80% do PIB.

A compra de 60.000 milhões de euros de dívida por mês por parte do BCE é uma boa notícia para países como Portugal e Espanha. Segundo a Cushman & Wakefield, é necessário “que os governos da Zona Euro sejam encorajados a adotar reformas estruturais ainda mais profundas”. “Serão os países que mais se comprometeram com este tipo de reformas, como Portugal ou Espanha, que mais irão beneficiar com estas medidas, assistindo muito provavelmente a um aumento da atividade de investimento”, refere a consultora.

A possível compra massiva de dívida soberana por parte do Banco Central Europeu (BCE) provocou a queda da Euribor diária para níveis nunca vistos, a 0,284%. À espera de que o presidente do organismo, Mario Draghi, torne oficial esta quinta-feira a decisão, a Euribor regista quedas para a alegria de quem tem créditos à habitação com esta maturidade.

O dinheiro que o Estado tem para gerir em tesouraria e em dívida é administrado por uma entidade pública chamada IGCP. Hoje, este mesmo organismo realiza uma operação de troca de Obrigações do Tesouro, cuja maturidade era 2015 e 2016, para Obrigações com maturidade em 2021 e 2023. Primeiro é necessário esclarecer: o que são Obrigações do Tesouro?

Portugal, Espanha, Irlanda, Bélgica, Itália, Grécia e Chipre são os países europeus com maior dívida pública sobre o Produto Interno Bruto (PIB). A mesma supera os 100%. Em sentido inverso encontram-se, por exemplo, Estónia, Suécia, Finlândia, Dinamarca e Polónia, países com dívida pública inferior a 60% do PIB. Em causa estão dados da Comissão Europeia.

A ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, reúne-se hoje com a administração da Parpública e da Estamo, nas instalações das empresas em Lisboa. A governante pretende discutir a reestruturação operacional em curso e as perspetivas para o mercado imobiliário.

A dívida pública portuguesa continua a ser uma das mais elevadas da Europa, apesar de estar a diminuir. Segundo dados do Eurostat, Portugal registou no segundo trimestre do ano uma dívida pública de 129,4% do PIB, fixando-se nos 224,1 mil milhões de euros. Trata-se de um valor bem superior face ao verificado na média da UE (87%) e da Zona Euro (92,7%).

A dívida pública de Portugal subiu para os 132,9% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre do ano, depois de ter fechado 2013 nos 129%. Trata-se, segundo dados do Eurostat, da terceira taxa mais elevada da União Europeia (UE). Pior só mesmo a Grécia (174,1%) e a Itália (135,6%).

IGCP poderá emitir dívida em dólares esta quarta-feira: O instituto que gera a dívida pública portuguesa, o IGCP, poderá avançar hoje com uma emissão em dólares, que será apoiada num sindicato bancário em que participarão o Barclays, o Danske Bank e a Société Générale.